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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

São Francisco: de Assis e de nossa vida - Capítulo I

PERDOAR É UM DOS MAIORES ATOS DE AMOR














PERDOAR É UM DOS MAIORES ATOS DE AMOR...

Caríssimos, sabemos que Deus, em sua infinita bondade, nos criou por amor e somente para amar, por isso, quando não amamos, ficamos confusos e perturbados, isto é, nos perdemos por nós mesmos e vivemos sem o verdadeiro sentido de vida. Ora, somente um coração que ama é feliz e capaz de discernir qual seja a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.

O ser misericordioso é uma virtude que eleva nossa dignidade à condição divina, porque Deus que nos perdoa sempre nos deu também a virtude de perdoar-nos uns aos outros, e assim nos fazer participantes de sua misericórdia, transbordando-a até atingirmos o perfeito atributo, que é viver permanentemente sob sua graça. Com efeito, são Tiago nos ensina: “Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento.” (Tiag 2,12-13).

Ora, Cristo Jesus nos libertou do pecado, da morte e de todo o mal para nos conduzir santos e imaculados à Deus, que é nosso Pai, porque fomos adotados como seus filhos em Cristo; desse modo, fomos perdoados para perdoarmos, porque doravante o perdão se tornou para nós fonte de justiça e de liberdade definitiva. Só quem ama é que perdoa perfeitamente, porque o maior ato de amor é dar a vida por seus irmãos, como o fez Cristo Jesus, o Filho de Deus. Logo, só pode haver paz no coração humano reconciliado com Deus e com toda humana criatura; por isso, não podemos, em hipótese alguma, guardar mágoas, ódios, rixas ou qualquer espécie ressentimento, porque se isso acontecer, não haverá espaço para Deus em nosso coração, mas somente para o veneno mortal do não perdão.

E como devemos perdoar? Nunca tome como base de sua vida o pecado de quem quer que seja, em outras palavras, não dê atenção ao pecado dos outros, seja esse pecado contra sua pessoa ou contra as pessoas que amas, mas perdoe sempre sem nunca deixar de fazê-lo. Pois, assim nos exortou são Paulo: “Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio.” (Ef 4,26-27).

E Jesus mesmo nos ensinou: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”. (Lc 6,36-38). E ainda: “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5,44-48).

Caríssimos, o primeiro ato de defesa contra a ofensa é o perdão, porque ele é um escudo de proteção, pois uma alma que perdoa conserva o estado de graça e é intocável pelo mal; visto que nada acontece em nossa vida por acaso ou sem a nossa permissão. Assim, meus irmãos, não podemos esquecer que estamos aqui unicamente para que a vontade de Deus aconteça e que nós somos os protagonistas de sua realização, porque Deus está sempre conosco e nunca nos deixa sozinhos; tudo o que o Senhor quer de nós é que obedeçamos aos seus mandamentos e lhe sejamos fiéis por toda a nossa vida, para que vivendo do seu amor o tenhamos sempre conosco a nos conduzir ao Seu Reino Eterno, morada definitiva dos seus eleitos.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.



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domingo, 29 de janeiro de 2012

Forum Social Temático 2012: O franciscano vai contribuir com o quê?



Frei Dorvalino Fassini, OFM

Um dos mais significativos sinais do nosso tempo é, sem dúvida, a especialização. Quem quiser ser “útil” tem de tornar-se competente numa profissão, vocação ou missão. Para nós, cristãos, isso não é nenhuma novidade como ensina o Apóstolo Paulo quando, através da analogia do corpo, fala da importância e do dever de cada um contribuir para o bem comum através do cultivo de seu dom ou carisma (Cf. Rm 12).

Qual, então, a especialidade, o dom ou carisma próprio que nós franciscanos devemos cultivar a fim de sermos devidamente “úteis” aos homens de hoje? Ora, não pode ser nenhum outro senão e tão só o de sermos cada vez mais e melhores franciscanos. Aos outros outros serviços, a nós o nosso.

Mas, o que é ser franciscano? Com qual mística ou espiritualidade somos chamados a servir o homem de hoje e de sempre?

Comecemos pelo que há de mais simples e transparente em Francisco: a busca do verdadeiro humano, revelado por Cristo, pobre e crucificado, o protótipo de todo homem que vem a este mundo e que vige escondido no íntimo mais íntimo de cada homem, principalmente nos mais fragilizados como os leprosos, doentes, as crianças, os idosos e marginalizados.

O divino do humano e o humano do divino, porém, não nos são dados como fatos ou ocorrências, são, antes, desafio, tarefa, vocação e missão. Por isso, o próprio Senhor quis perfazer esse percursocrescendo aos poucos em sabedoria, graça e idade (LC 2,52); percurso que só se consuma ao beber a última gota do cálice da busca do “seu”, “nosso” humano. Só então, Ele se mereceu a glória de, como homem, ser verdadeiramente filho de Deus (Mc 15,39). Eis todo o nosso desafio: crer fiel e devotamente que o divino do homem já está no âmago mais profundo de seu humano, esperando ser descoberto, re-velado. Francisco fez-se mestre tão brilhante nessa busca que não apenas se mereceu o título de “homem universal”, mas também um trânsito livre e bem aceito entre todos os homens, sem distinção de raça cor ou religião e escolhido como um dos mais importantes homens do último milênio. Por isso, também, quando hoje os Papas precisam de um local para algum encontro inter-religioso mundial não escolhem Roma, mas Assis. Francisco, Assis, passaram a ser símbolos de uma nova humanidade, isenta de fronteiras e de todo tipo de discriminação.

O entusiasmo por esse ideal ou espiritualidade, no fim da Idade Média, foi de tal abrangência e profundidade que veio a se constituir em verdadeira cruzada de retorno ao humano paradisíaco expresso e concretizado pela “nova” forma de vida vivida por Francisco, Clara, e toda aquela primeira geração de frades, clarissas e seculares como os reis Luis da França, Isabel da Hungria, a jovem santa Rosa de Viterbo, o sapateiro Novelono de Faenza, o lavrador Luchésio de Poggisbonsi, e tantos outros.

Inaugura-se, então, uma verdadeira avalanche a precipitar-se história abaixo, provocando transformações radicais nos parâmetros de encontro e desencontro dos homens consigo mesmos, com Deus e com os outros homens das gerações futuras (Cf. Fontes Franciscanas, Mensageiro de Santo Antônio, p. 9). Disso nos testemunham os famosos “I Fioretti” de São Francisco e de seus Companheiros, bem como os Escritos de São Francisco e demais textos das nossas conhecidas “Fontes Franciscanas”.

Por isso, assim como a Igreja, hoje, espera e exorta para que a Palavra de Deus volte a ser o coração e a fonte da vida e de toda a atividade eclesial (VD 1), também nós não temos outro caminho senão esse: de novo, como os primeiros seguidores de Francisco, logo após sua morte, fazer com que seus Escritos e as assim chamadas Fontes Franciscanas, também conhecidas como a “Bíblia Franciscana”, venham a se constituir não apenas num material de referência ou consulta, mas, de fato, depois da Sagrada Escritura, na primeira e única fonte de água viva para nossa Vida e Missão. Pois, como o próprio Francisco diz, suas cartas e escritos são palavras odoríferas do próprio Senhor (2CF 2). Por isso, também, insiste para que todos as recebam benignamente, entendam e façam cópias para os outros, pois, se nelas perseverarem até o fim, terão a bênção do Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém (Cf. idem, 88).

Foto de Circuito Fora do Eixo

sábado, 28 de janeiro de 2012

Ajude a erradicar a hanseníase





O projeto de erradicação da hanseníase no Brasil não é propriamente dos franciscanos, mas queremos somar nossas forças para colaborar com o Governo e com outras entidades, que já estão trabalhando nesta área há muito tempo. 


Na verdade, esta motivação já vem desde o tempo de nosso fundador, São Francisco de Assis, no encontro que teve com o "leproso" e o levou à superação do seu próprio preconceito em relação à doença!

Além disso, o Brasil é o segundo país do mundo em casos de hanseníase, uma doença que existe desde os tempos bíblicos e que hoje tem cura.

Mas para se chegar à erradicação, é preciso informar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce, que você mesmo pode fazer conhecendo os sintomas. Por isso, estamos lançando, o Projeto Franciscano pela Erradicação da Hanseníase . Com a sua ajuda vamos vencer o preconceito, obter diagnósticos e encaminhar as pessoas ao tratamento

"Por que o município de Queimados, e a Baixada Fluminense de um modo geral, tem um índice tão alto? Em Queimados, esse índice chega a 4,8 casos para cada dez mil habitantes

Maria Leide de Oliveira, da Sociedade Brasileira de Dermatologia: É mais que o dobro da taxa do estado e do país. São condições sócio-econômicas e históricas de ocupação da Baixada que levam a isso, assim como a falta de acesso ao serviço de saúde, para que ocorra o diagnóstico precoce da doença. (RJTV 2005)"

HANSENÍASE, ANTIGAMENTE CHAMADA DE LEPRA, É UMA DOENÇA INFECCIOSA, DE EVOLUÇÃO CRÔNICA (muito longa) CAUSADA PELO MYCOBACTERIUM LEPRAE, MICROORGANISMO QUE ACOMETE PRINCIPALMENTE A PELE E OS NERVOS DAS EXTREMIDADES DO CORPO. 

Neste clipe foram usadas músicas livres, do grupo Fresh Body Shop do álbum Orgamilk:
Words of happiness
One more joke
Nice day

VIVENDO O MISTÉRIO DO MILAGRE (Cf. Jo 6,1-15)...



















VIVENDO O MISTÉRIO DO MILAGRE (Cf. Jo. 6,1-15)...


O ser humano, por sua limitação e dependência da criação, tem necessidades que precisam ser supridas; e Deus, na sua infinita misericórdia, é Aquele que supre tudo o que necessitamos para viver; fora de Deus não há satisfação permanente, mas somente algum tipo de satisfação momentânea, daí o ser cogente (necessário) viver da fé, como está escrito: “O justo vive da fé”. Por isso, a vida é um milagre em todos os sentidos e só Deus com o seu poder criador-redentor salva os que nele confiam porque liberam esse poder de Deus por meio da fé.

Viver o milagre é desprover-se de todo interesse mesquinho e fugaz, é viver a acepção plena da pertença, é o ser de Deus “com Cristo por Cristo e em Cristo”; é ser o homem espiritual a que São Paulo se refere, isto é, o homem conduzido pelo Espírito Santo de Deus, “que julga todas as coisas e não é julgado por ninguém”. (1Cor. 2,15). É aquele que percebe o verdadeiro sentido das coisas, pois vê a essência delas pela graça de Deus. Crê é ser aquilo que acreditamos; e assim, de fato, viveremos o milagre da existência experimentando em nós mesmos e na criação a presença e a ação de Cristo Jesus. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

Nos Evangelhos, não se aprende doutrina, mas sim uma forma de estar no mundo

Entrevista com José Antonio Pagola

"É preciso descobrir o caminho aberto por Jesus e ser seus seguidores". A afirmação é de José Antonio Pagola, teólogo e ex-vigário geral da diocese de San Sebastián, na Espanha, que apresentou nesta quarta-feira, 25 de janeiro, em Donostia, seu livro El camino abierto por Jesús: Marcos (Ed. Desclée de Brouwer). Ele nota isso em sua própria carne e na forma de polêmica. Apesar dos inúmeros obstáculos por parte da hierarquia eclesiástica, sua obra Jesus. Aproximação histórica (Ed. Vozes) tornou-se um best-seller que está sendo publicado nestes dias em croata, francês e russo. "Os números de vendas não me interessam", diz.

A reportagem é de Cristina Turrau, publicada no sítio Diario Vasco, 26-01-2012. A tradução é deMoisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

A relação do senhor com as livrarias e com os leitores está se tornando uma relação de amor.


Este livro que se apresenta hoje é a segunda parte de um projeto editorial que tem por título geral O caminho aberto por Jesus e será composto por quatro pequenos volumes. Cada um deles é dedicada a um dos evangelistas. Há um ano, foi publicado o livro de Mateus. Antes do Natal, apareceu o de Marcos. Para a Semana Santa, será publicado o de Lucas. E no outono [europeu] sairá o de João, além de um box com os quatro livros.

Seu projeto é ambicioso...

Estes livros nascem por causa do meu desejo de aproximar os homens e as mulheres de hoje ao caminho aberto por Jesus. E essa ideia do caminho tem muito importância.

A saber...

Os primeiros seguidores de Jesus não se sentiam membros de uma nova religião. Eles não se sentiam membros de uma instituição, mas sim homens e mulheres que descobriram um novo caminho para viver. Na Carta aos Hebreus, um escrito que circula em torno do ano 60 e que foi recolhido no Novo Testamento, fala-se de um caminho novo e vivo, inaugurado por Jesus, que é preciso percorrer com os olhos fixos nele.

É o que o senhor vem propondo.
Eu vejo a necessidade de que, na Igreja, se dê uma transformação para os homens e as mulheres de hoje. Não basta se sentir adepto de uma religião chamada de cristã, mas é preciso descobrir o caminho aberto por Jesus e ser seus seguidores. Hoje, muitos de nós vivem dentro da Igreja e se sentem cristãos sem ter tomado a decisão de ser discípulos. Fazemos o percurso sem sermos guiados pelas suas atitudes fundamentais e pelo estilo de vida. Jesus pode ser hoje uma figura humanizadora, que ensina a viver tanto as pessoas que se sentem cristãs como aquelas que não se sentem assim. E isso ocorre em um momento de crise, não só religiosa. Vivemos uma "omnicrise", e parece que não estamos acertando em alguma coisa.

Embora tenha havido problemas, não faltarão editores para os seus livros...
Este segundo livro foi publicado pela Desclée de Brower devido a alguns problemas, mas a coleção sairá pela PPC. Desde que deixei a responsabilidade como vigário geral da diocese, fiz todo um projeto.

Sim?

A primeira coisa que fiz foi dedicar oito ou nove anos para pesquisar melhor a figura de Jesus. Na realidade, esse foi o tema de toda a minha vida. Em Jesus. Aproximação histórica, comuniquei e ofereci o que hoje pode se dizer de maneira razoável e confiável sobre a trajetória humana e histórica de Jesus.

Chegaram mais livros.

Com o meu segundo projeto, tento apresentar de maneira simples e com uma linguagem acessível e próxima, mas que "toque" as pessoas, o estilo de vida de Jesus. Quando nos aproximamos dos Evangelhos, não aprendemos doutrina; descobrimos uma maneira de habitar o mundo e de interpretar a vida e a história de grande força humanizadora.

A mensagem de Jesus é de plena atualidade, o senhor defende.

Eu me dou conta de que as pessoas, nesta sociedade que parece superficial, sentem a necessidade de viver de uma maneira diferente, sem saber exatamente como. Buscamos uma vida mais digna, saudável e feliz, algo que não é fácil. E o que eu tento demonstrar é que Jesus oferece um horizonte mais humano e uma esperança. Assim perceberam os primeiros cristãos.

Com seus livros, o senhor busca ser um mediador?
Trabalho com grupos distintos, falo com as pessoas e observo que não se busca mais técnica, nem mais ciência, nem mais doutrina religiosa. Buscamos algo, mas não sabemos como formular essas questões que levamos dentro.

Quais são as diferenças entre os quatro Evangelhos?
Os Evangelhos são quatro pequenos escritos. O primeiro é o de Marcos, que aparece em torno do ano 70, provavelmente depois da destruição de Jerusalém. Depois vêm os de Mateus e de Lucas, entre os anos 70 a 90. E, por último, já passado o ano 100, aparece o de João. Mas podemos dizer que os autores não são apóstolos. A elaboração dos textos é muito complexa. Eu analiso a vida de Jesus a partir de quatro relatos que nasceram da sua recordação. E cada um deles tem sua própria maneira de ressaltar, sublinhar e ordenar essas recordações.

Dê-nos uma pincelada de especialista: Marcos.

É o Evangelho mais breve. Pode ser lido em uma hora. Ocupou um lugar muito discreto ao longo da história. E, no entanto, há um interesse crescente nele, porque nos oferece a figura de Jesus com mais frescor. Ele remonta a tradições antigas, e Mateus Lucas o utilizaram para os seus evangelhos.

Mateus.

É o evangelho mais longo e, em boa parte, segue Marcos, mas acima de tudo se caracteriza por seus grandes discursos. É o do Sermão da Montanha, das Bem-aventuranças ou das parábolas de Jesus, inesquecíveis. É o mais rabínico, provavelmente obra de um judeu que se tornou cristão.

Lucas.

Eu o recomendo para quem queira ler um evangelho inteiro e de uma vez só para ter uma ideia de como Jesus foi lembrado. Tem o evangelho da infância, muito poético. E é onde se destaca a bondade de Deus, sua compaixão e misericórdia, por exemplo, na parábola do filho pródigo.

João.

É um evangelho mais complexo, com uma cristologia muito elaborada. É mais teológico do que os demais.

Por que o lado humano de Jesus assusta?

Jesus atrai, mas é perigoso, porque é muito radical. Se você se aprofundar na ideia de que os últimos serão os primeiros, ou que você não pode servir a Deus e ao dinheiro, a vida muda. Jesus é muito sedutor, mas arriscado. Como disse algum agnóstico, é difícil dizer que ele não tem razão.

Como o senhor analisa os vetos à sua obra por parte da hierarquia?

Vão unidos à mensagem. Isso aconteceu com ele e acontece com os seus seguidores. Não é possível falar de Jesus com certa força e frescor e ficar impune.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Jesus sempre começa a curar libertando de um Deus opressor





A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1, 21-28, que corresponde ao 4º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico). O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
AQUELE QUE CURA
Segundo Marcos, a primeira aparição pública de Jesus foi a cura de um homem possuído por um espírito maligno na sinagoga de Cafarnaum. É uma cena impressionante, narrada para que, desde o início, os leitores descubram a força de Jesus que cura e que liberta.
É sábado e o povo encontra-se reunido na sinagoga para escutar o comentário da Lei explicada pelos escribas. Pela primeira vez Jesus vai proclamar a Boa Nova de Deus precisamente no lugar onde se ensina oficialmente ao povo as tradições religiosas de Israel.
As pessoas ficam surpreendidas ao escutá-lo. Têm a impressão de que até agora estiveram a escutar notícias velhas, ditas sem autoridade. Jesus é diferente. Não repete o que ouviu a outros. Fala com autoridade. Anuncia com liberdade e sem medos de um Deus Bom.
De repente um homem «põe-se a gritar: Vieste acabar conosco?». Ao escutar a mensagem de Jesus, sentiu-se ameaçado. O seu mundo religioso derruba-se. Diz-nos que está possesso por um «espírito imundo», hostil a Deus. Que forças estranhas o impedem de continuar a escutar Jesus? Que experiências más e perversas lhe bloqueiam o caminho até o Deus Bom que lhe anunciam?
Jesus não se acovarda. Vê o pobre homem oprimido pelo mal, e grita: «Cala-te e sai dele». Ordena que se calem essas vozes malignas que não o deixam encontrar-se com Deus nem consigo mesmo. Que recupere o silêncio que cura o mais profundo do ser humano.
O narrador descreve a cura de forma dramática. Num último esforço para destruí-lo, o espírito «retorceu-o e, dando um grito muito forte, saiu». Jesus conseguiu libertar o homem da sua violência interior. Pôs fim às trevas e ao medo a Deus. Daí em diante poderá escutar a Boa Nova de Jesus.
Não são poucas pessoas que vivem o seu interior com imagens falsas de Deus que lhes faz viver sem dignidade e sem verdade. Sentem-No, não como uma presença amistosa que convida a viver de forma criativa, mas como uma sombra ameaçadora que controla a sua existência. Jesus sempre começa a curar libertando de um Deus opressor.
As Suas palavras despertam a confiança e fazem desaparecer os medos. As Suas parábolas atraem para o amor à Deus, e não para a sustentação cega da lei. A Sua presença faz crescer a liberdade, não os servilismos; suscita o amor à vida, não o ressentimento. Jesus cura, porque ensina a viver apenas da bondade, do perdão e do amor que não exclui ninguém. Cura porque liberta do poder das coisas, do autoengano e da egolatria.

    quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

    Blog Família Franciscana Jardinense

    A Família Franciscana Jardinense é a reunião das fraternidades da JUFRA (Frat. Água Viva) e OFS (Frat. Santa Cecília) do munícipio de Jardim de Piranhas - RN.

    terça-feira, 24 de janeiro de 2012

    MARIA É A MÃE DA IGREJA



    MARIA É A MÃE DA IGREJA

    Maria é a Mãe da Igreja Por ser a Mãe de Cristo, Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo Místico, Maria é também Mãe da Igreja. Durante o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI declarou solenemente que: ´Maria é Mãe da Igreja, isto é, Mãe de todo o povo Cristão, tanto dos fiéis como dos pastores´ (21/11/64). Em 30/06/68, no Credo do Povo de Deus, ele repetiu essa verdade de forma ainda mais forte: ´Nós acreditamos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu a sua missão maternal em relação aos membros de Cristo, cooperando no nascimento e desenvolvimento da vida divina nas almas dos remidos´.

    A presença da Virgem Maria é tão forte e indissociável no mistério de Cristo e da Igreja, que Paulo VI no discurso de 21/11/64 afirmou que: ´O conhecimento da verdadeira doutrina católica sobre a Bem-aventurada Virgem Maria continuará sempre uma chave para a compreensão exata do mistério de Cristo e da Igreja´. Conhecer Maria “segundo a doutrina católica” é conhecer Jesus e a Igreja, pois Maria foi peça chave, indispensável, no Plano de Deus para a Redenção da humanidade.  “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher,... para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gal 4,4). Ou como diz o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, falando de Jesus: “O qual, por amor de nós homens e para nossa salvação desceu dos céus e se encarnou pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria”.

    Desde os primeiros séculos do Cristianismo Maria é reconhecida e chamada pelos cristãos de “Mãe de Deus” “Theotokos”. Desde o final do século dois, os cristãos do Egito e do norte da África, onde havia mais de 400 comunidades cristãs, já a invocavam como Mãe de Deus, na oração que talvez seja a mais antiga que a Igreja conheça: “Debaixo de Vossa proteção nos refugiamos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e bendita”.

    Para cumprir a missão extraordinária de Mãe de Deus, Maria foi enriquecida por Deus com todas as graças, e de modo especialíssimo com a graça de nunca conhecer o pecado: nem o original e nem o pessoal. Foi concebida no seio de sua Mãe, santa Ana, sem a culpa original. O dogma da “Imaculada Conceição de Maria”, reconhecido pela Igreja desde os primeiros séculos, foi proclamado solenemente pelo Papa Pio IX, em 8/12/1854, através da Bula “Ineffabilis Deus”: “Nós declaramos, decretamos, e definimos que... em virtude dos méritos de Jesus Cristo... a bem aventurada Virgem Maria foi preservada de toda mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição...”

    Nas aparições a Santa Catarina Labouré, em Paris, em 1830, Maria ensinou-lhe a conhecida oração que foi cunhada na “Medalha Milagrosa”: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Em 1858, quatro anos após a solene declaração do Papa Pio IX, Ela mesma revelou seu nome a Santa Bernardete, em Lourdes: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Por isso, o último santo Concílio a chamou de: “Mãe de Deus Filho, e, portanto, filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo” (LG, 53). E ainda registra o Santo Concílio Vaticano II que: “Com este dom de graça sem igual, ultrapassa de longe todas as outras criatura celestes e terrestres” (idem).

    E repete as palavras de Santo Agostinho: “Verdadeiramente mãe dos membros de Cristo ... porque com o seu amor colaborou para que na Igreja nascessem os fiéis, que são membros daquela Cabeça”. E mais: “Por esta razão é também saudada como membro supereminente e absolutamente singular da Igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado da mesma, na fé, e na caridade; e a Igreja católica, guiada pelo Espírito Santo, honra-a como Mãe amantíssima, dedicando-lhe afeto de piedade filial”. (LG,53). E o Sagrado Concílio reconhece que Maria: “... na Santa Igreja ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós”. (LG,54).

    Maria é aquela Mulher que atravessa toda a história da salvação do Gênesis ao Apocalipse. Ela é a Mulher que vence a Serpente, que havia vencido a mulher: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. (Gen 3,15). Quando Jesus chama a sua Mãe de Mulher, é para nos indicar quem é a grande Mulher predileta de Deus: “Mulher, isto compete a nós? Minha hora ainda não chegou”. (Jo 2,4). “Mulher, eis aí teu filho”. (Jo 19,26).

    Maria é a Virgem que o profeta anunciou que haveria de conceber e dar à luz um Filho, cujo nome é Emanuel (cf Is 7,14; Mq 5,2-3; Mt 1,22-23). Pela primeira virgem entrou o pecado na história dos homens, e com ele a morte (Cf. Rom 6,2); pela nova Virgem entrou a salvação e a vida eterna. Foi ela quem deu a carne ao Filho de Deus, para que “mediante os mistérios da carne libertasse o homem do pecado”. (LG,55). Sem isto Cristo não poderia ser o grande e eterno Sacerdote da Nova Aliança. Eis aí o papel indispensável de Maria. Como diziam os Santos Padres: “Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e com inteira obediência” (LG, 56). “Quis, porém, o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida da aceitação por parte da Mãe predestinada, a fim de que, assim como uma mulher tinha contribuído para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida” (idem). Os Santos Padres disseram: “O laço da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva atou com sua incredulidade, a Virgem Maria desatou pela fé”. (S. Ireneu). E ainda, disse S. Jerônimo: “A morte veio por Eva, a vida por Maria”.

    A união de Maria com Jesus, na obra da Redenção, acontece desde a Encarnação até o Calvário. Assim foi na visita a Isabel (Lc1, 41-45), no nascimento na gruta de Belém, na apresentação no Templo diante de Simeão (Lc 2, 34´35), no encontro entre os doutores (Lc 2, 41´51). Na vida pública de Jesus, Maria logo se manifesta nas bodas de Caná, antecipando a hora dos milagres (Cf. Jo 2,11), revelando-se a mãe de misericórdia e intercessora nossa. Durante a pregação de Jesus, recolhia as suas palavras e “guardava tudo no coração”. (Lc 2,19 e 51). E assim ela foi avançando no caminho da fé e manteve fielmente a sua união com o Filho até a cruz, onde estava, por vontade de Deus, de pé (Jo 19,25), oferecendo-o ao Pai por cada filho. Com Jesus ela sofreu profundamente. Como disse alguém, “Jesus sofreu a Paixão, Ela a compaixão”. A espada predita por Simeão atravessou-lhe inteiramente a alma.

    Assim se expressou o Santo Concílio: “Sofreu profundamente com o Unigênito e associou-se de coração materno ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vítima que ela havia gerado; finalmente, ouviu estas palavras do próprio Jesus Cristo, ao morrer na cruz, dando-a ao discípulo por Mãe: “mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26-27),(LG,62). Após a Ascensão do Senhor ao céu vemos Maria com os seus discípulos, aguardando a vinda do Prometido do Pai, implorando com suas orações a chegada do Espírito Santo: “Todos eles perseveravam unanimemente na oração; juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1,14). E, finalmente, terminando a sua vida terrena, ela que fora preservada de toda mancha do pecado, “Foi levada à glória celeste em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para que se parecesse mais com o seu Filho, Senhor dos Senhores (cf. Apo 19, 16) e vencedor do pecado e da morte” (LG 59).

    Maria não substitui a Mediação única de Cristo diante do Pai. São Paulo deixou claro: “Porque há um só Deus, também há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, verdadeiro homem que se ofereceu em resgate de todos” (1 Tm 2,5´6). A função maternal de Maria acontece por livre escolha de Deus e não por necessidade intrínseca e se realiza pelos méritos de Cristo e de sua mediação única, e dela depende absolutamente em toda a sua eficácia, isto é, sem o sacrifício redentor de Cristo, a função de Maria como medianeira, não seria possível. Portanto, Maria, longe de impedir o contato dos seus filhos com o Filho, o facilita ainda mais. Logo, Maria jamais substitui a única e indispensável mediação de Jesus diante do Pai, mas coopera com ela para o bem de seus filhos. No céu ”garante a Igreja” Maria continua a sua missão de Intercessora para “obter-nos os dons da salvação eterna”. “Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz” (LG, 62).

    Sem nada diminuir ou acrescentar à exclusividade de Cristo, Mediador único, Maria é invocada pelos seus filhos com os títulos de Advogada, Medianeira, Auxiliadora dos Cristãos, Refúgio, Consoladora, Porta do Céu, e muitos outros. Por todas essas razões a Igreja presta, e sempre prestou, um culto especial a Maria, Mãe de Deus. Não um culto de adoração (latria), que só é devido a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), mas um culto de hiper-veneração (hiperdulia). “O Sagrado Concílio ensina deliberadamente essa doutrina católica e exorta ao mesmo tempo todos os filhos da Igreja a que promovam dignamente o culto da Virgem Santíssima, de modo especial o culto litúrgico; e que tenham em grande estima as práticas e os exercícios de piedade que em sua honra o magistério da Igreja recomendou no decorrer dos séculos” (LG, 67). E o santo Concílio adverte: “Recordem-se os fiéis de que a devoção autêntica não consiste em sentimentalismo estéril e passageiro ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com a nossa Mãe, e à imitação das suas virtudes´ (LG, 67).

    A Virgem Maria sempre deu provas claras do seu amor maternal à Igreja, especialmente nos momentos em que esta foi ameaçada. Quando, por exemplo, em 1571, a civilização cristã estava em risco na Europa, devido ao ameaçador avanço dos mulçumanos, o Papa S. Pio V implorou a proteção de Maria em favor do povo cristão, pedindo que a Virgem afastasse, de uma vez por todas, os perigos do islamismo. No dia 07/10/1571, na grande e decisiva batalha de Lepanto, na Grécia, as tropas dos príncipes cristãos venceram definitivamente os turcos otomanos. Para agradecer à Mãe da Igreja essa vitória insigne, o Papa mandou incluir na Ladainha Lauretana a invocação, “Auxiliadora dos Cristãos, Rogai por nós”, e definiu o dia 7 de Outubro como o dia de Nossa Senhora do Rosário, em agradecimento e homenagem à proteção dada à Igreja.

    Outro fato marcante da providência da Mãe e Auxiliadora, se viu quando o imperador Napoleão Bonaparte mandou prender o Papa Pio VII, que não quis aprovar a anulação do seu casamento com Josefina. Na noite de 5 a 6 de julho de 1809 Napoleão mandou prender o Papa em Savona (Itália do Norte), que foi submetido a vexames por parte do imperador. Em 1812 o Papa foi transferido para a cadeia de Fontainebleau perto de Paris. Em todo o seu sofrimento o Papa se recomendou aos cuidados de Nossa Senhora, Auxiliadora dos Cristãos. Em 10/03/1814, já vencido pelos inimigos, Napoleão deu liberdade ao Papa, que neste dia partiu para Roma, onde chegou em 24 de maio, passando por Savona. Nesta cidade coroou Nossa Senhora com uma coroa de ouro, em agradecimento de sua libertação. No dia 24 de maio, ao chegar em Roma, instituiu a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, dia do seu regresso a Roma. Poucos dias depois, em 11/04/1814, no mesmo Castelo de Fontainebleau, onde mandara prender o Papa, Napoleão era obrigado a abdicar do trono da França. Em 18/06/1815 era vencido na batalha de Waterloo e deportado para a ilha de Santa Helena.

    Gostaríamos de recomendar aqui a leitura do livro “A Mulher do Apocalipse” (Loyola, 1995) onde procuramos sintetizar a doutrina católica sobre Maria; e o grande livro de São Luiz de Montfort, “O Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Santíssima”, afim de conhecer melhor e amar mais a Mãe da Igreja e nossa Mãe.

    Paz e Bem!

    Do Livro: A MINHA IGREJA - Do Prof. Felipe de Aquino

    Fonte: http://www.cleofas.com.b

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