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segunda-feira, 30 de junho de 2008

A beleza e o Sagrado, segundo Cláudio Pastro

Artista plástico pede responsabilidade dos bispos na promoção do belo
Por Alexandre Ribeiro

SÃO PAULO, sexta-feira, 27 de junho de 2008 (ZENIT.org).

- «A perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado», afirma Cláudio Pastro.

Maior nome da arte sacra no Brasil e reconhecido mundialmente (responsável pelo projeto artístico de 300 igrejas, capelas e catedrais no país e no exterior, em 33 anos dedicados à arte sacra), o artista plástico natural de São Paulo conversou com a Agência Zenit sobre o lugar fundamental que a beleza ocupa na Igreja.

Cláudio Pastro lançará no próximo semestre o livro «O Deus da Beleza» (Ed. Paulinas), onde amplia as discussões sobre o assunto. A FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) realizará em São Paulo, em 2009, uma grande exposição do trabalho do artista, intitulada «Arte sacra contemporânea».

«A beleza tem um sentido objetivo: “é ou não é”, e independe do meu (subjetivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”», comenta Pastro na entrevista.

-A arte e o cuidado com a beleza na liturgia e na composição dos espaços sagrados são muitas vezes tratados como algo acessório. Mas esses elementos são apenas isso?

-Cláudio Pastro: A arte é a linguagem fundamental de todas as religiões, pois a arte é a única palavra (imagem) universal a todos os homens. Tratar a beleza como algo acessório na liturgia e no espaço sagrado é desconhecer o que é beleza, liturgia e sagrado. Hoje, há uma crise na beleza porque a crise está na religião. A religião não dá pistas, não é referência para o homem contemporâneo, pois vive-se fora e dentro dela com os mesmos princípios e expressões.

“A Verdade, o Bem e a Beleza são três lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra” (Dionísio, o Areopagita, séc. V). No cristianismo, como no judaísmo e no islamismo, “Deus é a Beleza” entendida nessa trilogia, e a beleza (a verdadeira e justa) só aflora, só se manifesta a partir do ser mesmo de Deus. Considerar a arte e a beleza como supérfluos, decorativos, “a mais” é não ir ao fundo d’Aquele que dizemos contemplar. Luxo e moda nada têm a ver com religião.

Um exemplo a comentar: participei de uma Missa para comemorar os 15 anos de uma jovem. (Essa não é a função da Missa). O Altar mais parecia um bolo de noiva de tão enfeitado. (Pergunto: o que é o Altar?). Ainda mais, as músicas eram tiradas de “novelas” e a jovem vestia-se como donzela em busca do príncipe encantado. O presidente da celebração (o padre), muito perdido, referia-se exclusivamente à jovem como sendo ela “uma deusa” etc. etc. Sentia-me num programa de calouros de TV. O objeto, o centro da Divina Liturgia desaparece. Havia aí uma evidente mentira. Tudo estava fora de lugar. (Pergunto: o que é Liturgia? O que é o sagrado?). O que determina a beleza é o Único Belo, Aquele que faz a vida bela.

Em todas as religiões, o monaquismo, a vida “fechada” nos Mosteiros e sua Liturgia desinteressada têm sido um celeiro de beleza e louvor, uma antecipação da promessa de Paraíso (Eternidade) e, depois, saindo dessa celebração, o crente poderá enfrentar a Babilônia da sociedade. Hoje, sobretudo os Mosteiros cristão (mais os masculinos) estão em crise também.

Arte e religião são elementos gratuitos e celebrativos e não teatro, cenário, comércio... Aqui é bom lembrarmos Gogol (o literato russo): “o diabo também se traveste de beleza”.

-Há uma perda da sensibilidade para a beleza dentro da Igreja Católica e sua liturgia? Por quê? Como tentar revertê-la?

-Cláudio Pastro: Hoje, a perda do sentido de beleza na Igreja Católica (ora romântica, ora muito racional, ora show popularesco) revela-nos a perda do sentido do Sagrado, da identidade religiosa e de unidade (não uniformidade) dentro da próprio Igreja.

A sensibilidade estética e epidérmica na Igreja está ao serviço do Belo que tudo e a todos embeleza ou é apenas “beleza por beleza” com outros fins.

A beleza tem um sentido objetivo: “é ou não é”, e independe do meu (subjetivo) parecer, do meu gosto. Assim, podemos afirmar: “gosto não se discute, se educa”. O sentido de beleza está intimamente ligado ao sentido de Sagrado. Um não vive sem o outro. E o Sagrado como a beleza se impõem, não dependem da minha pobre sensibilidade psicológica e de meus arranjos.

Para o Sagrado se revelar em beleza (verdade, justiça, certeza, prazer, entusiasmo, admiração, estupor, amor... e consequentemente as pessoas desejarem frequentar a Igreja), há um preço inerente ao ser da religião: só a oração objetiva (cuidado com os devocionismos subjetivos), a ascese, a disciplina, a contemplação, a adoração, a escuta da Palavra, a vida batismal, eucarística e evangélica nos darão discernimento para revelarmos o que somos e fazemos (e isso não só na caridade mas no profissionalismo dos ministérios, na arquitetura, arte etc.).

Grande problema da Igreja Católica tem sido a desobriga: se faz por obrigação, por “direito canônico”, com tédio e marasmo.

Regra geral, hoje não se faz arte sacra (arte sacra não é arte religiosa). A arte sacra é apenas um nome. A fealdade, a mediocridade, a vulgaridade, o desgosto são hóspedes em muitas de nossas igrejas e capelas, quando aí deveria habitar “a Beleza”, referência para o mundo. A arte sacra como o Sagrado não se definem pelo comércio; arte sacra é o esplendor, a glória do Sagrado entre nós.

Quero citar aqui o grande artista cristão, monge dominicano, beatificado pelo Papa João Paulo II, Frá Angélico. Ele nos diz: “para fazermos as coisas do Cristo é preciso pertencer ao Cristo”. O olhar cristão é o olhar do Cristo ou...

-Qual é o papel dos bispos na promoção da beleza e do cuidado com a liturgia e os espaços sagrados?

-Cláudio Pastro: Recentemente eu traduzi e a Ed. Loyola publicou um belo documento da Igreja: a “Via Pulchritudinis” (O Caminho da Beleza). Esse documento é fruto da Assembléia Plenária dos Bispos no Vaticano em 2006. Nele percebemos que a Igreja começa, novamente, a despertar para as manifestações de beleza que ela própria ao longo dos séculos testemunhou pela arte, a beleza do ser cristão e do Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44, 3).

O papel dos bispos continua a ser o mesmo em dois mil anos de história: são pastores que zelam com amor pela “Esposa do Amado”. Que a formação do clero e dos fiéis não seja apenas livresca e pastoral, mas íntegra: “corpo, alma e espírito”. Percebo que os próprios bispos, advindos do clero, não são bem formados. Muitas vezes predomina nesse meio o jogo de poder, o carreirismo, os aplausos... mais que o próprio ministério, isto é, o serviço.

Em toda Igreja, hoje, sente-se a falta de espiritualidade (que não é devocionismo) que forma o ser cristão por inteiro. Assim, podemos afirmar, a beleza da liturgia e dos espaços sagrados não é acessório da última hora, para produzir efeitos, nem tão pouco fruto de especialistas em luz, som, técnica, arquitetura, arte simplesmente, e menos ainda de mercado e moda, mas o resultado da acolhida do Espírito da Beleza, o desabrochar de uma vida verdadeira.

Extraído de http://zenit.org/article-18873?l=portuguese acesso em 30 jun. 2008.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

DESAFIOS DA FÉ

DESAFIOS DA FÉ

A vida por si mesma nos põe certos desafios que às vezes, por sua complexidade, são difíceis de compreender ou mesmo aceitar. São acontecimentos inesperados, mortes repentinas, perca de empregos, doenças, tribulações, perseguições, etc. a ponto de duvidarmos da presença de Deus diante de tudo isso.

"Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela".

“Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma”.

Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.

Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco.

Na verdade, "sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios". Deus é fiel e justo e cumpre Sua Palavra integralmente.

Paz e Bem!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A EXEMPLO DO FILHO DE DEUS

A EXEMPLO DO FILHO DE DEUS

A alma disciplinada sabe sempre o que Deus quer e faz prontamente tudo o que lhe agrada. Ora, essa disciplina nasce da vigilância e da constância do ouvir a Deus antes da tomada de qualquerdecisão.

Normalmente a primeira reação diante dos acontecimentos que vem até nós é humana, ou seja, recusar o que nos é proposto como missão, mas logo que nos dispomos a ouvir o Senhor em nosso coração, começamos a ponderar melhor o que é do seu agrado para assim decidirmos corretamente, de acordo com o seu querer.

Nas tomadas de decisões, Jesus, se recolhia em oração para ouvir o Pai e depois realizar sua missão de Filho obediente: “De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. ( Jo 5,30)

Seguir esse exemplo do Filho de Deus é cooperar com o Seu Reino de amor e pôr-se generosamente em suas mãos para amá-lo e servi-lo de todo coração.

Paz e Bem!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

OFS: Ordem? Movimento?

Paz e bem!

1 Tenho claro que
a Ordem Franciscana Secular
é uma organização do laicato católico.

2 Contudo não sei dizer
qual a diferença entre
ser uma Ordem e
ser um Movimento de leigos.

3 Qual a diferença
estrutural e organizativa
entre a OFS e um movimento?

3.1 Qual a diferença
estrutural e organizativa
entre a OFS e um movimento
como os Focolares
(movimento fundado
pela franciscana secular
Chirar Lubich)?

4 Nada impede que um movimento
tenha como objetivo:
"observar o Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo o exemplo
de São Francisco de Assis,
que fez do Cristo o inspirador
e o centro da sua vida com Deus
e com os homens."
E ainda assim seria um movimento
e não seria uma ordem.

sábado, 7 de junho de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte VI

Escolhe, pois, a Vida!

Pois bem... Estavam muito boas as férias, mas é hora de retomarmos nossas reflexões! Depois de analisar os 7 Dias da Criação, passaremos à “História das 5 Quedas”.

Mas primeiro... opa!!! Estamos no cap. 2 de Gênesis e... o mundo está sendo criado novamente?

Curioso, não!?! Tanta gente defende uma leitura bíblica ao “pé-da-letra”... Como será que eles explicam dois relatos diferentes da criação do mundo?

Teria sido o mundo criado, destruído e recriado? O que deverão ter feito as primeiras criaturas para o mundo ser destruído e refeito? Seria algo pior ainda do que no Dilúvio, pra não ser nem mencionado?

Para mim está claro!!! Ou passamos a vida toda achando os possíveis ossos de Adão e Eva, ou encaramos a Bíblia como ela realmente é: Palavra de Deus, que para Ele não volta sem causar efeito em nós (1Ts 2,13).

Ora, a Palavra de Deus não me parece tão preocupada em dizer quem foram os primeiros humanos quanto em nos dizer o que é preciso fazer para ter vida, e vida em abundância (Jo 10,10).

Portanto, ao ler o segundo capítulo, a pergunta que cabe ser feita é: Que vida Deus quer para nós?

E isso por quê??? Ora, porque o texto fala de duas árvores, das quais a humanidade deve escolher uma: a da Vida (vv. 9 e 16).

Se lembrarmos as reflexões anteriores, veremos que o primeiro relato também tinha um propósito: Fortalecer a Fé dos exilados e apontar as causas do Exílio (= Idolatria).

Morta a charada, resta saber quando e por que o texto foi escrito. Certamente não foi na mesma época do primeiro relato.

Comecemos pelo começo... No primeiro relato, “Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). No segundo, “Deus criou a terra e o céu” (Gn 2,4b). Ora, que importância tem a terra vir antes ou depois do céu, não é mesmo!?! Mas vejamos...

Continuando... Enquanto se conta os dias lá, realçando a importância do sábado, isso aqui não tem a menor importância. Quando que o sábado passa a ter importância mesmo?

Tem mais... Enquanto há abundância de água lá (sendo sinal, inclusive, do caos), aqui “Deus ainda não havia feito chover sobre a terra” (v. 5). Ah... Certamente não estamos mais (ou ainda?) na Babilônia! Será algum deserto?

Enquanto lá toda a criação é uma preparação do terreno para que venha a humanidade, aqui depende da humanidade o início da criação. Afinal, “não havia ainda nenhum [verde]... porque... não havia homem para cultivar o solo” (v. 5).

Ops!!! A terra vem antes do céu... e agora estamos falando de cultivar o solo... Ou Deus nos fez agricultores (todos nós), ou o texto é proveniente de um grupo de camponeses.

Lá, homens e mulheres são quase deuses (= Imagem e Semelhança). Ou seja... o rei babilônio pode até parecer um deus... Mas é gente!!!

Aqui o homem é feito do barro! Quer ligação mais perfeita com a terra?

Enquanto o Espírito pousava sobre as águas lá, aqui Ele anima água e terra (v. 7). Do barro, Deus faz o homem e todos os animais (v. 19). Não somos Um apenas entre nós, mas com toda a criação.

Um parêntese: Notem que até aqui não falamos da mulher. É que ela vem depois, da costela do homem.

Podem dizer o que quiserem... que Deus não faz a mulher dos pés, nem da cabeça... que ela é tirada da costela, para ficar ao lado do homem... mas ainda assim ela vem em segundo lugar e sua condição é de “auxiliar” do homem (v.18).

Isso está claro no texto... não está??? Ora, devemos estar numa época de forte cultura patriarcal. Nem tudo é libertador no texto... algumas coisas ficam presas à época e à cultura. Assim como esta nossa análise, feita nos dias de hoje.

Por fim, o homem é criado fora do Éden e colocado lá dentro (v.8). O paraíso seria o céu? Enfim... Deus o introduz no Jardim, com a missão de cultivar, de cuidar do solo.

Tarefa fácil!!! Todos os grandes rios conhecidos daquela época brotam do Éden (vv. 10-14). Ou seja... terra e água o Jardim tem de fartura. Aqui, em se plantando, tudo dá!

Estamos, com toda certeza, falando do mundo dos sonhos de um camponês. Uma terra de onde o verde brota espontaneamente, bastando apenas cuidar de uma ou outra erva daninha. É certamente “uma terra onde mana leite e mel”.

Bom... Ainda não podemos dizer qual a data, exatamente. Mas podemos dizer que o texto não foi escrito no Exílio e nem por sacerdotes. É gente da roça que nos fala: Escolham a Vida!!!

Mas quando isso??? E o que estava tirando a vida do povo??? É o que veremos, a partir do próximo texto...

Até lá!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A DIMENSÃO SOCIAL DA VOCAÇÃO HUMANA

“Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não pagueis a ninguém o mal com o mal. Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos os homens.” (Rm 12,16-17)

Como todo chamado, a vocação do homem para viver em sociedade nasce da União Trinitária, Sociedade Perfeita fundamentada no Amor e somente Nele: o Pai que Ama o Filho; o Filho que ama o Pai; o amor do Pai pelo Filho e do Filho pelo Pai, gera o Espírito Santo, formando a Comunidade Perfeita de Amor.

Quando Deus criou o homem disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra.” (Gn 1,26). “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher." (Gn 1,27).

E ainda: “Nele (Cristo) foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele.” (Col 1,16). Por meio dessas passagens bíblicas vemos a ação das pessoas divinas em sociedade, nos ensinando com isso como devemos viver nossa vocação social. Temos como exemplo desse seguimento as primeiras comunidades cristãs que viviam a nova sociedade baseada no amor do Senhor: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum.” (At 2,44). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.” (At 4,32).

Pelo que percebemos, nestes textos, o homem foi criado para agir em conformidade com o seu criador a partir do propósito divino a seu respeito: viver em comunhão uns com os outros e com toda a criação até chegarmos todos à plenitude da perfeição à qual estamos destinados. Ou seja, a sociedade idealizada pelo Senhor de nossas vidas passa impreterivelmente pelo cuidado, não só de uns pelos outros, mas também por toda a obra criada, desde os animais até toda forma de vida que comporta esse nosso planeta. Mas não é isto que está ocorrendo em nossos dias atuais.

Porque o nosso mundo está enfermo, em estado de coma profundo, prestes a ter um colapso nervoso fatal. E tudo por conta da não comunhão com a vontade de Deus. Vemos isto nas instituições governamentais e não governamentais, nas instituições religiosas, familiares; nos meios de comunicação social e nos mais variados seguimentos de nossa sociedade; ao que parece reina o desvario de mentes insanas e perversas que impõem todo tipo de contra valores, a ponto de não pouparem nem a vida humana e muito menos a nossa fauna e flora.

Os efeitos dessa desobediência às Leis de Deus são: o deserto de valores humanos e eternos que nos cerca; as catástrofes naturais; as doenças malignas incuráveis; a perversão de toda espécie; o tráfico e consumo de drogas; comércio ilegal de armas; violência desenfreada; roubos, seqüestros, corrupção, assassinatos etc.
E o pior de tudo é que homens e mulheres envolvidos nisso, não aprendem, não se convertem e continuam semeando os mesmos erros, se afastando ainda mais da vontade do Senhor. O resultado é o caos e o inferno em que a humanidade se encontra. De fato, estamos vivendo o começo do fim.

Porém, nem tudo está perdido visto que, Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, nos chama a partilhar Consigo nossa vida, pára, como os primeiros cristãos, formarmos uma sociedade baseada no Seu Amor e no Propósito divino para o qual nos criou. Porque sem Ele nada somos nada podemos, uma vez que Ele é a nossa única razão de ser e existir no mundo.

Paz e Bem!

terça-feira, 3 de junho de 2008

NA COMUNHÃO DO SENHOR

NA COMUNHÃO DO SENHOR

“Isto é o meu corpo que será entregue por vós”.


Meu Deus! Somos frutos do teu amor e muitas vezes não entendemos o porque de tão grande predileção do Senhor por nós e colocamos tudo a perder com a nossa desobediência e escolhas erradas. Somos templos do Espírito Santo, lugares sagrados onde o Senhor habita, sacrários vivos de Deus e mesmo assim, na ignorância, abandonamos todo esse mistério de amor para vivermos no pecado e na morte.

Senhor, será que somos tão insensíveis a ponto de nos deixarmos escravizar por nossa maneira de pensar e de agir? Será que ainda não entendemos o porque de tua vinda? Deus veio ao mundo criado, tomou nossa carne, uniu-se a nós pela graça do Espírito Santo por meio de Maria e quis ser pão do céu na terra para permanecer para sempre conosco e em nós, para assim nos conduzir à sua glória. “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim eu nele”. (Jo 6,35. 56).

Então, o que é comungar o Corpo e o Sangue de Cristo, senão permanecer nele, viver nele e dele? Será que dá comungar com o pecado e com o Corpo do Senhor? Não pode existir associação entre a luz e as trevas, ou somos luz ou somos trevas. Ninguém pode servir a dois senhores. A comunhão eucarística é mais do que entendemos ou pensamos a respeito deste sacramento; comungar é ser aquilo que se comunga, não é apenas alimento de salvação, é a própria salvação; é doação mútua, é união perfeita de quem tem sede e fome de eternidade, de santidade, de justiça e de paz. É por isso que São Paulo escreve: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é esse o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Rom 12,1-2).

E ainda: “Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: ´Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim`. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: ´Este cálice é a nova aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim`. Assim, todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se exânime a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Aquele que o come e bebe sem distinguir o Corpo e o Sangue do Senhor, come e bebe a sua própria condenação”.


Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo”.
(1Co 11,23-30).

Comungar-te Senhor, te faz presente em nós aqui na terra, nos faz transparência da eternidade no mundo e glória do teu povo a caminho do teu reino!


Paz e Bem!

Frei Fernando, OFMConv.

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