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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Trânsito de São Francisco

(Cada qual procure fazer as devidas adaptações)

Narrador I: Irmãos e irmãs,

Narrador I e II: Paz e Bem!

Narrador I: Daremos início agora à Celebração do Trânsito de São Francisco.

Narrador II: Ou seja, celebração de sua morte, ou melhor, de sua passagem desta vida para junto de seu amado e querido Pai do Céu.

Narrador I: Preparemo-nos cantando:

(Canto)

Narrador II: Transportemo-nos para Assis, há quase 800 anos. Três de outubro de 1226.

(Entra frei Elias)

Narrador I: Esse é Frei Elias de Cortona, então Ministro geral da Ordem dos Frades Menores.

(apagam-se as luzes, menos as do local de onde frei Elias vai fazer seu anúncio. Pode-se tb. iluminar o local só com velas).

Frei Elias: Eu, Frei Elias, pecador, saúdo os amados Ministros provinciais e Frades do mundo inteiro.

Antes de começar a falar suspiro e gemo, pois afastou-se de nós o Consolador. O Amado de Deus e dos homens, nosso seráfico pai Francisco, acaba de partir e de ser recepcionado nas mansões da luz divina. É uma perda comum para todos. Chorai comigo irmãos, porque sofro demasiada dor e choro convosco porque somos filhos sem pai e privados da luz de nossos olhos.

Mas, ao mesmo tempo, vos anuncio uma grane alegria e a novidade de um milagre. Não muito tempo antes de morrer nosso irmão e pai apareceu crucificado, carregando em seu corpo as cinco chagas que são verdadeiramente os estigmas de Cristo. Portanto, irmãos, bendizei o Deus do Céu e rezai por ele.

Nosso Pai e Irmão, Francisco, passou para Cristo na primeira hora da noite que precedeu o domingo, dia 4 de outubro e foi assim:

(Música)

Narrador I: Nos últimos dias de sua vida, Francisco, por causa da gravidade de suas enfermidades fora levado para a Casa do Bispo em Assis. (Música enquanto Francisco entra conduzido por frades).

Narrador II: A exemplo de seu Mestre, derrubado fisicamente de todos os lados, e interiormente atormentado por inúmeras provações e tentações diabólicas, pressentiu que seu fim aqui na terra estava próximo.

Narrador I: Para provar um pouco de alívio pediu, então, que alguns frades lhe entoassem o Cântico das criaturas que ele mesmo compusera dois anos antes para louvar e engrandecer seu Senhor.

(Declamação ou canto do Cântico do Irmão Sol)

Cantores (declamadores):

Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são os louvores, a glória e a honra
e toda a bênção.

Só a ti, Altíssimo, eles convêm,
e homem algum é digno
de te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente, com o senhor irmão sol,
o qual é dia, e por ele nos alumias.

E ele é belo e radiante
com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, é sinal.

Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e as estrelas,
que no céu formaste claras,
preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor,
pelo irmão vento,
pelo ar e pelas nuvens,
pelo sereno e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã água,
que é mui útil e humilde
e preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,
pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite.
E ele é belo e jucundo
e robusto e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,
pela nossa irmã a mãe terra,
que nos sustenta e governa,
e produz frutos diversos
e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,
pelos que por teu amor perdoam,
e sustentam enfermidades e tribulações.

Bem-aventurados os que as sustentam em paz,
pois, por ti, Altíssimo, serão coroados.

Narrador: Neste momento, Francisco interrompe o Cântico e de improviso introduz mais um verso com essa surpreendente saudação:

Francisco:

Louvado sejas, meu Senhor,
por nossa irmã a morte corporal,
da qual homem algum pode escapar.

Ai daqueles que morrem em pecados mortais:
bem-aventurados os que a morte encontrar
dentro de tuas santíssimas vontades,
porque a morte segunda não lhes fará mal.

Cantores (declamadores):

Louvai e bendizei a meu Senhor
e rendei-Lhe graças e servi-O com
grande humildade.

Narrador I: Terminado o canto, Francisco pede que o levem para a Porciúncula, pois queria entregar sua alma a Deus naquele igrejinha onde outrora ouvira Cristo enviar os Apóstolos pelo mundo para anunciar sua Boa Nova; lá onde tomara a decisão de seguir Jesus Cristo pobre e crucificado, exclamando: “É isto o que eu quero, é isto o que eu desejo, é isto que eu vou fazer com todas as minhas forças”. Terminado o pedido acrescentou:

Francisco: Irmãos meus, caríssimos! O altíssimo, onipotente, santíssimo e sumo Deus; Aquele que é todo o bem, o sumo bem, o bem inteiro, o único bem concedeu a mim a graça de seguir e imitar seu Filho Jesus Cristo, pobre e crucificado. Durante toda a minha vida fiz de sua vida a minha vida, de seu Evangelho a minha Boa Nova, de sua Paixão a minha paixão. Por sua graça, também, fiz a minha parte! Que o mesmo Senhor vos ensine a fazer a vossa.

Narrador: Acompanhado pelos frades e grande multidão de povo Francisco foi sendo conduzido para a Porciúncula.

(A procissão dirige-se à porta central da igreja. Durante a Procissão pode-se cantar).

Canto:

(Chegados no meio da igreja ou na porta central)

Narrador I: Quando estavam a meio caminho, no hospital dos crucíferos, onde cuidara dos leprosos e donde se pode visualizar todas as casas de Assis, pediu que o colocassem por terra.

Narrador II: Voltado para a cidade e dizendo-lhe adeus abençoou sua terra natal e todos as pessoas do mundo inteiro:

Francisco: Em nome do Senhor, do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

A todos os cristãos, religiosos, clérigos e leigos, homens e mulheres, a todos que habitam no mundo inteiro, Frei Francisco, seu servo e súdito, reverente saúda a todos com a verdadeira paz do Céu e a sincera caridade no Senhor. Como não posso visitar pessoalmente a cada um, por causa da enfermidade e debilidade do meu corpo, propus-me, dirigir-vos as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o verbo do Pai, e as palavras do Espírito Santo, que são espírito e vida.

As autoridades, os governadores e os que estão constituídos em autoridade, exerçam suas funções com misericórdia, como gostariam de ser julgados por Deus com misericórdia...

Os religiosos em particular, que renunciaram ao mundo, são obrigados a fazer mais e melhores coisas que os simples cristãos: renunciar aos bens deste mundo e odiar os vícios e pecados da alma e do corpo.

Irmãos, não sejamos sábios e prudentes segundo a carne, mas simples, humildes e puros e nunca desejar estar acima dos outros, mas antes sermos submissos e obedecer a todos os homens e até mesmo a todas as criaturas.

Lembrai-vos todos que vosso dinheiro, vossos títulos, vossa ciência, tudo que acreditais possuir neste mundo vos será tirado. Eu, Frei Francisco, vosso servo menor, rogo e vos suplico na caridade, que é Deus, e com a vontade de beijar vossos pés que, com humildade e caridade recebais, opereis e observeis estas e as outras palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo. E todos aqueles e aquelas que as receberem benignamente, entenderem e nelas perseverarem até o fim, abençoe-os o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém.

Narrador I: Terminada a bênção continuaram a procissão;

(Durante a procissão, canto até retornarem ao presbitério em cujo centro foi colocada a réplica da Porciúncula:)

Canto:

Narrador II: Tendo descansado alguns dias no lugar que tanto amava e sabendo que sua hora estava chegando levantou as mãos para o céu, louvou a Cristo porque, livre de tudo, já estava indo ao seu encontro.

Narrador I: Querendo imitar seu Mestre até o fim, mandou que lhe trouxessem um pão. Tendo-o abençoado partiu-o e deu um pedacinho para cada um dos irmãos.

(Francisco estende as mãos sobre o pão e os pãezinhos dos cestos. Traça sobre eles o sinal da Cruz. Reparte a pão grande com os frades. Logo em seguida alguns frades repartem os demais pães com o povo. Essa partilha poderia, também processar-se dessa forma: não entregar um pão para cada pessoa, mas um para duas ou três para que elas também o repartam entre si. Durante esta cena pode-se cantar).

Narrador II: Recordava assim, aquela sacratíssima Ceia que foi a última celebrada pelo Senhor com seus discípulos em sinal de seu eterno amor para com eles e para com todos os homens.

Narrador I: Naqueles dias, Francisco recebeu, também, a visita de um médico de Arezzo, conhecido e familiar seu chamado Bom João.

Narrador II: O Bem-aventurado Francisco interrogou-o:

Francisco: Que te parece irmão João? O que me dizes acerca dessa minha doença? Dize-me a verdade porque pela graça de Deus não sou covarde para temer a morte. Com a ajuda do Senhor e por sua misericórdia estou tão ligado a Ele que estou contente tanto com a morte como com a vida.

Médico: Pai, segundo nossa ciência, tua doença é incurável e pelos fins de setembro ou em poucos dias haverás de morrer.

Narrador I: O Bem-aventurado Francisco que estava deitado na cama, doente, abrindo os braços e as mãos para o Senhor exclamou:

Francisco: (com gratidão e alegria) Bem-vinda minha Irmã morte!

Narrador I: A seguir, ele mesmo o quanto pode entoou o Salmo 141:

Francisco:

- Em alta voz eu clamo ao Senhor + em alta voz eu suplico ao Senhor.

- Diante dele derramo a minha queixa + diante dele exponho minha angústia.

- Clamo a Ti, Senhor, dizendo: “Tu és meu refúgio + a minha parte na terra dos vivos”.

- Ensina-me a fazer tua vontade, pois tu és meu Deus + Teu bom espírito me guie por terra bem plana.
- Pela honra de teu nome, Senhor, tu me farás viver + por tua justiça me farás sair da angústia.

Narrador I: E voltando-se para os frades:

Francisco: Meus irmãos, quando perceberdes que cheguei ao fim, do jeito que me viste despido anteontem, assim me colocai no chão. Pois nu quero morrer também eu em memória daquele que nu por todos nós morreu na cruz.

Narrador II: Em seguida, um dos frades presentes, pelo qual o santo tinha a maior amizade e que era muito solícito por todos os Irmãos, vendo isso e sabendo que a morte do Santo estava próxima aproximou-se:

Frade: Ó Pai bondoso, teus filhos vão ficar sem Pai, vão ficar sem a verdadeira luz de seus olhos. Lembra-te dos órfãos que estás deixando, perdoa toda as nossas culpas e alegra-nos com tua santa bênção.

Narrador I: E Francisco, reunindo suas últimas forças disse:

Francisco: Filho, estou sendo chamado por Deus. A meus irmãos presentes como ausentes, atuais e futuros, perdôo todas as ofensas e culpas, e os absolvo quanto posso. A todos transmite essa bênção: Que o senhor vos abençoe e vos proteja! Vos mostre a sua face e se compadeça de vós! Volva para vós o seu olhar e vos dê a Paz! Que o Senhor vos abençoe!

Adeus, meus filhos, vivei sempre no temor do Senhor, porque as maiores provações vos ameaçam e a tribulação está às portas. Felizes os que perseverarem no que prometeram. Bem-vinda seja, minha irmã morte!

Narrador I e II: E assim, tendo percorrido em poucos anos todos os passos e todos os mistérios de seu amado Mestre aqui na terra, voou feliz para o seu Deus e seu Tudo, nosso Deus e nosso Tudo.

(Silêncio e música apropriada. Os frades e demais encenadores se ajoelham ao redor de Francisco).

Conclusão

(Entra o Presidente. Pede que se tragam e se exponham a Cruz de São Damião e o Evangelho, os dois sinais sagrados cujo mistério marcou e iluminou o início, o meio e o fim de toda a vida de Francisco e de todos os franciscanos de todos os tempos. Faz uma breve pregação acerca desse Carisma. Convida todos a manifestarem, num ato de reverência (beijo ou toque), o compromisso de, como irmãos e discípulos de Francisco, viver seu carisma, sua espiritualidade. Durante esse ato: canto. Conclui com o Pai Nosso – Oração e Bênção de São Francisco).

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Texto: Frei Dorvalino Fassini, OFM

Ilustração: Death of St. Francis in Life of Francis of Assisi depicted in the series of chapels of the Sacro Monte di Orta in the comune of Orta San Giulio, Piedmont, Northern Italy / Mattana. 2009. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sacro_Monte_di_Orta_040.JPG acesso em 17 jun. 2010.

Publicado em http://ofsporciuncula.blogspot.com/2010/06/transito-de-sao-francisco.html acesso em 17 jun. 2010.

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