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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Congresso Calriano, Canindé 2012 ; fotos


Paz e bem!

Participei do
Congresso Clariano (Canindé (Brasil), 9 a 11 ago. 2012).
As fotos que tirei estão disponíveis em:
http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Congresso_Clariano_%28Canind%C3%A9_%28Brasil%29,_9_a_11_ago._2012%29

Peço duas coisas:
  1. Que se tiverem fotos também disponibilizem lá.
  2. Que me ajudem a identificar as congregações franciscanas das irmãs que estão de hábito ou similar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: QUANTO TEMPO DEDICAMOS A DEUS?



CRÔNICAS DE MINHA ALMA

QUANTO TEMPO DEDICAMOS A DEUS?


Será que Deus precisa do nosso tempo? Terá o Senhor alguma necessidade dele? Na verdade, nós é que precisamos dar tempo a Deus para Ele fazer um santo uso de nosso tempo, caso contrário, perderemos todo o tempo que de Deus recebemos, deixando de nos relacionar intimamente com o Senhor, dedicando-lhe a vida e tudo o que pode acontecer nela; para nos ocuparmos com coisas fúteis e banalidades que só nos fazem tragar o ranço do pecado nosso e dos outros.

Existe um tempo mais mal empregado do que o tempo perdido com o pecado? Vejamos alguns desses pecados que toma tanto nosso tempo e nossa vida, e só deixam em nossas almas um rastro de insatisfação e de vazio existencial: “Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons,      traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!” (2Tim 3,1-5). Isto porque, quem perde tempo com o pecado, deixa o bem viver e a santidade de lado, para cultivar conflitos intermináveis que só trazem desolação, perca de tempo e da paz interior que Deus nos dá com o estado de graça.

Falando ainda do tempo que empregamos, quanto tempo dedicamos, por exemplo, à televisão ou outros meios de entretenimento, alimentando nossas almas com todo tipo de lixo televisivo/midiático, seja com filmes, novelas e outras baboseiras tipo CQC, Pânico na Tv, BBBs e outros Reality Shows; os mais diversos programas de auditórios e outras coisas do gênero? Vejamos o que diz São Paulo sobre isto: “Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.” (2Tim 4,3-4).

Agora, vejamos, quanto do nosso tempo dedicamos ao Senhor? Para respondermos a essa pergunta observemos: Quanto tempo dedicamos à oração, à escuta de Sua Palavra, à participação nas Santas Missas; aos exercícios de penitência e piedade; aos serviços pastorais e práticas das virtudes; enfim, à tudo o que diz respeito a nossa fé, ou seja, à formação pessoal e também dos nossos. Pois o homem e a mulher de Deus, tudo fazem para agradar a Deus, assim, torna todo o seu viver um ato permanente de amor e comunhão com o Senhor. Por exemplo: Se estiver no trabalho, lá está dedicando-se a Deus; se estiver no lazer, também seu lazer é encontro de vida e comunhão com o Senhor e os seus, porque nossa vida e o que dela fazemos, precisam da graça santificante do Senhor, para termos a certeza de que sua vontade está se realizando no meio de nós.

Porquanto, quem dá tempo, à quem está dando o tempo, está dando também seu esforço, sua vida e tudo o que é. Então, vamos dar a Deus o que é de Deus, nossa vida, nosso tempo e a nossa dedicação, desse modo, estaremos em plena sintonia com o Senhor, fazendo em tudo a sua vontade e obtendo como resultado a felicidade e a paz.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: SÓ POR TUA GRAÇA, SENHOR...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA

SÓ POR TUA GRAÇA, SENHOR...

É assim que ora vivo, sintonizado, inebriado, consagrado, perdido no mar sem fundo do teu Amor e da Verdade que És e com a qual me criastes para te testemunhar, meu Senhor e meu Deus. Recebe, pois o que sou e transforma-me no que queres que eu seja. Assim poderei viver mais intensamente a vocação à qual nos chamastes, a santidade de pensamentos e ações, e de toda vida. Por isso, guarda-me, Senhor, no mais íntimo do teu coração, conduz-me com tua santa mão que me acalenta e me faz sentir-me seguro em meio as provações deste mundo, que são tantas.

De fato, há em mim uma necessidade de “orar sem cessar”, de ter um convívio permanente com Deus, uma espécie de desejo ardente do céu. Por isso, não sei mais viver neste mundo sem a oração, sem a comunhão do coração com o Senhor; o Pai Nosso, como nos ensinou Jesus; o Eterno, Todo Poderoso e Misericordioso Deus. Sem Deus não há felicidade neste mundo; aliás, nenhuma criatura pode dizer que é feliz por si mesma, porque enquanto houver dependência de nossa parte, a felicidade é só um sonho a ser alcançado. E aqui todos nós sabemos que dependemos sempre, todavia, quando buscamos nossa liberdade em Deus, a encontramos prontamente, porque não há prazer, satisfação, integridade, felicidade, que Deus não nos possa dar ao infinito.

Ora, quem vive a vida em Deus assim, compreende perfeitamente o que Jesus ensinou: “Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Portanto, Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”. (Mt 6,25-27.33-34).

Assim, vejo que a maior de todas as necessidades humanas é Deus. Nele, com Ele e para Ele deve ser tudo o que vivemos e empreendemos, caso contrário, estaremos sempre inseguros, imaturos, confusos e com medo das perdas que naturalmente se nos apresentam as circunstâncias desta vida. Porque só a vontade de Deus é a que permanece e que faz permanecer com ela, aqui e por toda a eternidade, aqueles que a cumprem fielmente.

Então, Senhor, com a Virgem Santíssima, tua e nossa mãe, dizemos: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1,38).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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domingo, 26 de agosto de 2012

Franciscano e franciscanos

Frei Dorvalino Fassini, OFM


O movimento sugerido pelo Papa João XXIII e confirmado pelo Vaticano II está nos revelando, cada vez mais, que nós franciscanos constituímos uma única e mesma Ordem, seguimos uma única e mesma Regra e vivemos uma única e mesma Vida: a Ordem, a Regra e a Vida da ardente Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, vivida e testemunhada pelos Apóstolos, re-aparecida ou ressuscitada em Francisco, re-vivida e testemunhada por ele e por inúmeros de seus companheiros, séculos afora[1].
O vigor desse mistério ou Paixão é de tal efervescência, disposição e fecundidade que explodiu e se multiplicou desde cedo em milhares e milhares de pessoas que olhavam, procuravam e seguiam Francisco não apenas de forma individual ou particular, mas também comunitariamente em pequenas e, às vezes, em grandes grupos ou comunidades. Essa multiplicação pode ser comparada à Igreja nascente do primeiro século cristão. Em poucos anos o mistério do mesmo Cristo crucificado, vivo e ressuscitado, multiplicava-se e difundia-se por quase todas as partes do mundo. Os fiéis, nascidos e vivificados pela seiva da única e mesma Boa Nova, eram todos “cristãos”, mas nem todos de igual forma. Uns eram de Éfeso e formavam a Igreja de Éfeso, outros de Roma e formavam a Igreja de Roma, de Jerusalém, Corinto, Tessalônica, etc.; uns procediam do paganismo e outros do judaísmo. Todos, pois, são cristãos, mas nem todos do mesmo jeito. Assim, também, acontece com nossa Ordem. Todos somos franciscanos, mas nem todos do mesmo jeito. Por isso, todos os capuchinhos são franciscanos, mas nem todos os franciscanos são capuchinhos, vice e versa, etc. 
Assim também aconteceu com o Carisma originário de Francisco que, aos poucos, passou a chamar-se “franciscano”. “Franciscano” é, pois, a raiz, o comum de todos quantos se sentem atingidos pelo mesmo mistério da Paixão de Cristo que atingiu Francisco. Mas, o atingimento e a resposta não são iguais em ou para todos. Cada um procura recebê-la e concretizá-la a seu modo. É o fenômeno da multiplicação que outros, indevidamente, chamam de divisão. Por isso, desde logo nasceram as três Ordens, cada qual com uma denominação diferenciada e própria: Ordem dos Frades Menores, Ordem das Irmãs Pobres e Ordem Terceira. E, dentro de cada uma dessas três Ordens, com o decorrer dos anos e séculos, o processo continua florescendo e se multiplicando, com o consequente surgimento de muitas outras ramificações. Na ou da OFM surgiram os menores, os conventuais e os capuchinhos. Na ou da Ordem de santa Clara, surgiram as Coletinas, as Capuchinhas, as Concepcionistas, as Urbanistas, e outras. Na ou da Ordem Terceira, finalmente, nasceram e continuam nascendo dezenas e mais dezenas de Congregações e Institutos religiosos, conglomerados na então denominada Terceira Ordem Regular de são Francisco (TOR).
Todos e todas, porém, denominam-se “franciscanos/as”. Por isso, assim como o cristão de Roma não pode ser igual ao cristão de Éfeso, ou o gaúcho ao catarinense, o mesmo acontece conosco. Nenhum conventual ou capuchinho, nenhum franciscano secular ou regular gostaria de chamar-se de “menor”, e vice-versa, nenhum “menor”, gostaria de ser chamado de conventual ou capuchinho, etc. 
Por isso, não há nenhuma razão que justifique o neologismo “francisclariano”, inventado para designar todos os franciscanos. As únicas que podem usar com justiça e propriedade esse nome seriam as clarissas. Quando um outro franciscano recorre a este termo para se auto-definir está renunciando e negando o vigor próprio de sua origem e de sua espiritualidade, o brilho de sua identidade, conduzindo-se, necessariamente, a um lento, mas irremediável processo de vagueza, enfraquecimento e diluição do específico de seu espírito, carisma, vocação e missão[2].
O importante em tudo isso é não sucumbir à tentação de reduzir o mistério, a obra, a “coisa” de Deus à subjetividade das pessoas, sejam indivíduos ou grupos. Em outras palavras, cuidar para que o Carisma franciscano não vire “coisa” de um Francisco, de uma Clara, de um Egídio e, no fim, de cada um de nós, seus seguidores. Neste caso, estaríamos prendendo e reduzindo à mera fragilidade dos limites da subjetividade das pessoas, dos fatos, das ocorrências passageiras e do biológico o que não se pode subjetivar ou prender: a floração do mistério, do amor, da Paixão de Deus que não se limita a nenhuma pessoa, a nenhum tempo, lugar ou gênero, mas a tudo e a todos, fazendo surgir um novo Céu e uma nova Terra. Pode-se parafrasear, aqui, o pensamento de Oscar Wilde acerca da arte[3]: O Franciscanismo, ou o Carisma franciscano, não pode jamais ser submetido ao sujeito Francisco e a nenhum outro sujeito. Pois, neste caso, não seria mais carisma, graça do Senhor. Seria apenas biografia, mera narrativa de fatos e ocorrências, através da qual a realidade, isto é o real, que costumamos chamar de “franciscano”, foge e escapa.



 Notas:

[1] Portanto, em vez de se falar em “Família Franciscana do Brasil” dever-se-ia falar em “Ordem Franciscana do Brasil”.

[2] Tudo o que se diz aqui, das pessoas, isto é, dos franciscanos, vale também das assim chamadas Fontes Franciscanas. Não existem Fontes “francisclarianas”. O que existe são Fontes Franciscanas que se desdobram em Fontes ou Escritos de São Francisco, de Santa Clara, de Frei Egídio, de São Boaventura, de Santo Antônio, etc. Assim, ao se dizer “Fontes Franciscanas” está-se pensando e incluindo todas. Por isso, se disser uma, não estarei, necessariamente, incluindo as demais. Se disser “Fontes fancisclarianas” estarei falando apenas dos Escritos de São Francisco e de Santa Clara. Não estarão, necessariamente, incluídos, por exemplo, os Escritos de Frei Egídio, de Junípero, Tomás de Celano, São Boaventura, etc. Mas, ao contrário, se disser Fontes Franciscanas incluo todos os escritos que de uma ou outra forma estão sob a inspiração originária desse Carisma que moveu Francisco, Clara e seus primeiros companheiros.
[3] Oscar Wilde expressa assim seu pensamento: A arte não pode ser submetida ao seu sujeito. Nesse caso não é mais arte e sim biografia e a biografia é a rede pela qual a realidade escapa (Oscar Wilde).

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

É AQUI QUE DEFINIMOS O DEVIR...



É AQUI QUE DEFINIMOS O DEVIR...

Essa dor dói demais, a dor da queda humana...
A dor de ver Deus não amado por suas criaturas...
A dor de ver o mal agir como se pudesse fazer isso...
A dor da impotência diante de tantas almas perdidas...
A dor doída, a dor da vida que se esvai sem sentido algum...

Ó homens todos, por que tão tolos em sua grande maioria?
Será que não discernem bondade de maldade?
Será que não percebem pelos efeitos os dejetos dos vícios?
Será que não experimentam o resultado maléfico de seus desvarios?
Será que são tão cegos assim? E como fica o devir?

Por que será que trocam o valor eterno da honestidade pela podridão da corrupção?
Não é porque deixam de fazer o que é verdadeiro e decidem pelo erro, pela mentira, mesmo sabendo que estão atentando contra a verdade?
Por que será que juram inocência mesmo diante das evidências que lhes desmascaram?
Não é porque têm aqueles que advogam com falácias seus abusos indefensáveis e a justiça não os pune, só porque são advogados?
Por que será? Quem está por trás de tamanhas injustiças?

Por que se dão às drogas entorpecentes e outros vícios abomináveis e não à paz das virtudes que Deus pôs em todos os corações?
Por que optam pelo ódio e não pelo amor?
Por que deixam a fé pela incredulidade?
Por que semeiam a discórdia, a divisão e não a compreensão e a solidariedade?

Por que deixam de se entregar a Deus pelas virtudes da obediência, da piedade, da penitência...; para se entregarem ao mal por toda espécie de comportamentos estúpidos, esdrúxulos, pervertidos?
Por que visam só os bens materiais; mesmo diante da fragilidade temporal que os fará sucumbir?
Por que não visam os bens eternos, um vez que nossas almas são imortais?
Oh! Quanta dor, Senhor, por se apartarem de Ti por nada...
Porque, o que há de bom fora de Deus? Nada...
Neste mundo, tudo sem Deus é insatisfação...
Eis a razão de tanta miséria, de tanta histeria, maldade, infelicidade, morte...

Ora, Deus é eterno e tudo cria para a eternidade...
Tudo o que existe, existe em função da eternidade...
Caso não vivamos essa verdade, tudo perde o sentido, até mesmo a morte...
Pois, por ela, vamos ao encontro definitivo do Senhor, no dia eterno, por isso, nada fica parado...
Porque tudo tem um fim atemporal mesmo que esteja ainda no tempo...
Porque é o tempo, com suas leis e movimentos recebidos de Deus, que nos leva para Deus...
Portanto, chegou o tempo de passar a limpo essa nossa humanidade...

A verdade, todos já conhecem, pois independentemente de Religião, raça, cor, seja lá o que for, Deus no-la revelou, quer naturalmente por suas obras, quer pela vinda de Seu Filho, Jesus Cristo...
“Pois, quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção”. (Gl 4,4-5).

“Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça que derramou profusamente sobre nós, em torrentes de sabedoria e de prudência.
Ele nos manifestou o misterioso desígnio de sua vontade, que em sua benevolência formara desde sempre, para realizá-lo na plenitude dos tempos - desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra”. (Ef 1,7-10).

Assim, ante a morte e ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus,
nenhuma criatura, humana ou angélica, poderá justificar-se ou ponderar de que não conheceu a Verdade tal qual ela É...
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus”.

“Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.
Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz.
Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus”.
(Jo 3,16-21).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: AMO-TE, SENHOR, E INFINITAMENTE QUERO TE AMAR...



CRÔNICAS DE MINHHA ALMA

AMO-TE, SENHOR, E INFINITAMENTE QUERO TE AMAR...

O Amor. O que é o Amor? “O Amor é Deus, e quem permanece no Amor permanece em Deus e Deus permanece nele”. (1Jo 4,16); percebe tudo pela ótica divina do amor que ama, concebe tudo a partir do amor que ama, isto é, agora tudo é como o amor, eterno. Ou seja, cada pensamento, cada desejo, cada vontade, cada sentimento, advindo desse Sublime Amor, é inesgotável, é verdade que perdura sempre, porque o amor de Deus é assim. Quanta segurança em amar assim, em ser amado assim, em viver assim; em vê tudo assim, numa inesgotável sensação permanente, inexplicável pelas palavras, mas profundamente experimentado no âmago do Ser. Porque amar a Deus é viver; não amá-lo é morrer...

Senhor, por que não te amar? Por que não se deixar amar por Ti? Por que não se entregar inteiramente à Ti? Haverá alguma razão de ser, para não querer amar à medida infinita do teu Amor? Oh! Senhor, será que é por isso que o egoísmo não tem explicação racional convincente? Porque, por mais que se queira explicar, ele é só egoísmo, nada mais, além disso... Creio que ele seja o cume de toda maldade, a pior de todas as solidões, de todas as prisões, porque é absolutismo do eu, é a totalmente contrária ao teu Amor.

Meu Deus! Só em pensar nisso, me dá calafrios, pois vejo a extensão de todas as maldades que o egoísmo causa; de todas as tragédias passadas e presentes; é por isso que o demônio é o que é, extremamente egoísta, maléfico, perverso, danoso em todos os sentidos; capaz de incitar somente instintos egoístas e soberbos com que desprezou o amor de Deus, para se afundar na lama da própria maldade que exala em tudo o que é e faz. Por isso, vive nas trevas e não pode se aproximar nunca de Tua Luz, porque Tua Luz, Senhor, é Amor que brilha sobre todos os Te amam e Te obedecem submissamente; Tua Luz brilha Senhor, mais que o sol e mais que toda a extensão do universo que criastes.

Sabemos que um dia esse nosso mundo e toda criação será totalmente passado a limpo, porque Deus é Santo e tudo criou para a santidade. Por isso, no Seu Infinito Amor, enviou como nosso Redentor o Seu Filho, Jesus Cristo, para que tivéssemos acesso à sua misericórdia que nos perdoa e nos salva. Como escreveu São Paulo:

Sabemos ainda que haverá um julgamento para todos e ele já começou: “Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus”. (Jo 3,19-21).

De fato, o amor ama sempre, mas quem o acolhe para transbordá-lo com sua própria vida? Quem responde à altura do amor com que somos amados por Deus? O que temos cultivado com nossa existência? Será que o nosso modo de viver tem correspondido à Vontade de Deus? Fomos Criados como expressões do amor de Deus, para amarmos a Deus acima de todas as coisas e amar-nos uns ao outros na medida do mesmo amor; mas, o que temos visto no seio da humanidade? Violência, dor, sofrimentos, tristezas e toda espécie de morbidez infernal.

Nem por isso desista do amor, porque somente quem ama consegue vencer o mal que está no mundo. Pois, eis o que nos ensina São João: “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamenteNisto é perfeito em nós o amor: que tenhamos confiança no dia do julgamento, pois, como ele é, assim também nós o somos neste mundo. No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro”. (1Jo 2,15-17; 4,17-19).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os ''sans-culottes'' franciscanos

A comunidade cristã das origens é sinal da possibilidade histórica, e não mera tensão escatológica, do ideal de pobreza na e para a Igreja pregado por Francisco.
A opinião é de Marco Rizzi, professor de literatura cristã antiga da Università Cattolica del Sacro Cuore, em artigo publicado no caderno La Lettura, do jornal Corriere della Sera, 05-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Há alguns dias, durante o show de Patti Smith na Villa Arconati, uma aranha se empoleirou no microfone da cantora. O assistente que havia se precipitado a removê-la da frente, com um gesto ameaçador, se sentiu intimado, porém, a não fazer nenhum mal a ela. Ao contrário da grande parte dos seus colegas do star system, o respeitoso pânico pelas criaturas, incluindo aracnídeos, não deriva em Patti Smith de alguma filosofia oriental, aprendida mais ou menos de segunda mão, mas sim de uma intensa frequentação com São Francisco e os seus textos.

Na última coletânea (Banga. Believe or explode, Columbia Records), destaca-se uma longa reading, Constantine's dream, o sonho de Constantino, inspirada no célebre afresco de Piero della Francesca na Igreja de São Francisco, em Arezzo. O sonho do imperador se torna o da cantora, que reza com Francisco, pinta com Piero, acompanha Constantino na batalha vitoriosa, antes, e Colombo, depois, na descoberta da América, para concluir na noite apocalíptica do século XXI, em que "se dissolve na luz o sonho do rei angustiado"; no pano de fundo – em italiano –, as palavras da "oração simples" apocrifamente atribuída a Francisco.

Muitos leitores poderiam ficar totalmente perplexos pela aproximação de Francisco ao imperador da reviravolta que fez do cristianismo a religião do Império Romano e, ainda mais, à conquista da América, viagem sinônima de todos os imperialismos, na ida e – sobretudo – na volta.

Mas décadas de investigação histórica demoliram a imagem um pouco tola e protoecologista do santo de Assis, substituindo-a por um retrato de uma personalidade e de uma história de força e complexidade bem diferentes: em Francisco, o problema da natureza se liga estreitamente ao da pobreza e torna-se central a distinção, que se tornaria fonte de todos os conflitos posteriores com a autoridade eclesiástica, entre uso e posse, entre uma relação com os bens da criação fundamentada no compartilhamento ou na apropriação.

No entanto, Francisco tornou-se principalmente objeto, imprevisto e um pouco paradoxal, de uma série de reflexões em âmbito filosófico e político, que fazem dele o portador de uma "revolução" oposta e alternativa a toda forma de poder e de imperialismo, que representaria a versão atual da instituição eclesiástica que extinguiu a inspiração franciscano original.

Começou com Toni Negri, que em Império (Ed. Record) não teve escrúpulos em escrever como, na época pós-moderna, nos encontramos exatamente na mesma situação de São Francisco e, assim como ele, à miséria do poder, podemos contrapôr a alegria do ser: "É uma revolução que nenhum poder poderá controlar. Nisso consiste a irreprimível clareza e a irreprimível alegria de ser comunista".

Menos ingenuamente, Massimo Cacciari (Doppio ritratto. San Francesco in Dante e Giotto, Ed. Adelphi) recorre à categoria de "profecia radical" para identificar a essência da mensagem do santo (mas a contracapa sabe que, para intrigar os leitores, é preciso falar justamente de "revolução franciscana"); uma mensagem traída pelos seus dois sumos divulgadores no plano literário (Dante) e visual (Giotto), no momento em que se esforçam para reportá-lo às condições comuns da existência humana para comunicá-lo ao auditório universal.

Do mesmo modo, os projetos religiosos, teológicos ou políticos que, nos séculos posteriores, se remeteriam a Francisco nunca o representariam plenamente, da mesma forma, aliás, que o modelo cristológico de Francisco (o Jesus do esvaziamento de si, a kenosis) resistiria, segundo Cacciari, "além de todo cristianismo".

Ainda mais radical é a abordagem de Giorgio Agamben, que, denunciando o abandono do legado mais precioso do franciscanismo, identifica uma tarefa decisiva e indeferível para o Ocidente: pensar uma vida humana "totalmente subtraída das presas do direito e um uso dos corpos e do mundo que nunca se substancie em uma apropriação". Em tudo isso, porém, a mensagem de Francisco não teria mais nada a ver com o cristianismo, muito menos com a Igreja. O velho ditado anarquista "a cada um segundo suas necessidades, de cada um segundo suas capacidades", torna-se no neofranciscanismo anômico de Agamben "pensar a vida como aquilo de que nunca se detém a propriedade, mas apenas um uso comum".

Esse, no entanto, já era o programa da primeira primeira comunidade cristã descrita no quinto capítulo dos Atos dos Apóstolos. Sem esse precedente, de natureza estritamente eclesiológica, nem mesmo a referência direta ao modelo de Cristo faria sentido para Francisco: a comunidade das origens é sinal da possibilidade histórica, e não mera tensão escatológica, do ideal de pobreza na e para a Igreja pregado por Francisco.

Na verdade, quem havia inaugurado uma saída "franciscana" para a crise do pensamento marxismo havia sido ainda a publicação, desejada por Paolo Pullega no início dos anos 1980, de uma coleção de escritos de Gyorgy Lukács anteriores à reviravolta marxista, significativamente intitulada Sulla povertà di spirito [Sobre a pobreza de espírito] (Ed. Cappelli, 1981), em que a referência era a Francisco como o primeiro que havia procurado a pobreza, ao invés de sofrê-la. Nisso, Lukács via uma analogia ao esforço de essencialização da revolução abstratista na pintura.

Dois anos antes, em setembro de 1979, Patti Smith havia concluído a primeira fase da sua carreira com um memorável concerto em Florença, no clima sombrio e sobre-excitado pelo terrorismo, pelas tensões sociais e pelas utopias revolucionárias que percorriam a Itália nos últimos instantes dos anos 1970.

Ela mesma recorda: "Antes de iniciar, eu coloquei uma fita com a voz de João Paulo I que falava às crianças, e o vaiaram. A terceira sinfonia de Beethoven, segundo movimento, e a vaiaram". Como ela costumava fazer, então, começou o concerto mandando o seu irmão tremular a bandeira norte-americana.

Foi um triunfo. Grande parte do público de então sonhava com a revolução, a verdadeira: algumas décadas depois, intelectuais pensativos redescobriram a revolução de Francisco; alguns, também, a norte-americana.

PARA LER MAIS:
25/07/2012 - Quando Francisco não atrai mais
17/07/2012 - “A Igreja deve ser pobre como São Francisco”, disse o Papa
28/04/2012 - São Francisco, o incompreendido
26/03/2012 - O São Francisco de Dante e Giotto

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: SIM, SENHOR, EU ESPERO...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: SIM, SENHOR, EU ESPERO...

Senhor, nada tenho, porque tudo o tenho um dia não terei mais, até mesmo o que sou agora, sinto que só o sou por causa de tua misericórdia. Portanto, não posso e não quero abusar da aparente liberdade momentânea que tenho, para práticas fúteis ou outras “façanhas” malfadadas que tanto tem tirado definitivamente a vida de milhares e milhões. Aliás, São Paulo já nos havia alertado sobre isto: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna”. (Gl 6,7-8).

Todos nós primamos por segurança, no entanto, no mais das vezes, nos expomos aos piores perigos porque nos afastamos de Ti, Senhor, pelos pecados praticados. Ainda assim, muitos se acham donos da vida como se a vida fosse propriedade permanente de qualquer criatura, ou seja, como se não a tivéssemos recebido. Ora, mas isto não passa de autossuficiência, arrogância ou um blefe barato, porque se temos o que iremos perder naturalmente, como se achar acima desta perda? Na verdade, não podemos esquecer, só Deus tem todo poder infinitamente, e isto fica evidente por sua Providência Divina que a tudo sustenta e governa, a despeito dos incrédulos, indiferentes e maléficos negarem essa verdade.

O ser humano foi criado para o bem infinito, e quando não vivemos esse desígnio do criador a nosso respeito, a vida perde todo sentido de ser e os homens passam a viver apenas em função da temporalidade à espera da morte e nada mais. Todavia, no âmago de todos nós existe um desejo como que permanente de vida, por isso, a morte, quando não a encaramos com naturalidade, torna-se uma espécie de companhia indesejada, a tal ponto que nem queremos pensar nela, mesmo convivendo pacificamente com ela a todo momento.

Então, haverá solução para essa condição de nossa brevidade existencial? Sim, pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, pôs fim à tragédia do pecado, ao reinado das trevas e ao poder da morte. Escutemos o Senhor: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. (Jo 14,1-6).

Assim, ouvindo o Senhor, digo: sem essa esperança, não há salvação, não há solução alguma para a vida. Pois o ser humano sem a esperança da ressurreição é o mesmo que um cadáver ambulante, existe, mas só por enquanto. Daí, Senhor a necessidade de te amar, de te querer, de ti glorificar, de te dar tudo o que sou, sinto e vivo neste mundo, como resposta por me teres criado para o louvor de tua glória. Sim, Senhor, espero em ti a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir, porque já a experimento aqui, por te amar acima de todas as coisas e de mim mesmo, pois, assim como disse São Paulo, o digo também: “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gl 2,19-20).

E qual é a tua resposta, Senhor? “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. Este é o pão que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente”. (Jo 6,35.58ac). “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto? Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo.”. (Jo 11,25-27). É por isso que espero em Ti, Senhor, até o meu último instante aqui, onde Te encontrarei face a face, para o devir que preparastes como herança eterna, para todos que te amam e te seguem.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A LIBERDADE HUMANA OU LIVRE ARBÍTRIO...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A LIBERDADE HUMANA OU LIVRE ARBÍTRIO...

Muito se tem falado sobre a liberdade humana ou o livre arbítrio, como algo que podemos exercer tal como cada um o entende. Mas, nem sempre o que entendemos como livre arbítrio torna-nos livres de fato. Na verdade, o livre arbítrio para ser o que ele é não pode está desvinculado das virtudes que Deus concedeu aos homens quando nos criou, visto que tudo o que Deus criou é bom e foi criado somente para o bem.

Então, quais são essas virtudes que servem de fundamento para o nosso livre arbítrio? Segundo São Gregório de Nissa, virtude é "uma disposição habitual e firme para fazer o bem", de tal modo que, o fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus. Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si e que tornam virtuosa a vida. Assim mencionamos as virtudes teologais e as virtudes humanas. As virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus, são aquelas infundidas no homem com a graça santificante no batismo, e que os torna capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. São elas: Fé, esperança e caridade (amor). Essas virtudes fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas.

Vejamos agora a virtudes humanas: elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas. Elas regulam os atos, ordenam as paixões e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina, fazendo-nos viver em plena comunhão com a vontade de Deus, que nos dá a verdadeira felicidade. São virtudes humanas: a prudência, que "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir”; a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido; a fortaleza, que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem; e a temperança que "modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados", por isso, essa virtude é aplicada aos prazeres. (cf. CIC 1809).

Ora, vivemos num mundo de condicionamentos naturais e também sobrenaturais, porque tudo o que somos e temos, só somos e temos porque recebemos, e ninguém pode duvidar disso. A vida humana e em geral a vida natural se fundamentam na experiência existencial; até mesmo a ciência se baseia nos experimentos para suprir as necessidades mais elementares que se nos quer privar da liberdade. Assim, baseados na experiência existencial, empreendemos o nosso viver, porque tudo em nossa vida depende sempre de nossas decisões, de tal modo que, uma vida virtuosa toma decisões virtuosas, para manter o equilíbrio e o bem estar de si mesmo e de todos; ao passo que, uma vida desequilibrada, baseada nos vícios, toma decisões desastradas e nocivas à tudo e a todos que habitamos este mundo.

Com efeito, já dizia o filósofo, Beato João Duns Scotus: “Ser livre é escolher o Bem, o Sumo Bem e o Sumo Bem é Deus”. São Paulo também escreveu sobre a liberdade humana e assim deixou consignado: “Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. (2Cor 3,17). E ainda: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. (Gal 5,13). “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”. (1Cor 6,12).

Portanto, a liberdade é uma pérola preciosa com a qual o Senhor nos ornou quando de nossa criação; precisamos manter-nos ornados com essa pérola por meio da obediência, do cultivo da inocência e da prática de virtudes que de Deus recebemos. Eis o exemplo que o Senhor nos deixou: “Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra”. (Jo 4,34). Porque “De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. (Jo 5,30).

Nestas afirmações de Jesus encontra-se a essência da liberdade dos homens, a Vontade de Deus. Por ela realizamos todos os seus desígnios de amor; somos santificados e permaneceremos com Ele aqui e por toda eternidade. Cabe a nós o encargo dessa submissão amorosa e se for preciso, enfrentaremos até mesmo a morte de cruz, contanto que se realize o Seu Plano de Amor e Redenção para a nossa felicidade e de toda a humanidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Centrados em Deus

Assim como com Elias, Deus nos desafia a abandonar a nossa posição como o centro de todas as coisas e a nos tornarmos completamente centrados em Deus.

A reflexão é de Patricia Datchuck Sánchez, mestre em literatura e religião da Bíblia no programa conjunto da Columbia University e do Union Theological Seminary, em Nova York. O artigo foi publicado no sítio do jornal National Catholic Reporter, 12-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Em seu livro Waiting for God [Esperando por Deus], a filósofa, mística e ativista social francesa Simone Weil (1909-1943) sugeriu que a autêntica transformação espiritual só pode começar quando as pessoas se dispõem a abdicar de sua posição como o centro das coisas (Penguin Putnam Press, 1951). Weil era da opinião de que o "eu" sempre será a idolatria permanente da humanidade – "divindade falsa", ela o chamava. Por essa razão, a negação do "eu" como centro é parte integrante do verdadeiro discipulado.

Em uma reflexão sobre o ponto de vista de Weil, Thomas R. Steagald descreveu que o egoísmo humano é tão insidioso a ponto de impedir a sua fácil detecção, e a sua malignidade é tão invisível que ele impede a sua fácil erradicação (The Abingdon Preaching Annual, Abingdon Press, 1999). Quantas vezes imaginamos, nunca nos achando vãos, que os nossos desejos são o mandamento de Deus, e que as nossas expectativas constituem a esperança.

Com todo o respeito a Elias como profeta de Deus, nos damos conta de que nem mesmo ele estava imune a essa idolatria demasiadamente comum. Quando ele se sentou debaixo da árvore naquele dia no deserto, seus pensamentos se centraram em si mesmo e, no seu desespero, ele rezou pela sua própria morte. Todos os seus planos haviam ido por água abaixo. Sua tentativa de purgar o culto israelita das influências pagãs havia sido frustrada. Uma rainha furiosa pediu a sua morte, e ele havia fugido para escapar da sua ira.

O seu humor, como indicou William Bausch, não é estranho para nós (Once Upon a Gospel, Twenty-Third Publications, 2008). A maioria de nós pode recitar uma série de problemas, individuais e comunitários, locais e mundiais, que nos fariam querer solidarizar com Elias debaixo de sua árvore do desespero. Entretanto, assim como com Elias, Deus nos desafia a abandonar a nossa posição como o centro de todas as coisas e a nos tornarmos completamente centrados em Deus.

Ao mudar o nosso foco, nós nos rendemos a Deus, que nos conhece e cuida de nós. No bom cuidado de Deus, encontraremos a força e a graça para enfrentar todas as nossas lutas e o alimento espiritual para servir às necessidades dos outros.

Como refletimos no Evangelho de domingo, o Jesus joanino também encontrou uma certa autoabsorção naqueles aos quais ele viera para servir e salvar. Eles comem alegremente o pão que Jesus lhes deu, mas eles foram incapazes ou não quiseram apreciar Jesus como alguém que não fosse o filho de José e Maria, e não permitiram que as seus expectativas messiânicas paroquiais fossem ampliadas ou que as suas fomes mais profundas fossem alimentadas pelo pão vivo que ele oferecia. Ao invés de serem verdadeiros discípulos (literalmente "tirados para fora" de si mesmos por Jesus), eles permaneceram centrados dentro de si mesmos.

Em cada reunião eucarística, todos os presentes são atualizados e lembrados do que esse grande dom significa. Nós somos alimentados com o pão da palavra e com o pão eucarístico. Somos desafiados a mudar o nosso centro e o nosso foco para pertencer mais de perto a Deus e para acreditar mais autenticamente no pão da vida.

Alimentados por esse pão vivo, tornamo-nos mais capazes de enfrentar os desafios descritos pelo autor da Carta aos Efésios da segunda leitura de domingo. O rancor amargo deve ser evitado; a compaixão e o perdão devem se tornar os santos hábitos daqueles que professam pertencer a Cristo. Como imitadores de Deus e como filhos amados de Deus, não podemos deixar de seguir o exemplo de Deus no amor os pobres, vendo as suas necessidades e acolhendo-os às nossas próprias mesas para serem alimentados.

Para viver verdadeiramente em sintonia com o mistério eucarístico, aqueles que conheceram Jesus ao partir do pão – aqueles cujos corações, centrados em Jesus, começaram a arder dentro deles – são os mesmos que devem deixar para trás as árvores do nosso desespero e viver na esperança.

Espere em Deus, espere no pão da vida, espere n'Aquele que prepara uma festa diária/semanal e que se revela novamente no pão e vinho.

Extraído de http://www.ihu.unisinos.br/noticias/512453-centrados-em-deus acesso em 15 ago. 2012.
Ilustração: O Profeta Elias no deserto / Alexandr Ivanov. Séc. XIX. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alexandr_Ivanov_059.jpg acesso em 15 ago. 2012.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O ensino de Jesus por meio de parábolas

"Jesus tinha uma capacidade muito grande de comparar as coisas de Deus com as coisas mais simples da vida do povo. Isto supõe duas coisas que marcam a pedagogia de Jesus: estar bem por dentro das coisas da vida do povo, e estar bem por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus. Jesus sabia unir as duas coisas, porque ele vivia imerso em Deus e na realidade da vida do povo. Ele era de Deus no meio do povo, e era do povo na sua relação com Deus", escreve Gilvander Luís Moreira, frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica e assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina.
Eis o artigo.

No mês passado (julho/2012), foi editado pelo CEBI – Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – o livrinho O Bom Samaritano ontem e hoje: cuidar dos doentes, dos feridos e dos excluídos (Lucas 10,25-37), Ed. CEBI, São Leopoldo, RS, 2012, de autoria de Carlos Mesters e Gilvander Luís Moreira. Como introdução ao estudo e reflexão sobre a Parábola abordamos “O Ensino de Jesus por meio de parábolas”. É o que segue, abaixo.

Um aspecto importante do ensinamento de Jesus era o seu jeito bem popular de ensinar por meio de parábolas. Os quatro evangelhos conservaram muitas parábolas. Dezenas! Algumas, bem grandes, outras, bem pequenas, às vezes, de uma ou duas palavras. Geralmente, quando terminava de contar uma parábola, Jesus não explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43; Mc 4,9.23; 7,16; Lc 8,8; 14,35) Ou seja: “É isso! Vocês ouviram. Agora, tratem de entender!”. O pessoal gostava desse jeito de ensinar, porque Jesus acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido das parábolas. De vez em quando, sozinho ou em casa, ele explicava as parábolas para os discípulos (Mc 4,10; 7,17-18).

Uma Parábola é uma comparação. Jesus compara as coisas de Deus, que não são tão evidentes, com as coisas da vida que o povo conhece e experimenta na sua luta diária pela sobrevivência. Por exemplo, o agricultor que escuta a parábola da semente, diz: “Semente, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que será que ele quis dizer com isto?”. E aí você pode imaginar as longas conversas do povo em torno das parábolas que Jesus contava.

A parábola provoca e, às vezes, desconcerta. Em algumas parábolas acontecem coisas que não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem ovelhas abandonar noventa e nove no deserto para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc 15,4) Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso, sem lhe dizer uma só palavra de repreensão? (Lc 15,20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que um levita e um sacerdote? (Lc 10,29-37). Jesus provoca os ouvintes a pensar! A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. Ela leva a pessoa a refletir sobre sua própria experiência de vida e a descobrir nela a presença do Reino de Deus. Os doutores ensinavam que o Reino só viria como fruto da observância perfeita da lei de Deus. Jesus dizia o contrário: “O Reino de Deus já está chegando” (Mc 1,15). “O Reino já está no meio de vocês!” (Lc 17,21). Por meio das parábolas, Jesus ajudava o povo a descobrir a presença do Reino na vida. Esta era a novidade da Boa Nova trazida por Jesus, diferente do ensino dos doutores (Mc 1,22.27).

A parábola faz o povo enxergar melhor, faz da pessoa uma observadora crítica da realidade. Certa vez, um bispo perguntou na comunidade: “Jesus falou que devemos ser como sal. Para que serve o sal?”. Discutiram e, no fim, encontraram mais de dez finalidades para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da própria comunidade e descobriram que ser sal não é tão fácil. É difícil e exigente! A parábola funcionou. Ajudou-os a dar um passo. Iniciaram a travessia para um novo modo de viver e conviver.

Jesus tinha uma capacidade muito grande de comparar as coisas de Deus com as coisas mais simples da vida do povo. Isto supõe duas coisas que marcam a pedagogia de Jesus: estar bem por dentro das coisas da vida do povo, e estar bem por dentro das coisas de Deus, do Reino de Deus. Jesus sabia unir as duas coisas, porque ele vivia imerso em Deus e na realidade da vida do povo. Ele era de Deus no meio do povo, e era do povo na sua relação com Deus.

Resumindo: uma parábola apresenta as seguintes características: a) Fala do cotidiano das pessoas. b) Retrata a realidade tal e qual. c) Emerge da realidade, mas não a reproduz, transforma-a. d) Fala de si mesmo e por si mesmo. e) Provoca e interpela. f) Convoca para pensar. g) Tem um quê de impensado, imprevisto e, às vezes, de escandaloso.

Realmente, o ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia e com o qual se alegrava. “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado!“ (Lc 10,21).

No Evangelho de Lucas, logo depois deste louvor de agradecimento ao Pai (Lc 10,21-24), que mostra o contraste entre entendidos e pequeninos, segue a parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37).

Em tempo:


Dia 12 de agosto de 2012, 29 anos do martírio de Margarida Alves, mártir da luta pela Reforma Agrária e pelos Direitos das Mulheres camponesas

Nascida em Alagoa Grande, Paraíba (região Nordeste do Brasil), dia 05 de agosto de 1933, Margarida Maria Alves foi a primeira mulher a ocupar a Presidência de um Sindicato de Trabalhadores Rurais no Estado da Paraíba. Sempre muito atuante na luta pela reforma agrária, ela fundou ainda o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural em Alagoa Grande.

Em uma gestão que durou mais de 10 anos, Margarida Alves, como líder sindical e como boa samaritana, moveu mais de 70 ações trabalhistas contra usineiros e senhores de engenhos da região. Tanto incomodou que no dia 12 de agosto de 1983 foi morta a tiros por pistoleiros em sua própria casa.

O Assassinato de Margarida continua impune. Dos cinco acusados de serem mandantes do crime, ligados ao Grupo Várzea, apenas dois foram julgados e absolvidos: Antônio Carlos Coutinho e José Buarque de Gusmãos Neto, conhecido como Zito Buarque. Os outros mandantes: Agnaldo Veloso Borges já faleceu e os irmãos Amaro e Amauri José do Rego estão foragidos.

O assassinato de Margarida Alves permanece entre os grande crimes de repercussão nacional e internacional impunes no país, tendo sido encaminhado para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Do sangue de Margaridas Margaridas! Seu nome e seu testemunho deram origem à Marcha das Margaridas que já aconteceu várias vezes na última década. Reúne mulheres camponesas de todo o Brasil que marcham para Brasília para exigir os direitos das mulheres camponesas.

Justiça para Margarida! Viva Margarida Alves em todas as outras Margaridas de todos os cantos rurais do Brasil!



A VERDADEIRA LIBERDADE...


A VERDADEIRA LIBERDADE

A liberdade é um dom de Deus para aqueles que o amam acima de todas as coisas... e para aqueles que o querem amar assim, ela é disponibilidade...Paz e Bem!



Já dizia o filósofo Beato João Duns Scotus: “Ser livre é escolher o Bem, o Sumo Bem e o Sumo Bem é Deus”. São Paulo também escreveu sobre a liberdade e assim deixou consignado: “Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. (2Cor 3,17). 

Paz e Bem!



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Site da Milícia da Imaculada


Paz e bem!

Uma boa comemoração da Festa de
São Maximiliano Maria Kolbe, OFMconv,
sacerdote, mártir vítima do nazismo:

Site da Milícia da Imaculada:

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (VII)



AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (VII)


Espelho de justiça

A justiça é tão importante para a unidade e o bem estar da humanidade, que o Senhor reservou uma bem-aventurança só pra ela: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!” (Mt 5,6). De fato, não existe paz, alegria, amor, felicidade, onde a injustiça impera, por isso, a justiça é condição “sini qua non” (sem a qual não pode ser) para que haja equilíbrio em nossa sociedade, para que a verdade e a igualdade prevaleçam e sejam fundamentos de nossas mútuas relações.

Deus é infinitamente Justo e quando quis revelar sua Divina Justiça, fez vir a este mundo o Seu Filho, Justo e Santo, nascido do ventre santo de Maria, para justificar, pelo derramamento de Seu Sangue, todo homem nascido neste mundo, como nos ensinou São Paulo: ”Deus o destinou para ser, pelo seu sangue, vítima de propiciação mediante a fé. Assim, ele manifesta a sua justiça; porque no tempo de sua paciência, ele havia deixado sem castigo os pecados anteriores. Assim, digo eu, ele manifesta a sua justiça no tempo presente, exercendo a justiça e justificando aquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3,25-26). Desse modo, compreendemos que Maria santíssima, reflete como num espelho, qual aurora vespertina, a Justiça do Altíssimo, trazendo-a visivelmente a este mundo na pessoa do seu Filho, Jesus Cristo, concebido do Espírito Santo. Em Maria, a serva fiel e justa, brilha a luz da Justiça divina, porque ela é a primeira justificada e redimida pelo Messias, que veio a este mundo, por meio dela, para nos salvar.

Sede da sabedoria

A Sabedoria de Deus, o Divino Espírito Santo, pela Vontade do Altíssimo, desde a concepção imaculada da Virgem Maria, passou a conduzi-la e a fez, pelo seu sim, conceber Jesus. A partir de então, Maria Santíssima, passou também a ser Sede da Sabedoria de Deus, e a expressou ao mundo como Tesouro Inesgotável de Justiça e Santidade, pela ação do mesmo Espírito Santo que nela passou a habitar definitivamente, pois, Jesus é o Emanuel, Deus conosco e no meio de nós, Aquele que nos ensina como chegar ao Reino dos Céus, à Glória de Deus Pai.

Com efeito, assim escreveu o hagiógrafo no Livro de Sabedoria: “Há nela, um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo, que penetra em todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis. Mais ágil que todo o movimento é a Sabedoria, ela atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza. Ela é um sopro do poder de Deus, uma irradiação límpida da glória do Todo-poderoso; assim mancha nenhuma pode insinuar-se nela”.

“É ela uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade. Embora única, tudo pode; imutável em si mesma, renova todas as coisas. Ela se derrama de geração em geração nas almas santas e forma os amigos e os intérpretes de Deus, porque Deus somente ama quem vive com a sabedoria! É ela, com efeito, mais bela que o sol e ultrapassa o conjunto dos astros. Comparada à luz, ela se sobreleva, porque à luz sucede a noite, enquanto que, contra a Sabedoria, o mal não prevalece”. (Sab 7,22-30).

Causa da nossa alegria

A alegria é um sinal de vitória, ela expressa a felicidade que nos invada e torna nossa vida um mar sem fundo, transparente, límpido, pleno de satisfação. A alegria verdadeira é fruto do Espírito Santo na alma humana, ela é dom inefável da glória do Altíssimo presente nos corações obedientes que o amam e o servem dia e noite sem cessar. (cf. Sl 1,2). Quando tratamos das alegrias de nossa Senhora, tratamos também da nossa, pois ela é a causa de nossa alegria eterna, porque por ela nos veio o salvador de nossas almas, Aquele que nos dá a alegria da ressurreição, da vida eterna.

Nós, franciscanos, temos a felicidade de celebrarmos na coroa franciscana as alegrias de nossa Senhora, justamente porque Maria é Mãe e modelo da perfeita alegria. Portanto, sábio é todo aquele que, como Maria, se deixa tomar pela Sabedoria Divina e a expressa, quer seja por suas palavras, quer seja por uma vida digna que saboreia as graças inefáveis de Deus e as transbordam quais torrentes cristalinas.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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