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domingo, 31 de dezembro de 2023

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ...


 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA (Lc 2,22-40)(31/12/23)

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1. Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa da Sagrada Família com a apresentação do menino Jesus no templo; essa festa nos revela de modo especial a dinâmica do encontro com o Senhor, Ele que nos ilumina com a sua luz eterna, para que o sigamos fielmente rumo ao encontro com o nosso Pai celestial. 

2. Com efeito, encontrar o Senhor Jesus neste mundo é encontrar a felicidade eterna, como vimos acontecer com Maria, José, Simeão, Ana, os Apóstolos e todos que o seguiram. Pois, conforme profetizado por Isaías (cf. Is 7,14): Jesus é Deus conosco (Emanuel); Aquele que tudo criou e governa, porém, quis tornar-se humano para nos fazer participantes da Sua Natureza Divina; e assim nos dar a sua imortalidade. 

3. Meditemos, então, como se dá essa dinâmica do encontro com o Senhor Jesus. Da parte de Maria Santíssima é mais do que um encontro, é união mística da criatura com o Seu criador que quis nascer de seu ventre por obra e graça do Espírito Santo; da parte de José é acolhida paterna, pois, o adotou como seu Filho conforme o anjo lhe dissera e assim o apresenta no templo juntamente com Maria, sua Mãe Santíssima. 
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4. Da parte de Simeão é encontro profético, pois foi escolhido por Deus para apresentá-lo no templo como sacerdote, como vítima e altar, e assim profetizar os acontecimentos futuros, iluminado pela Luz do Espírito Santo. 
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5. Da parte de Ana, é coroamento por toda sua vida dedicada ao serviço do Senhor, como vemos no Evangelho: "Ela não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações." Por isso, ao encontrá-lo pessoalmente, o anuncia de imediato à todos que o esperavam.
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6. Portanto, caríssimos, só é livre neste mundo àqueles que são conduzidos pelo Espírito do Senhor e o seu santo modo de agir (cf. 2Cor 3,17; Rm 8,12-14), como aconteceu com Simeão e Ana que encontraram a Sagrada Família no templo e confirmaram a sua fé e esperança na vinda do Messias. 
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7. Destarte, Simeão e Ana representam todos os discípulos que esperam devotamente a segunda vinda de Cristo, isto é, a Sua Parusia, como nos ensina são Pedro: "Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém.

8. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. (2Pd 3,10-13).

Por fim, meditemos então com esta Alocução do Papa São Paulo VI:
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9. "Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.
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10. Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.
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11. Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo. Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré!" (Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de 1964).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 30 de dezembro de 2023

ANA, A PRIMEIRA ANUNCIADORA DE CRISTO-MESSIAS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 2,36-40)(30/12/23)


1. Caríssimos, o Evangelho de hoje conta a história da profetisa Ana, filha de Fanuel, que inspirada pelo Espírito Santo, encontra a Sagrada Família quando da apresentação do menino Jesus no Templo do Senhor e o anuncia à todos quanto esperavam a libertação do povo eleito. 

2. Desse modo, Ana se torna uma das primeiras anunciadoras de Cristo, como o Messias enviado por Deus Pai. "A opção da profetisa Ana, cujo nome significa graça, misericórdia, é símbolo da expectativa pela vinda do Senhor. Sua escolha de permanecer no Templo, após um breve período de matrimônio, deu-se por causa de sua esperança messiânica. 

3. Com jejuns e orações, pôs-se a serviço de Deus, absolutamente certa de ver realizado seu único desejo: contemplar o Messias. Ela sabia em quem tinha posto a sua confiança. Esta foi também a atitude de muitos outros judeus piedosos, que nutriam no coração o desejo de ver o Salvador.
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4. A fidelidade dessa mulher idosa foi recompensada, pois ela teve a graça de estar no Templo, por ocasião da liturgia da apresentação do menino Jesus e da purificação de Maria. Como Simeão, reconheceu ser aquele menino penhor de libertação para Israel, conforme todos esperavam. 

5. E proclamou publicamente esta sua convicção, tornando-se testemunha da missão que seria confiada àquele menino. Profeticamente, Ana colocou-se a serviço do Messias e de todos quantos ansiavam por redenção. 
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6. De certo modo, antecipou, também, a futura missão dos apóstolos: proclamar o nome de Jesus por toda a Terra. No âmbito restrito do Templo, anunciou ter-se realizado a promessa divina, e que a salvação havia chegado. 
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7. Como Simeão, também ela pode dizer: "Agora, Senhor, podes deixar tua serva ir em paz!" O testemunho de Ana é uma lição de como esperar o Messias: com paciência e perseverança.

8. Oração: Espírito de paciente perseverança, não permitas que meu coração desfaleça, à espera do Messias, confiante de que o Senhor realiza sempre suas promessas." (Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta).
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9. São Charles de Foucauld, assim expressou o silêncio do Senhor Jesus como Messias:" [Nosso Senhor:] «Depois da minha apresentação e da minha fuga para o Egito, retirei-Me para Nazaré, onde passei os anos da minha infância e juventude, até aos trinta anos. Foi para vossa instrução que vivi assim: durante estes trinta anos, nunca deixei de vos instruir, não por palavras, mas pelo meu silêncio e o meu exemplo.  
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10. Exemplo de quê? Exemplo de piedade, de cumprimento amoroso dos deveres para com Deus, de bondade com todos os homens, de ternura com os que nos rodeiam, dos deveres domésticos santificados; de pobreza, de trabalho, de abjeção, de recolhimento, da obscuridade de uma vida escondida em Deus, de uma vida de oração, de penitência, de recolhimento, perdida e encerrada em Deus.
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11. Eu preguei a humildade em Nazaré, passando trinta anos de trabalho obscuro; a obscuridade de permanecer desconhecido durante trinta anos, Eu, que sou a luz do mundo; a obediência, Eu, que durante trinta anos fui submisso a meus pais, santos sem dúvida, mas homens, e Eu, sou Deus!" (São Charles de Foucauld).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

SÃO JOÃO EVANGELISTA, O DISCÍPULO AMADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,2-8)(27/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, hoje a Igreja celebra a festa de são João Apóstolo, também chamado, "o discípulo amado do Senhor," porque ele muito o amou por palavras e por atos. De fato, João assimilou com profundidade a divindade de Cristo e fez disso um meio eficaz para comunica-la com precisão à todos os homens e mulheres de todos os tempos. 

2. De fato, essa atitude de são João é própria de quem se entrega totalmente a Deus, para se tornar um só com Ele. Decerto, quando nos encontrarmos com o Senhor Jesus e nele nos apoiamos, encontramos o verdadeiro sentido da vida vivida neste mundo, ou seja, segui-lo fielmente até a vida eterna.
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3. Na primeira leitura de hoje, eis o que escreveu o discípulo amado: "Caríssimos, o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida, – de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna... 

4. Que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós – isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para que a nossa alegria fique completa." (1Jo 1,1-4).
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5. Com efeito, tocar o mistério do Senhor como são João tocou e o transmitir com tamanha precisão, é testemunha-lo como obra do Espírito Santo, que se faz presente nas almas de todos os batizados. 
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6. Pois, assim diz o Senhor: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão." (Jo 16,13). Desse modo, vemos que o testemunho de são João Evangelista é obra prima do amor de Deus por nós, seus filhos e filhas.
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7. Portanto, caríssimos, viver essa dimensão da fé que são João testemunhou, é a vontade de Deus para todos nós, pois, isto significa a autenticidade de nossa entrega total a Ele que nos ama e nos ensina por meio do testemunho dos santos e santas que também nós podemos dar o mesmo testemunho que eles deram, uma vez que sua graça nos é dada para isto; porém, cabe a nós vive-lá em conformidade com a sua vontade.
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8. Comentário a respeito do discípulo amado, do Padre Ubaldo Terrinoni: "Jesus, homem entre os homens, igual em tudo a nós, com exceção do pecado, qualificou-se como amigo. Declarou-se disponível ao dom total de si mesmo e participou progressivamente no seu mistério de amor e de verdade, devido à incapacidade dos seus amigos de receberem tudo imediatamente. 
9. Jesus tem um olhar afetuoso para os seus discípulos (Mc 6,31); usa uma linguagem firme e séria, mas também carinhosa e terna ("Digo-vos, meus amigos, não tenhais medo..." Lc 12,4-7), apresenta-lhes com extrema clareza as suas exigências de seguimento (Lc 14,25-33), mas não pretende ultrapassar os limites permitidos pelo amor e pelo respeito. 
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10. Ele ama todos e cada um dos seus discípulos, mas ninguém é amado da mesma maneira que os outros. Pelo contrário, cada um é amado e sente-se amado de uma forma única. Assim, modula para João uma amizade terna, adaptada ao seu temperamento sensível e aberto, e faz dele o discípulo amado. (João 13,23). 

11. Com o apóstolo Pedro, um homem mais realista e menos contemplativo do que João, homem de explosões repentinas e de uma generosidade quase selvagem, Jesus atua com decisão, como convém ao temperamento de Pedro. Jesus é verdadeiramente um amigo único, e ninguém pode prescindir da sua amizade." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O MARTÍRIO DE SANTO ESTÊVÃO...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,17-22)(26/12/23). 
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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o martírio é o último grau de perfeição com o qual glorificamos a Deus. Disse Santo Estevão em seu martírio: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. Enquanto isso, seus inimigos: "Dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Ele; arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo."
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2. De fato, a cegueira espiritual gera um ódio mortal que corroe as almas por dentro não lhes dando sossego algum até que estravazem esse terrível ódio, executando impiedosamente suas vítimas inocentes. No entanto, essas vítimas não deixam de cumprir a sua missão, como Santo Estevão, que perdoou os seus infames algozes: "Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pecado... A estas palavras, expirou."
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3. Com efeito, quantas não são as vítimas inocentes que todos os dias sobem aos céus por conta do martírio que sofrem no silêncio de suas almas e que talvez nem as conhecemos? Saulo, antes de se tornar o grande Apóstolo Paulo, presenciou o martírio de Santo Estevão e certamente se converteu por conta de sua intercessão. 

4. De fato, é bem como disse Tertuliano: "O sangue dos mártires são sementes de novos cristãos." (Tertuliano, Apologético, 50,13). Ora, no mundo em que vivemos não é difícil identificar o mal e seus sequases, como nos ensina são Paulo: "Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados... 

5. Desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!" (2Tm 3,1-5).
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6. Portanto, caríssimos, escutemos então o Senhor: “Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações.
7. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós." Ou seja, somos porta vozes do Espírito Santo, em meio às adversidades que enfrentamos.
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8. São Fulgêncio de Ruspe assim comenta o martírio de Santo Estevão: "Ontem, celebrámos o nascimento temporal do nosso Rei eterno; hoje, celebramos o martírio triunfal do seu soldado. O nosso Rei, o Altíssimo, humilhou-Se por nós; mas a sua vinda não foi em vão, pois Ele trouxe grandes dons aos seus soldados, a quem não só enriqueceu abundantemente, mas também fortaleceu para serem invencíveis na luta: trouxe-lhes o dom da caridade, que torna os homens participantes da natureza divina.
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9. A mesma caridade que Cristo trouxe do Céu à terra levou Estêvão da terra ao Céu. Para merecer a coroa que o seu nome significa, Estêvão tomou como arma a caridade, e com ela triunfou por toda a parte. Por amor de Deus, não cedeu perante os judeus que o atacavam; por amor do próximo, intercedeu pelos que o apedrejavam. 
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10. Por caridade, argumentava com os que estavam no erro, para que se corrigissem; por caridade, orou pelos que o apedrejavam, para que não fossem castigados. Confiando na força da caridade, venceu a crueldade de Saulo e mereceu ter como companheiro no Céu aquele que na terra fora seu perseguidor. 
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11. Movido por santa e infatigável caridade, desejava conquistar com a sua oração aqueles que não pudera converter com as suas palavras. E agora, Paulo alegra-se com Estêvão, com Estêvão goza da glória de Cristo, com Estêvão triunfa, com Estêvão reina. Onde primeiro entrou Estêvão, martirizado pelas obras de Paulo, entrou depois Paulo, ajudado pelas orações de Estêvão. (São Fulgêncio de Ruspe (sec. V), bispo no Norte de África - Sermão 3, 1-3, 5-6 ; CCL 91 A, 905-909).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

UM FELIZ E SANTO NATAL DO SENHOR...


 Feliz e Santo Natal do Senhor...


O amor de Deus nasceu em meio a nós e nos encheu de esperança, de alegria, nos dando a certeza de que estamos na sua companhia a caminho da herança eterna que Ele preparou para todos que o amam...

Bem como nos ensinou Santo Antônio de Pádua: "O amor a nós O prendeu tão intimamente a nossa natureza que o fez descer até a nossa miséria, como se no céu não pudesse permanecer sem nós."

Então, eis o que é o Natal: é Deus mesmo assumindo a nossa fragilidade na fragilidade do seu Filho, nascido do seio virginal de Maria, a mais humilde de todas as suas criaturas, para permanecer conosco e nos levar para o céu...

Que tenhamos um santo e Feliz Natal do Senhor Jesus, e um ano novo repleto da sua magnífica presença em todos os sentidos da nossa vida...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

E PARA NÓS NASCEU JESUS, O FILHO DE DEUS...


 SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR (Jo 1,1-18)(25/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, celebrar a Solenidade do Natal do Senhor é celebrar o nosso encontro pessoal com o nosso Criador, isso significa que Ele veio até nós para nos fazer renascer pelo seu eterno poder que renova todas as coisas, e tudo o que precisamos é crer e permanecer na sua companhia para segui-lo até a vida eterna.

2. Com efeito, muitos não entendem ou não acolhem este acontecimento e por isso não dão sentido à vida que receberam, ou mesmo não encontra sentido para ela, porque fazem das ações pecaminosas seu modo de ser e estar neste mundo, esquecendo-se que o pecado é morte para quem o comete. 

3. No entanto, com o nascimento de Cristo tudo pode mudar, porque Ele nos dá não somente o sentido da vida, mas também o poder de lutar contra o pecado para permanecermos em estado de graça. Ou seja, Cristo vive no meio de nós, alegremo-nos e exultemo-nos por tão grande mistério de amor que nos faz superar todas as adversidades.  

4. De fato, em Cristo, nascido para nos salvar, temos o perdão dos pecados, a graça santificante do Seu amor, o Dom do Espírito Santo, que nos ajuda a vencer a nós mesmos e ao inimigo de nossas almas. Ou seja, Cristo é para nós a vida que não tem mais fim. 
5. Comentando a nascimento do menino Deus, disse o Papa são Leão Magno: "Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
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6. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.
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7. Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?
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8. Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.
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9. Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne. Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição." (Dos Sermões de São Leão Magno, Papa).
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10. De fato, creio que ainda não tomamos consciência da graça recebida no Natal do Senhor Jesus, ou seja, Deus quis nascer numa família humana para divinizar a nossa raça, para nos dar a dignidade de sermos seus filhos e filhas, para trilharmos com Ele o caminho da vida divina que nos leva ao céu. 
Portanto, caríssimos, não podemos comemorar o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo, sem lembrar de sua Mãe, Maria Santíssima e de São José, seu pai virginal, que mesmo enfrentando tantas adversidades circunstanciais, humildemente o acolheram numa manjedoura, Ele que é Deus conosco, e que se fez homem, para habitar no meio de nós. Amém! Assim seja!
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Que todos tenhamos um um Santo e Feliz Natal do Senhor!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 24 de dezembro de 2023

O ANJO DO SENHOR ANUNCIOU A MARIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(24/12/23).

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, bendito seja Deus que por seu infinito amor, teve compaixão da nossa humanidade que vivia nas trevas do pecado, e a iluminou com o Sol da justiça, Seu Filho amado, nosso Senhor Cristo Jesus, nascido da Virgem Maria, exaltada pela Santa Igreja como Rainha do céu e da terra.
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2. De fato, no Evangelho de hoje, o Anjo Gabriel visitou Maria e lhe revelou que seria a Mãe de Jesus e que Ele salvaria o seu povo; revelou também que Jesus herdaria o trono de seu pai, o rei Davi, e que o seu reino jamais teria fim. 

3. De igual modo Isabel também profetizou, quando Maria chegou à sua casa para ajudá-la: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"
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4. Desse modo, compreendemos que Jesus é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores; por isso, convinha que com a mais sublime piedade sua Mãe Santíssima fosse exaltada no céu e na terra, como a Rainha de todas as suas criaturas. 

5. De fato, Deus que a criou por seu amor, a fez participante de Sua Natureza Divina pelo nascimento do seu Filho, gerado nela pelo Espírito Santo; desse modo, nos deu contemplá-la na Sua infinita grandeza como participante direta da nossa salvação eterna. 
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6. Portanto, caríssimos, amar Maria Santíssima como nossa mãe é um dos maiores privilégios que Deus nos deu; e te-la como nossa rainha, é saber-se bem governados e amparados pela sua maternal proteção. 
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7. Peçamos, então, a graça da sua intercessão na certeza de que o Senhor jamais negará à sua Santíssima Mãe um pedido, ou uma súplica sua à nosso favor: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós e por todos quantos a vós não recorrem de modo especial pelos inimigos da Santa Igreja, e por aqueles que a vós estão recomendados."
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8. Destarte, eis o que escreveu Bento XVI sobre Maria e a sua missão: "Os santos são os verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e caridade. Entre os santos, sobressai Maria, Mãe do Senhor e espelho de toda a santidade. No Evangelho de Lucas, encontramo-la empenhada num serviço de caridade a sua prima Isabel, junto da qual permanece «cerca de três meses» (1,56), assistindo-a na última fase da gravidez. 
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9. "Magnificat anima mea Dominum – A minha alma engrandece o Senhor» (Lc 1,46), diz por ocasião de tal visita, exprimindo assim todo o programa da sua vida: não se colocar a si mesma ao centro, mas dar espaço ao Deus que encontra tanto na oração como no serviço ao próximo — só então o mundo se torna bom.
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10. Maria é grande precisamente porque não quer fazer-se grande a si mesma, mas engrandecer a Deus. Ela é humilde: não deseja ser mais nada senão a serva do Senhor (cf Lc 1,38.48). Sabe que contribui para a salvação do mundo não realizando uma obra sua, mas apenas colocando-se totalmente à disposição das iniciativas de Deus. 
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11. É uma mulher de esperança: só porque crê nas promessas de Deus e espera a salvação de Israel é que o anjo pode vir ter com ela e chamá-la para o serviço decisivo de tais promessas. É uma mulher de fé: feliz de ti, que acreditaste, diz-lhe Isabel (cf Lc 1,45). (Bento XVI, papa de 2005 a 2013 - Encíclica Deus Caritas est, § 41; Libreria Editrice Vaticana).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

MINHA ALMA GLORIFICA O SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,46-56)(22/12/23)

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1. Caríssimos, quem dá tudo a Deus, recebe o infinito do seu amor em sua alma. Essa é a grande lição que aprendemos da primeira leitura de hoje; nela, Ana entrega o seu filho Samuel ao Senhor, ela que era estéril, o havia pedido em oração e foi atendida prontamente. De fato, a oração feita de coração é atendida por Deus e beneficia a todos. 

2. Ou seja, Deus nos escuta sempre e responde as nossas preces, porque a nossa oração é um encontro pessoal com Ele feito no mais íntimo de nossa alma, isto é, na nossa consciência, pois sem esse encontro com o Senhor a nossa oração é superficial, carente da sua presença.
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3. De fato, todo encontro como esse, é um diálogo; mas, para que haja tal interação precisamos do silêncio sagrado, isto é, o silêncio de todos os pensamentos que nos chegam à mente, para nos concentrarmos somente no diálogo com o Senhor. 
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4. Dizia Ana no íntimo do seu coração: "Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, pois sou uma mulher aflita e derramo minha alma na vossa presença Senhor." (1Sm 1,11).

5. E assim, obteve como resposta o nascimento do seu filho Samuel, o qual consagrou a Deus cumprindo a sua promessa, como ela mesma relatou a Eli, sacerdote do Senhor: "Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor, na tua presença. Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que só a ele sirva em todos os dias de sua vida”. (1Sm 1,26-28).
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6. Com efeito, o cântico de Maria no Evangelho de hoje é um cântico de alegria, de agradecimento e profético como a oração de Ana, pois tudo o que Maria cantou em honra do Senhor se cumpriu e continua se cumprindo na íntegra até que o Senhor venha. 
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7. E olha que estamos falando da salvação eterna de todas as almas que se achegam ao seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Supliquemos então a intercessão da nossa mãe Santíssima: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, santa e Imaculada Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo."
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8. Vejamos o que disse São Luis-Maria Grignion de Monfort, sobre a humildade e escondimento da Santíssima Virgem: "Maria manteve-se escondida durante toda a sua vida; por isso, o Espírito Santo e a Igreja chamaram-lhe «alma Mater»: Mãe escondida e secreta. A sua humildade era tão profunda que nada na terra a seduzia mais poderosa ou continuamente do que esconder-se de si própria e de toda as criaturas, para que somente Deus a conhecesse.
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9. Aprouve a Deus, atendendo aos seus pedidos de ocultação, empobrecimento e humildade, esconder a sua concepção, o seu nascimento, a sua vida, os seus mistérios, a sua ressurreição e a sua assunção de quase todas as criaturas humanas. 
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10. Nem os seus pais a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: "Quem é esta?" (Ct 6,10), porque o Altíssimo lha ocultava; ou, se lhes mostrava alguma coisa, escondia-lhes infinitamente mais.
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11. Que coisas grandes e escondidas fez este Deus poderoso nesta criatura admirável, como ela própria foi obrigada a reconhecer, apesar da sua profunda humildade: "O Todo-poderoso fez em mim maravilhas". O mundo não as conhece, porque é incapaz e indigno." (Tratado da verdadeira devoção à Virgem Maria"). Ó Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, dai-nos a imensa graça de vos conhecer e de vos amar como toda alma profundamente piedosa precisa e deseja no mais íntimo de seu ser. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,39-45)(21/12/23).

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, tudo o que acontece no mundo por inspiração de Deus é para que se cumpra a Sua Santa Vontade em vista da nossa salvação; por isso, não podemos separar os acontecimentos humanos das graças de Deus, porque se o fizermos sem dúvida alguma nos perderemos. 

2. Em outras palavras, vivemos no mundo visível, sustentados pelo mundo metafísico que nos envolve, porém, nada acontece por acaso, tudo depende das escolhas e decisões pessoais ou coletivas que tomamos; à isso, chamamos de livre arbítrio. 
3. Todavia, nada e ninguém poderá impedir que a vontade soberana de Deus se cumpra, pois, sem o seu querer nada pode subsistir para além do que foi determinado, porque tudo o que existe naturalmente e espiritualmente depende sempre do Senhor que tudo criou por amor e para nos conduzir à sua glória eterna. 

4. Fora disso não existe nenhuma perspectiva de felicidade temporal ou eterna. Decerto, bom mesmo é saber que em Deus temos tudo e nada nos falta para que a nossa felicidade seja completa (cf. Sl 22). E isso testifica são Paulo ao afirmar: "É em Deus que vivemos, nos movemos e Somos." E ainda: "Porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar." (Fl 2,13). 
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5. Com efeito, a celebração do Natal do Senhor, é, na verdade, a sua manifestação no tempo e em nossa história, para nos fazer participantes da sua natureza divina e da sua gloria. Ou seja, Deus Eterno e Todo Poderoso assume nossa condição de mortalidade, causada pelo nosso pecado, para nos fazer participantes de Sua imortalidade pelo perdão que nos concede.
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6. Decerto, a Igreja na liturgia de hoje celebra a visitação de Maria à sua prima Isabel; ora, assim que o Anjo Gabriel anunciou o nascimento de Jesus, anunciou também a gravidez de Isabel; ao que a Santíssima Virgem Mãe imediatamente se pôs à caminho para ajudá-la em suas necessidades, pois era de idade avançada. 
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7. Desse modo, compreendemos que os acontecimentos divinos se dão dentro dos acontecimentos humanos e assim o Senhor renova todas as coisas, como está escrito no livro do Apocalipse: "Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras." (Ap 21,5).
8. Portanto, caríssimos, como vimos neste Evangelho, Maria Santíssima assim que entrou na casa de Isabel e a cumprimentou, Isabel ficou cheia do Espírito Santo e com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” 
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9. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,42-45).

10. De fato, todas as pessoas conduzidas pela vontade de Deus, levam em suas Palavras e ações a graça do Espírito Santo, de modo que, até mesmo uma simples saudação preenche as almas que a escuta de modo que elas não se contém em si mesmas de tanta alegria.
11. "Maria é bem-aventurada porque acreditou, porque se tornou totalmente, de corpo e alma, a morada do Senhor, para sempre. Desse modo, Maria não só nos convida à admiração, à veneração, mas guia-nos, indica-nos o caminho da vida, mostra-nos como podemos tornar-nos bem-aventurados, como podemos encontrar a felicidade [eterna]." (Mons. Angelo Spina).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

ANUNCIAÇÃO DE SÃO JOÃO BATISTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,5-25)(19/12/23)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, ao longo da história humana inúmeras vezes Deus realizou seus prodígios, por meio de seus escolhidos, para salvar os homens da tragédia do pecado que haviam cometido pela desobediência à Ele que tudo criou somente por amor e para a nossa felicidade eterna. 

2. Essas intervenções do Senhor se chama teofania, que são ações diretas suas, claramente perceptíveis por serem inusitadas, visto que somente Ele as pode realizar com a cooperação de seus enviados, isto é, de seus anjos e santos.
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3. Foi assim na primeira leitura de hoje com o nascimento de Sansão, anunciado pelo anjo a Ana que era estéril, mas que pela graça do Senhor o trouxe ao mundo mudando a história do povo eleito, libertando-o do domínio dos seus inimigos. 

4. Foi assim também no Evangelho de hoje com anunciação de João Batista, filho de Zacarias e Isabel que, por conta da idade avançada eram incapazes de terem filhos, mas que pela intervenção do Senhor geraram o precursor do Cristo, Filho de Deus vivo, nascido do casto seio de Maria.
5. Vejamos, então, as virtudes dos escolhidos do Senhor que cooperaram com Ele para a realização dos seus desígnios de amor. A respeito de Zacarias, sacerdote do Senhor, e Isabel, da descendência sacerdotal de Aarão, escreveu São Lucas: "Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor." 
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6. De fato, eram pessoas de profunda comunhão com o Senhor, por isso, facilmente se dispuseram para o servir. Ora, nós não existimos por acaso, ao contrário, fomos muito bem pensados, amados e escolhidos por Deus para cumprirmos a nossa missão de servi-lo neste mundo em vista da salvação de todos. 
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7. Portanto, caríssimos, felizes de nós que por causa da disponibilidade dos servos e servas de Deus que nos antecederam, é que hoje nós temos o Senhor Jesus conosco, por Sua Palavra e Sua presença real na Santa Eucaristia, o perfeito alimento que vindo do céu nos dá a vida eterna.
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8. Destarte, escutemos então o que nos diz o Senhor: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram” (Mt 13,16-17).
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9. Comentando este Evangelho, disse o Mons. Ângelo Spina: "O nascimento de João Batista trará a alegria do cumprimento da promessa e a exultação da salvação. João tem a missão de encerrar o tempo da promessa e de anunciar o novo tempo da salvação, trazendo alegria e júbilo. 
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10. O milagre que Deus operou em Isabel restitui-lhe a dignidade e a alegria da maternidade e dá um novo rumo à sua vida. Deus nunca chega tarde na nossa história." Porque como Pai amoroso, justo, misericordioso e bom cumpre sempre o que nos promete.
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11. "Que a Virgem Maria nos obtenha a graça de viver um Natal extrovertido, mas não disperso: extrovertido: porque no centro não está o nosso "eu", mas o Tu de Jesus e o Tu dos nossos irmãos e irmãs, especialmente aqueles que precisam de uma mão. Então deixemos espaço para o Amor que, ainda hoje, quer fazer-se carne e vir habitar no meio de nós." (Papa Francisco - Angelus, 23/12/2018.).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

A PRESENÇA CONSTANTE DE DEUS EM NOSSA VIDA...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 1,18-24)(18/12/23)
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1. Caríssimos, o amor de Deus por nós é insuperável, pois fez nascer o seu Filho, Jesus Cristo, como um de nós do ventre santo de Maria pela ação do Espírito Santo; e ainda, por meio de São José, revelou qual a sua missão, realizar a nossa salvação; de fato, somente o Senhor nos ama assim, com amor insuperável. 

2. Com efeito, eis o que escreveu São Paulo a esse respeito: "Mas eis aqui uma prova brilhante do amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." Ora, "Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida." (Rm 5,8-10).

3. Desse modo, entendemos que Deus nos criou para a santidade e que a podemos viver desde já, contanto que não permitamos o pecado em nossa vida. Pois esse é o propósito do Senhor escrito em nossas almas quando nos criou "à sua imagem e semelhança." Não existe outro propósito para a nossa vida, fora da nossa participação em sua Natureza Divina. 
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4. É isso o que meditamos no Salmo 72: "Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus. Pois, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião."
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5. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Cardeal Angelo Comastri: "Mateus narra o nascimento de Jesus. Já Isaías convida-nos a não cansar Deus com os nossos medos e a nossa incredulidade. Isaías diz: "Escuta, casa de David! O próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, a quem chamará Emanuel" (Is 7,13-14). 
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6. Mateus tem esse texto em mente ao narrar o nascimento de Jesus e lê o nascimento de Cristo à luz deste texto. Ele sabe que o sinal de Deus é sempre humilde; sabe que a vinda do Messias não será ostensiva: será sem ostentação, numa condição legível apenas pela fé. E assim foi! 
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7. E Maria viu-se envolvida neste estilo divino de fazer história. Ela, no momento mesmo da concepção de Jesus, torna-se um problema, talvez um incômodo para José. Mas permanece serena, porque acredita. Acredita, porque é humilde. Que grande lição! Também José tem de passar pela prova; passa-a porque é humilde, acredita e faz parte da obra do Messias. 
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8. Deus, como sempre, faz grandes coisas com os mais pequenos, com aqueles que não se deixam levar pelo orgulho. Não esqueçamos este ensinamento fundamental. O Natal volta a propor-nos as escolhas de Deus, o seu estilo, os seus caminhos.

9. Reconheçamo-nos humildemente fora do Natal, fora das escolhas de Deus: por conta dos nossos pecados. Convertamo-nos, e a nossa vida será iluminada por Cristo, e tornar-se-á uma nova Belém: sentiremos no coração uma imensa alegria, que é a assinatura segura da presença de Deus em nós e de nós em Deus."
10. Portanto, caríssimos, vivemos em meio às provações deste mundo; mas, por que somos provados? Porque somos amados por Deus até a última gota do sangue do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que morto na cruz, ofereceu-se em sacrifício para a purificação dos nossos pecados.
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11. Destarte, Deus prova aqueles que ama para que não queiram nada mais fora do seu amor. É em vão querer lutar contra essa verdade, porque nada se compara à felicidade que dela nos advém. Desse modo, quem vive essa dimensão da fé, já possui aquilo que mais deseja da parte de Deus, a vida eterna em seu Filho, Jesus Cristo. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
 

domingo, 17 de dezembro de 2023

HOMILIA DO 3°DOM DO TEMPO DO ADVENTO...


 Homilia do 3°Dom do Advento (Jo 1,6-8.19-28)(17/12/23)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, nos desígnios de Deus e na Sua obra salvífica existem missões que são únicas como aliás são únicas todas as suas obras, porque o Senhor nunca se repete. E uma destas é a missão de são João Batista, o precursor de Jesus, o Messias enviado para nos salvar e nos levar consigo para o Reino dos céus (cf. Jo 14,1-6).
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2. Comentando sobre a missão do precursor de Jesus, disse o Papa Francisco: "João era a voz, a ponto que ele mesmo diz de si: “Eu sou a voz que brada no deserto”. Mas não era a Palavra. De fato, ele era a voz que dá testemunho da Palavra, indica a Palavra, o Verbo de Deus. 
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3. Era apenas voz. João é o provisório e Jesus é o definitivo. João é o provisório que indica o definitivo. Mas a grandeza de João consiste precisamente neste ser provisório, neste seu "ser para". Um homem sempre com o dedo ali, a indicar outro. 
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4. Com efeito, lê-se no Evangelho que o povo se questionava se João era o Messias. E ele, foi claro: “Não sou eu”. E também quando os doutores, os chefes do povo lhe mandaram perguntar: "Mas és tu ou devemos esperar outro?", ele repetiu sempre: "Não sou eu. Outro virá", recordando de novo que teria chegado outro ao qual ele nem sequer era digno de atar as sandálias: "Não sou eu. Outro, que vos batizará". 
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5. Por isso João é grande, porque se põe sempre de lado. Ele é grande porque é humilde e toma o caminho do abaixar-se, aniquilar-se, o mesmo que tomará Jesus em seguida. E também nisto oferece um grande testemunho. (Papa Francisco, meditação matutina, 16/12/16).
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6. Portanto, caríssimos, também nós vivemos dessa verdade eterna anunciada por João Batista que hoje se faz presente em nossa vida, Jesus Cristo nosso Senhor e Redentor. É Nele que vivemos, nos movemos e somos, é Dele que nos vem a alegria e a felicidade eterna, Ele é o nosso Senhor e a única razão do nosso viver.
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7. Amados irmãos e amadas irmãs, meditemos com amor e atenção as Antifonas do Magnificat da Liturgia Latina: "Ó Sabedoria do Altíssimo, que abraçais o Universo e tudo governais com firmeza e suavidade: vinde ensinar-nos o caminho da salvação.
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8. Ó Adonai, Guia e Senhor da Casa de Israel, que manifestastes o vosso nome na sarça ardente e no Sinai destes a Lei a Moisés: vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço.
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Ó Rebento da raiz de Jessé, sinal erguido diante dos povos, diante de Vós os reis se calam e os povos se prosternam: vinde libertar-nos, não tardeis mais.
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9. Ó Chave da Casa de David e cetro da Casa de Israel, que abris e ninguém pode fechar, fechais e ninguém pode abrir: vinde libertar os que vivem nas trevas.
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Ó Sol nascente, Esplendor da luz eterna e Sol de justiça: vinde iluminar os que vivem nas trevas e na sombra da morte.
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10. Ó Rei das nações, Desejado dos povos e dos reis, Pedra angular da Igreja, que dos pagãos e de Israel fizestes um só povo: vinde salvar o homem que formastes do pó da terra.
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11. Ó Emanuel, Rei que trazeis a nova Lei, Esperança das nações e Salvador do mundo: vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus, não tardeis mais." (Liturgia latina - Antífonas do Magnificat).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Ó SÃO JOÃO BATISTA, ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 17,10-13)(16/12/23)

1. Amados irmãos e amadas irmãs, nas profecias do Antigo Testamento referente à vinda do Messias muito se comentava a respeito dos sinais proféticos que identificariam esse momento. Dentre estes sinais se encontrava a vinda do Profeta Elias e sua missão de fazer voltar ao Senhor os que Dele estavam afastados. 

2. Com efeito, havia também os sinais que Senhor Jesus menciona aos discípulos de João Batista dirimindo sua dúvida a respeito da sua vinda: "Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres." (Mt 11,4-5).
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3. Decerto, cumprindo as predições dos antigos profetas, João Batista começou sua missão como o último dos enviados por Deus com os mesmos carismas do profeta Elias para anunciar ao povo eleito que o tempo do cumprimento das profecias messiânicas chegara e que Jesus era o Messias por eles esperado. 

4. Mas, como também havia sido profetizado (cf. Is 53; Sl 21), o Messias seria rejeitado e morto pelos chefes do povo que, ao invés de o acolher, o crucificaram; e com isso, cumpriram esses oráculos, mencionado por Jesus no Evangelho de hoje.
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5. A esse respeito escreveu são João evangelista: "Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 

6. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 
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7. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus." (Jo 1,9-13).
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8. Amados irmãos e amadas irmãs, os sermões escatológicos de Cristo (cf. Mt 24 e 25), dizem respeito ao final dos tempos, e eles nos mostram os sinais que revelam a sua Parusia; por isso, precisamos ficar atentos para não cairmos na mesma cegueira espiritual daqueles que rejeitaram o Senhor, mesmo vendo os sinais que identificavam a sua primeira vinda.
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9. Comentando este Evangelho de hoje, disse o Papa Bento XVI: "Ao anunciar aos seus discípulos que terá de sofrer, ser morto antes de ressuscitar, Jesus quer que eles compreendam quem Ele é realmente. Um Messias sofredor, um Messias servidor, e não um libertador político todo-poderoso. Ele é o Servo obediente à vontade do Pai, até ao ponto de oferecer a sua própria vida.
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10. Desse modo, Jesus vai contra o que muitos esperavam dele. A sua afirmação é chocante e desconcertante. Seguir Jesus é tomar a sua cruz para o acompanhar no seu caminho, um caminho incômodo que não é o do poder ou da glória terrena, mas que leva necessariamente a renunciar a si mesmo, a perder a vida por Cristo e pelo Evangelho, para salva-la.
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11. Porque estamos certos de que este caminho conduz à ressurreição, à vida verdadeira e definitiva com Deus. Decidir acompanhar Jesus Cristo, que se fez Servo de todos, exige uma intimidade cada vez maior com Ele, escutando atentamente a sua Palavra para dela tirar a inspiração para as nossas ações." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

TESTEMUNHAR É DAR A VIDA POR AMOR AO REINO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,11-15)(14/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus revela à humanidade quem é João Batista, qual é a sua missão e a grande importância de sua vinda. João foi enviado por Deus com a mesma missão do Profeta Elias, anunciar que Ele se faz realmente presente no meio do seu povo. 

2. Com efeito, João foi enviado também como o último dos profetas, para anunciar o cumprimento da profecia sobre a vinda do Messias; ele aquele que fecha o Antigo Testamento e abre o Novo, e foi enviado também como um dos sinais do fim dos tempos.
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3. Escutemos então o que diz o Senhor Jesus sobre a pessoa de João: “Em verdade eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele." (Mt 11,11). 

4. De fato, as verdades eternas trazidas por João Batista nos leva a aderir prontamente ao Senhor Jesus com todo o nosso coração no desejo de que venha logo o Reino de Deus e a sua justiça. E só não faz esse encontro com o Messias por meio do testemunho de João Batista quem não lhe deu a devida atenção. 
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5. Com efeito, vivemos em meio às crises deste mundo e a pandemia foi um dos sinais de que a humanidade passou dos limites no que diz respeito às maldades aqui praticadas; pois, como vemos, está havendo uma profunda inversão de valores, começando pela perseguição generalizada à Cristo e aos cristãos; e tais perseguidores exaltam tudo o que é contra a fé e os bons costumes.
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6. Portanto, caríssimos, mantenhamos a nossa fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, presente no meio de nós, como nos ensinou são João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Eu não sou digno nem de desatar as correias de suas sandálias, convém que Ele cresça e que eu diminua."
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7. Destarte, acolhamos humildemente estas palavras de são Paulo: "O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados." (Rm 8,16-17).
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8. Comentando o Evangelho de hoje disse o Mons. Angelo Spina: "A vida austera e o testemunho corajoso de João Batista, que chegou até ao martírio, oferecem uma imagem concreta das escolhas que cada discípulo é chamado a fazer pelo Reino, que se manifesta precisamente onde os discípulos de Jesus estão dispostos a testemunhar corajosamente a sua fé em Deus, sem medo da oposição, tornando-se um sinal de contradição. 
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9. Não se pode fazer parte do Reino de Deus permanecendo num palco, a vida não é um espetáculo a assistir mas uma experiência a viver, é preciso entrar em campo, aceitar o desafio. Jesus convida os seus discípulos a carregar a cruz, com ele e como ele. Como é que isso é possível? É preciso ter fé. 
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10. A fé, antes de ser a capacidade de acreditar que Deus existe, é ainda mais a capacidade de acreditar que ele nos ama. O verdadeiro problema, então, não é convencer Deus a amar-nos, mas convencer-nos a nós mesmos a entregar-nos a esse amor, e isso torna-nos capazes de testemunhar. 
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11. Santa Teresa de Lisieux escreveu: "O chamamento divino era tão urgente que, se tivesse de atravessar as chamas, tê-lo-ia feito para ser fiel a Jesus." (Mons Angelo Spina). Ora, sem dúvida alguma da parte do Senhor Jesus temos todas as graças para nos mantermos fiéis ao seu discipulado sem jamais nos cansar; decerto, aquele que se manter fiel até o fim será salvo.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

A HUMILDADE É A TERRA FECUNDA AONDE GERMINA TODAS AS COISAS VIRTUDES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,28-30)(13/12/23)

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1. Caríssimos, a humildade é a terra fecunda onde germina todas as virtudes, e a mansidão é o equilíbrio que nos mantém serenos diante dos desequilíbrios deste mundo causados pelos pecados dos que abandonaram essas virtudes. 

2. De fato, Deus que tudo criou e a tudo governa é quem nos cumula dessas virtudes eternas para que a nossa vida seja uma expressão de Sua Divina Misericórdia em meio as dores deste mundo. Pois, como nos exorta são Paulo: "Vigiai, pois, com cuidado sobre a vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios que aproveitam ciosamente o tempo, pois os dias são maus." (Ef 5,15-16).
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3. Na primeira leitura de hoje o Profeta Isaías nos mostra que Deus é o Senhor de tudo e de todos e que nada escapa à sua percepção, diz ele: "Então, por que dizes, Jacó, e por que falas, Israel: “Minha vida ocultou-se da vista do Senhor e meu julgamento escapa ao do meu Deus?” Acaso ignoras, ou não ouviste? 

4. O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra; ele não falha nem se cansa, insondável é sua sabedoria; ele dá coragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco. Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar." (Is 40, 27-31).
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5. O Evangelho desta liturgia de hoje, é a comprovação dessa profecia de Isaías, pois a oração, a participação na vida sacramental da Santa Igreja, a prática das virtudes e das obras de misericórdia são os meios que o Senhor nos concede para permanecermos Nele dando os frutos da redenção em favor daqueles que se desviaram de sua via salvífica.
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6. Com efeito, meditemos então com esta exortação de Hesíquio do Sinai - monge: "Agarremo-nos, pois, à oração e à humildade, à essas duas graças que, juntamente com a sobriedade e a vigilância, nos armam contra os demônios como um gládio de fogo. 

7. Pois se vivermos assim, poderemos fazer de cada dia e de cada hora, no mistério e na alegria, uma festa do coração. Pois, eis o que diz o Senhor:
“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Hesíquio do Sinai - monge).
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8. Comentando este Evangelho disse São Teodoro Estudita (se. VIII): "Alguém quer e deseja ter uma vida virtuosa? Afaste-se do orgulho e, através de uma obediência sem reservas, recupere a mais alta humildade e será acompanhado pela alegria e a felicidade (cf Is 35,10). 
9. De fato, desta boa raiz nasce toda a alegria, toda a paz, toda a bondade e piedade, toda a docilidade e equilíbrio, toda a brandura e mansidão (cf Gl 5,22), tudo o que é belo, agradável e desejável, em suma, tudo o que caracteriza o verdadeiro homem de Deus.
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10. Levantai os olhos para Cristo, nosso Senhor e Deus, mestre de todas as coisas, aquele que é verdadeiramente rico, o Filho único do Pai, deixai-vos atrair pelo que é humilde (cf Rm 12,6) e imitai o que Ele fez; Ele era de aparência simples; foi submisso aos pais até chegar a sua hora; andava pelos caminhos e sentava-se quando estava cansado (cf Jo 4,6). 
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11. Quando era insultado, não retribuía o insulto; quando era maltratado, não ameaçava (cf 1Pd 2,22); dava a face a quem lhe batia; não tinha muitas roupas, contentando-se com uma pequena túnica e um manto; não levava consigo cobertores macios; não andava de cavalo nem de mula; alimentava-se de pão e bebia água dos ribeiros." Ou seja, uma vida simples e totalmente entregue a Deus Pai, que assim também sejamos nós.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

NOSSA SENHORA DE GUADALUPE, ROGAI POR NÓS...


 Festa em honra de Nossa Senhora de Guadalupe

(Lc 1,39-47) (12/12/23)
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1. Caríssimos, hoje a Igreja latino-americana celebra com imensa alegria a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Com certeza essa graça que o Senhor nos concedeu por meio da aparição de sua Santíssima Mãe ao índio san Juan Diego, é para toda humanidade um milagre que se perpétua gerando cada dia milhares de conversões, pelas incontáveis graças derramadas do céu no seu Santuário na cidade do México.
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2. Eis agora um pouco de sua história: "Num sábado de 1531, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, ainda de madrugada, saiu do seu povoado para participar da Santa Missa e escutar os mandamentos de Deus. 

3. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamava a Mãe do Senhor: Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos."
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4. "Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho."
5. O Bispo não lhe deu crédito e disse ser indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara." Ao que a Santíssima Virgem atendeu, enviando por meio de Juan Diego, Rosas de Castela num tempo em que elas não florescem. 

6. Disse ele ao bispo: "Senhor, fiz o que me ordenaste. Nossa Senhora consentiu em atender o teu pedido. Desdobrou em seguida a sua branca manta. À medida em que as várias rosas de Castela espalhavam-se pelo chão desenhava-se no pano e aparecia de repente a preciosa imagem de Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, como até hoje se conserva no seu templo de Tepeyac."
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7. Na língua asteca o nome Guadalupe significa "Perfeitíssima Virgem que esmaga a deusa de pedra". Os Astecas adoravam a deusa Quetzalcoltl, uma monstruosa deusa, a quem eram oferecidas vidas humanas em holocausto. Nossa Senhora de Guadalupe, porém, veio para acabar com essa idolatria e mudar a vida daquele povo sofrido.
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8. O fato causou grande comoção em todo o povo mexicano. Logo foi construída uma grande Igreja no local indicado por Nossa Senhora e o poncho de Juan Diego com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe impressa foi lá colocado para ser venerado. 
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9. Guadalupe tornou-se o grande Santuário do México e a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe estendeu-se por toda América Latina. Em 1979 o Papa S. João Paulo II consagrou Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira da América Latina.
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10. Oremos: "Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do Verdadeiro Deus, por quem se vive. Tu que na verdade és nossa Mãe Compassiva, te buscamos e te clamamos. Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas. Cura nossas penas, nossas misérias e dores. Tu que és nossa doce e amorosa Mãe, acolhe-nos no aconchego do teu manto, no carinho de teus braços.
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11. Que nada nos aflija nem perturbe nosso coração. Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado Filho,
para que Nele e com Ele encontremos nossa salvação e a salvação do mundo inteiro.
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12. Santíssima Virgem Maria, nossa Senhora de Guadalupe, faz-nos mensageiros teus,
mensageiros da Palavra e da vontade de Deus. Que a nossa vida seja o Evangelho vivo do teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, para que tudo se transforme em Evangelho pelo nosso testemunho de vida.
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Nossa Senhora Virgem de Guadalupe, mãe de Deus e nossa mãe, rogai por nós!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 10 de dezembro de 2023

Homilia do 2°Dom do Advento...


 Homilia do 2°Dom do Advento (Mc 1,1-8)(10/12/23)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, todos nós estamos percorrendo a estrada da vida natural neste mundo rumo à eternidade. No entanto, pelo fato de sermos batizados fazemos este percurso pela via da perfeição, Cristo Jesus, como Ele mesmo se definiu: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." (Jo 14,6).
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2. Na primeira leitura o Profeta Isaías anuncia a vinda do Messias e do Seu precursor, João Batista, dizendo que ele é a voz que anuncia um tempo novo em que Deus mesmo estará conosco nos ensinando e nos curado de todos os males, nos libertando de todo o pecado. De fato, quem encontra o Senhor Jesus, encontra todas as graças e todas as bênçãos que Ele veio trazer para a nossa salvação.
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3. Na segunda leitura são Pedro nos exorta sobre a necessidade de nos preparar para a Parusia do Senhor, ou seja, para a Sua segunda vinda: "O dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus acabarão com barulho espantoso; os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão, e a terra será consumida com tudo o que nela se fez. 

4. Se desse modo tudo se vai desintegrar, qual não deve ser o vosso empenho numa vida santa e piedosa, enquanto esperais com anseio a vinda do Dia de Deus." (2Pd 3,11-12). De fato, se tem algo que os homens não podem esquecer é o tremendo dia do Senhor em que virá com todo poder para julgar os vivos e os mortos.
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5. O Evangelho de hoje discorre especificamente sobre a missão de João Batista como o precursor de Cristo, o Messias enviado por Deus Pai com o poder do Espírito Santo. À princípio as pessoas o confundiam pensando que ele fosse o Messias, mas ele logo tratou de tirar essa dúvida

6. E disse ele: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”.

7. Eis o que disse o Papa Francisco a respeito de João Batista: "Por isso João é grande, porque se põe sempre de lado. Ele é grande porque é humilde e toma o caminho do abaixar-se, aniquilar-se, o mesmo que tomará Jesus em seguida. E também nisto oferece um grande testemunho."
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8. Comentando esse Evangelho disse o Papa Bento XVI: "Começando pelo seu aspeto exterior, João é apresentado como uma figura muito ascética: vestido com pele de camelo, alimenta-se de gafanhotos e mel silvestre, que encontra no deserto da Judeia (cf. Mc 1, 6). O próprio Jesus o contrapôs àqueles que "estão nos palácios dos reis" e que "se vestem com roupas luxuosas" (Mt 11,8). 

9. O estilo de João Batista deve convidar todos os cristãos a escolher a sobriedade como estilo de vida, sobretudo em preparação para a festa do Natal, na qual o Senhor - como diria S. Paulo - "de rico que era, fez-se pobre por amor de vós, para que vos tornásseis ricos pela sua pobreza" (2 Cor 8,9). 
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10. No que diz respeito à missão de João, trata-se de um extraordinário apelo à conversão: o seu batismo "está ligado a um ardente convite a um novo modo de pensar e de agir, está ligado sobretudo ao anúncio do juízo de Deus" (Jesus de Nazaré, I, Milão 2007, p. 34) e do aparecimento iminente do Messias, definido como "aquele que é mais poderoso do que eu" e que "batizará no Espírito Santo" (Mc 1,7.8). 
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11. O apelo de João vai, portanto, mais longe e mais fundo do que um estilo de vida sóbrio: apela a uma mudança interior, começando pelo reconhecimento e pela confissão dos pecados. Enquanto nos preparamos para o Natal, é importante que entremos em nós mesmos e façamos um exame sincero da nossa vida. Deixemo-nos iluminar por um raio de luz de Belém, a luz d'Aquele que é "o Maior" e se fez pequeno, "o Mais Forte" e se fez fraco." (Jesus de Nazaré, I, p. 35).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS...


 Sol. da Imaculada Conceição (Lc 1,26-38)(08/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, a Igreja hoje celebra a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a sempre Virgem Mãe de Deus. Escolhida dentre todas as mulheres para ser a Mãe do Redentor da humanidade, deu seu sim incondicional a Deus, cooperando com Ele em tudo; por isso, dedicou toda a sua vida ao seu Filho, Jesus Cristo, à quem assistiu com seu amor materno e a sua oração, em seu sacrifício de cruz.

2. De fato, antes que a humanidade conhecesse a Mãe de Deus, só se ouvia falar dela nas profecias que a revelavam como aquela que daria à todas as nações o Messias, o Ungido do Deus de Israel; o Senhor dos senhores; aquele que traria ao mundo e à toda criação a verdadeira Paz. 

3. Com efeito, o seu nome veio ao conhecimento de toda a Criação no céu e na terra por revelação do Arcanjo Gabriel, quando da Anunciação do nascimento do Senhor Jesus conforme a narração do Evangelho segundo Lucas (cf. Lc 1,26-38), porque até então ela vivia no Coração de Deus e somente Ele a tinha claramente em Seus planos em virtude da nossa salvação. 
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4. Santo Ambrósio discorrendo sobre a presença da Imaculada na renovação da obra da criação, escreveu: "Toda a criação é obra de Deus, e Deus nasceu de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria deu à luz Deus! Deus que tudo fez, formou-se a si próprio no seio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele que pode fazer tudo do nada, não quis refazer sem Maria o que fora profanado."
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5. Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai da criação universal, e Maria a mãe da redenção universal. Pois Deus gerou aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou aquele sem o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz aquele sem o qual nada absolutamente é bom."
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6. Comentando esse Evangelho disse o Papa Bento XVI: "Por que Deus escolheu Maria de Nazaré entre todas as mulheres? A resposta está dentro do mistério insondável da vontade divina. No entanto, há uma razão que o Evangelho põe em evidência: a sua humildade. 
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7. Dante Alighieri sublinha-o bem no último Canto do Paraíso: "Virgem Mãe, filha do teu Filho, / humilde e alta mais que a criatura, / termo fixo do conselho eterno" (Par. XXXIII, 1-3). A própria Virgem, no "Magnificat", o seu cântico de louvor, diz isto mesmo: "A minha alma engrandece o Senhor... porque olhou para a humildade da sua serva" (Lc 1, 46.48). Sim, Deus foi atraído pela humildade de Maria, que encontrou graça aos seus olhos (cf. Lc 1, 30). 
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8. Ela tornou-se assim a Mãe de Deus, imagem e modelo da Igreja, escolhida entre os povos para receber a bênção do Senhor e difundi-la sobre toda a família humana. Esta "bênção" não é outra senão o próprio Jesus Cristo. Ele é a fonte da graça, da qual Maria foi cheia desde o primeiro momento da sua existência. 
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9. Ela acolheu Jesus com fé e, com amor, deu-o ao mundo. Esta é também a nossa vocação e missão, a vocação e missão da Igreja: acolher Cristo na nossa vida e dá-lo ao mundo, "para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3,17). (Bento XVI - Angelus, 8/12/2006).
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10. Portanto, caríssimos, peçamos a intercessão da Virgem Imaculada, Mãe de Deus e nossa Mãe: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós e por todos quantos a vós não recorrem, de modo especial pelos inimigos da santa Igreja e por aqueles que a vós estão recomendados." 
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11. Acampa Mãe querida em nossas almas, em nossa vida, com os nossos anjos da guarda, para que em nossas almas, e em nossa vida só a vontade de Deus aconteça, para a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O QUE SÃO OS MILAGRES DE JESUS?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 15,29-37)(06/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, as promessas de Deus são para nós garantias de felicidade sem fim, porque o Senhor é fiel e cumpre sempre o que promete, Ele nunca falha, pois tudo realiza é em vista da nossa salvação. Viver na sua presença e fazer tudo o que lhe agrada é manter-nos firmes Nele pela prática da sua Palavra, para darmos os frutos da vida eterna.

2. De fato, basta que sejamos fiéis no cumprimento dos seus santos mandamentos, como nos ensinou são João: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." (1Jo 5,1-4).

3. Ora, e para reiterar isso perguntamos, por que é tão importante guardar os seus santos mandamentos? Porque eles são proteção, segurança, alívio e conforto, como um oásis no deserto deste mundo faminto e sedento da verdade, pois são caminho de perfeição que nos leva à santidade. 
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4. Com isso, entendemos que os frutos da prática da sua Palavra, são como iguarias que deliciam nossas almas, tal qual meditamos na primeira leitura: "Naquele dia, o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos." (Is 25,6).
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5. Mas, o que isso significa? Significa o que está escrito logo em seguida: "O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra; o Senhor o disse." (Is 25,8).

6. Em outras palavras, o Profeta Isaías fala da nova condição dos redimidos, como meditamos no livro do Apocalipse: "[O Senhor] Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição." (Ap 21,4).
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7. Portanto, caríssimos, não existimos por acaso, na verdade, fomos muito bem pensados e amados por Deus que nos criou, e é por isso que estamos aqui (cf. Sl 138); precisamos apenas corresponder ao seu amor que nos é concedido em Cristo Jesus, nosso Senhor. 
8. É bem como escreveu, são Paulo: "Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Rm 8,38-39).
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9. No Evangelho de hoje o Senhor "Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou." (Mt 15,29-30).

10. Além desses milagres Ele multiplicou cinco pães e alguns peixes para a multidão faminta e todos ficaram saciados. Ora, os milagres realizados por Jesus não são apenas a demonstração do seu poder, mas sim o cumprimento das profecias que confirmam que Ele é o Messias enviado por Deus Pai. 
11. Amados irmãos e amadas irmãs, o que nos enche de alegria e nos leva a viver mais intensamente da fé, é a segurança que o Senhor Jesus nos dá para segui-lo rumo ao paraíso que nos promete por lhe sermos fiéis na prática da Sua Palavra. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Homilia do 1°Dom do Advento...


 Homilia do 1°Dom do tempo do Advento (Mc 13,33-37)(03/12/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, estamos no precioso tempo do Advento; cuja característica principal é a espectativa da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, não mais como o pastor em busca das ovelhas perdidas; mas, como justo juiz que há de julgar os vivos e os mortos; felizes são aqueles que se mantém vigilantes esperando-o como seu Senhor e Salvador.
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2. Com efeito, a criação sem a presença de Cristo nela não passa da finitude que a caracteriza, porque somente Ele nos liberta de tudo o que nos oprime neste mundo. Viver em Cristo é o sentido da nossa vida, bem como ele mesmo disse: "Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5).

3. Na primeira leitura o Profeta Isaías reconhece diante do Senhor o estado pecaminoso em que vive o povo: "Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento." (Is 64,5).
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4. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta uma parábola nos mostrando que a atual situação da humanidade se assemelha à estória de um homem que fez uma viagem ao estrangeiro deixando aos seus comandados as tarefas que os prepara para a sua vinda.

5. Disse ele: "Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”. (Mc 13,35-37).
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6. Comentando esse Evangelho, disse o Papa Francisco: "Estar atentos e vigilantes são os pressupostos para não continuar a “desviar para longe dos caminhos do Senhor”, perdidos nos nossos pecados e nas nossas infidelidades; estar atentos e ser vigilantes são as condições para permitir que Deus irrompa na nossa existência, para lhe restituir significado e valor com a sua presença cheia de bondade e ternura.
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7. Maria Santíssima, modelo na expetativa de Deus e ícone da vigilância, nos guie ao encontro do seu Filho Jesus, revigorando o nosso amor por Ele. (Papa Francisco, Angelus, 03/12/17).
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8. Amados irmãos e amadas irmãs, por que repetidamente o Senhor Jesus nos alerta para sermos vigilantes?" É exatamente para não deixarmos o essencial pelas coisas fúteis deste mundo, ou seja, para não nos afastamos dele pela falta de piedade e oração; pela busca dos bens temporais e não dos bens eternos; pelo mal uso do tempo em invés de aproveitá-lo para crescermos em santidade e justiça diante dele.
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9. Pois, por falta de vigilância nos tornamos pedras de tropeço pra nós mesmos, ao invés de fazermos a sua vontade por meio das virtudes eternas que recebemos no batismo, porque são poucos os que as vivem, deixando de multiplicar os talentos recebidos para a salvação de todos.
10. Portanto, caríssimos, o convite desta liturgia se estende a todos: "Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!" (Mc 13,35-36).

11. Destarte, a conversão é a visita que o Senhor Jesus faz no mais íntimo da alma chamando cada um pelo nome, por isso, é urgente escuta-lo para vivenciar esse processo e assim crescer na fé, na esperança e na caridade, que são as virtudes próprias do Seu discipulado. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 2 de dezembro de 2023

SOBRIEDADE E ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 21,34-36)(02/12/23).

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a paz da vida eterna que tanto desejamos começa aqui com o nosso batismo e, à medida que a cultivamos, ela vai dando frutos de sua presença em nossas almas em tudo que vivemos por amor ao Senhor. 

2. Por isso, precisamos permanecer vigilantes como ouvimos do Senhor Jesus no Evangelho de hoje: "Ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”. (Lc 21,36).
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3. Sim, porque a oração é um dom do Espírito Santo (cf. Rm 8,26-27); por ela Deus nos concede todas as graças de que precisamos; por ela intercedemos e levamos essas mesmas graças aonde desejamos que elas cheguem. Ou seja, a oração de intercessão é um serviço que prestamos a Deus para a salvação das almas necessitadas. 

4. A oração é um encontro real com Deus a quem amamos sobre todos as coisas e também ao próximo por quem intercedemos e amamos como a nós mesmos. De fato, a oração é um diálogo fecundado pelo silêncio em todos os outros pensamentos fora desse encontro que fazemos com o Senhor no mais íntimo de nós.
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5. Decerto, tudo o que chega à nossa mente em forma de tentação precisa do nosso consentimento para se tornar pecado; por isso, muita atenção para o discernimento: nunca escutar nenhum pensamento vão, desordenado ou estranho, nunca dar permissão a eles, nunca os deixar ocupar o espaço sagrado da voz de Deus em nossas almas. 
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6. Em outras palavras, tudo o que é contrário ao amor de Deus, não vem de Deus, não vem de nós; só vem do maligno. Nossa mente é o coração da nossa alma, mas ela também tem olhos, ouvidos e boca, e se fecharmos esses membros psíquicos para o inimigo não entrar, venceremos essa guerra espiritual pela força da graça de Deus que se faz presente em nosso coração. 
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7. Portanto, caríssimos, escutemos atentamente o que nos ensina são Paulo: "Irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos, e o Deus da paz estará convosco." (Fil 4,8.9b). 
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8. Comentando esse Evangelho disse o Papa Bento XVI: "Não se sobrecarregue o vosso coração com a dissipação, a embriaguez e as preocupações da vida... estai sempre vigilantes na oração" (Lc 21, 34.36). Portanto, sobriedade e oração. E o apóstolo Paulo acrescenta o convite a "crescer e abundar no amor" entre nós e para com todos, para tornar o nosso coração firme e irrepreensível na santidade (cf. 1 Ts 3, 12-13). 
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9. No meio das convulsões do mundo, ou dos desertos da indiferença e do materialismo, o cristão recebe de Deus a salvação e dá testemunho dela com um modo de viver diferente, como uma cidade colocada sobre um monte. "Naqueles dias", anuncia o profeta Jeremias, "Jerusalém viverá tranquila e será chamada: Senhor, nossa justiça" (Jr 33,16). 
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10 A comunidade dos crentes é um sinal do amor de Deus, da sua justiça já presente e atuante na história, mas que ainda não se realizou plenamente e, por isso, deve ser sempre esperada, invocada, procurada com paciência e coragem." (Bento XVI - Angelus, 2 de dezembro de 2012) 
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11. Destarte, uma alma em constante oração eleva-se ao céu, vive imersa em Deus, por isso, recebe todas as graças para atravessar o árido deserto deste mundo; e mesmo sendo atacada por todo tipo de adversidades, não se deixa abater, porque Deus que nela habita por sua oração, é invencível e sempre lhe proporciona a vitória. Amém! Assim seja! 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

SANTO ANDRÉ, ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 4,18-22)(30/11/23)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, a Igreja hoje celebra a festa do Apóstolo Santo André, irmão de São Pedro e seu interlocutor no encontro com o Senhor Jesus; foi também um dos primeiros discípulos de São João Batista, do qual ouviu as palavras: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." (Jo 1,29).

2. Nas passagens bíblicas que narram sua atuação, vemos nele um homem de grande fé e simplicidade, e também um grande evangelizador, em especial por proporcionar o livre acesso ao Senhor Jesus para aqueles que dele se aproximavam.
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3. De fato, as qualidades que revelam a grandeza dos anunciadores da mensagem salvífica do Senhor, são a fé, a simplicidade, a humildade e o amor com que dão o testemunho dele. Ora, além de todas essas qualidades, Santo André deu também a sua vida por Jesus ao morrer martirizado numa cruz em forma de xis. 

4. Com efeito, sua crucifixão demonstra o zelo e a determinação do seu seguimento, pois não temeu a morte, ao contrário, entregou-se totalmente ao Senhor, tendo como alicerce as suas palavras: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma." (Mt 10,28).
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5. O Evangelho de hoje narra esse encontro primoroso do Senhor Jesus com André e Pedro que estavam lançando as redes de pesca, símbolo de sua sobrevivência, e o Senhor os chamou para um novo tipo de pescaria, dizendo: "Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens. Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram." (Mt 4,19-20).
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6. Sem dúvida, o poder das Palavras de Jesus é irresistível, e eles, comovidos no mais íntimo de suas almas, seguem o mestre em Seu caminho de santidade e vida eterna, dando a própria vida por Ele e pelo Evangelho que anunciam. De fato, tudo muda em nossos planos quando escutarmos o Senhor Jesus e começamos a segui-lo fielmente carregando após Ele a nossa cruz de cada dia.
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7. Portanto, caríssimo, a vida dos seguidores de Cristo é um Evangelho vivo, as palavras que anunciam o Reino de Deus, não são suas, mas de Deus que os chama para serem as testemunhas fiéis da ressurreição do Seu amado Filho.
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8. Amados irmãos e amadas irmãs, são João Clímaco assim descreve o chamado que o Senhor nos faz: "Uma vez que é um Deus e um Rei que nos chama para o seu serviço, avancemos com ardor, pois temos pouco tempo de vida e corremos o risco de ser encontrados sem fruto no dia da nossa morte e de perecer de fome. 
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9. Procuremos agradar ao nosso Senhor como os soldados a seu rei, porque, quando a campanha terminar, teremos de prestar contas do nosso serviço." Ou seja, estamos neste numa grande luta espiritual, por isso, não percamos tempo, porque este mundo nada tem para nos oferecer a não ser dores e sofrimentos, e nada mais.
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10. De fato, "se um rei da terra nos chamasse para o seu serviço, não hesitaríamos, não procuraríamos desculpas, mas, deixando tudo, iríamos imediatamente ter com ele. Por isso, quando o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Deus dos deuses, nos chamar para o seu serviço celeste, tenhamos atenção em não recusar, por preguiça ou por covardia.
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11. Corramos com alegria e amor para o bom combate, sem nos deixarmos intimidar pelos nossos inimigos. Alegrai-vos, pois, sempre no Senhor, todos vós que sois seus servos, reconhecendo nisto o primeiro sinal do amor que o Mestre vos tem." (São João Clímaco (c. 575-c. 650).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

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