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sexta-feira, 28 de março de 2014

O primeiro ano do Papa Francisco

Entrevista com John L. Allen Jr.

Há um ano, a Igreja Católica escolhia um novo papa. O cardeal Jorge Mario Bergolio inaugurou uma nova era surpreendente para a Igreja – uma era que ele introduziu ao escolher o seu nome papal, um de seus primeiros atos como pontífice. Ele escolheu Francisco, em honra ao santo italiano medieval dedicado à humildade e aos pobres.

A reportagem é da Rádio Boston, 25-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Mais mudanças estavam por vir. Na Quinta-feira Santa do ano passado, o Papa Francisco lavou os pés de 12 jovens detidos, incluindo duas mulheres e dois muçulmanos. Ele fez um selfie [autorretrato]. Ele se declarou como alguém não "de direita". E disse que, se alguém é gay e busca ao Senhor e tem boa vontade, "quem sou eu para julgar?".

A mudança radical no tom e no estilo fez de Francisco um papa surpreendentemente popular. Mas, no fim, a balança pendem mais para o simbolismo ou para a substância? E o que o primeiro ano do Papa Francisco significa para o futuro da Igreja Católica – uma instituição em si mesma não propensa a mudanças radicais e repentinas?

Sobre isso, entrevistamos John Allen Jr., autor de nove livros sobre a Igreja Católica e editor associado do jornal The Boston Globe.

Eis trechos da entrevista concedida à Rádio Boston.

Sobre a eleição do papa Francisco:
Para ser honesto com você minha primeira reação foi de frustração, porque eu estava em um estúdio da CNN tentando contar essa história para o mundo e, quando o cardeal – o cardeal Jean Louis Tauran – saiu para fazer o que chamamos de anúncio Habemus papam – isto é, o anúncio do novo nome do papa –, nós ficamos sem áudio. Então, eu vi os lábios do cardeal em movimento, mas não tinha ideia de que nome ele estava nos dizendo. Assim, por 30 segundos de agonia, eu estava desesperadamente tentando descobrir quem era realmente o próximo papa. Felizmente, havia uma equipe da TV mexicana atrás de nós que estava gritando "Bergolio! Bergolio!". Então, eu tive uma ideia da situação.

Depois disso, para ser honesto com você, eu fiquei chocado com a escolha do nome. É preciso lembrar que a primeira decisão que qualquer papa sempre faz é o que o nome pelo qual será chamado. A forma pela qual isso funciona, dentro do conclave, é que, assim que um candidato ultrapassa o mágico limiar dos dois terços, o cardeal mais idoso vai abordá-lo e dizer-lhe: "Você aceita a sua eleição como Sumo Pontífice?". No momento em que ele disser que sim, ele é o papa. A próxima pergunta é: "Por qual nome você quer ser conhecido?". Por isso, essa é, por definição, a primeira escolha que ele faz.

E vou ser honesto com você, eu entrevistei historiadores da Igreja ao longo dos anos que disseram que nunca poderia haver um papa Francisco, pelas mesmas razões que nunca poderia haver um Papa Jesus ou um Papa Pedro, que eram figuras singulares e irrepetíveis na vida da Igreja. Mas, mais do que isso, para ser honesto, eu fiquei espantado com a ousadia dele. Porque o nome Francisco é todo um programa de governo em miniatura. Essa figura icônica no imaginário católico que desperta essas imagens da antítese da Igreja institucional – ou seja, a liderança carismática. Perto da terra, perto dos pobres, simplicidade, humildade. Esse é uma enorme quantidade de peso para você colocar sobre os seus ombros logo na saída do portão. Se você não estiver preparado para colocar suas palavras em prática, então você vai estar em apuros de verdade. Francisco, no entanto, durante o seu primeiro ano, de forma convincente, colocou suas palavras em prática.

Sobre a adequação de Francisco para o mundo moderno:
Eu acho que uma das coisas marcantes é que não é como se o Papa Francisco fosse o primeiro papa popular. Quero dizer, eu acompanhei João Paulo II em todo o mundo. Eu estive com ele no México, quando ele teve multidões em torno de 7 milhões de pessoas ao seu redor. Eu estive com ele em Manila, nas Filipinas, quando ele teve 5 milhões. Eu estive na missa do seu funeral em 2005, quando mais de 5 milhões apareceram. E Bento XVI, à sua maneira, em termos de alguém interno ao mundo católico, certamente tem seguidores. Eu acho que o que é único em relação a Francisco é que, no mínimo, ele é ao menos tão popular e potencialmente ainda mais popular fora da Igreja do que dentro dela. Quero dizer, ele é uma figura que parece ideal para se engajar neste mundo secular pós-moderno que não fala mais a linguagem religiosa e tem dificuldade para engolir conceitos religiosos. Ele usa esse tipo de linguagem e, por causa das percepções sobre a sua integridade pessoal, ele carrega uma espécie de autoridade moral que, de algum modo, lhe permite transcender esses limites e se tornar um parceiro de diálogo credível para o mundo inteiro.

Sobre a crítica de que este primeiro ano foi mais sobre o estilo do que sobre a substância:
Depende de como você define substância. Se por substância você se refere a mudar a doutrina da Igreja Católica, então é uma crítica perfeitamente acurada, porque o papa não mudou uma única vírgula do Catecismo da Igreja Católica, que é o seu código oficial de ensino. E, sobre os temas quentes que tendem a estimular a mente ocidental – coisas como sacerdotisas ou aborto, casamento gay, contracepção –, ele deixou claro várias vezes que não vai fazer quaisquer alterações.
Mas eu acho que o ponto é que você pode mudar a Igreja Católica profundamente sem mudar o seu ensino oficial. De um lado, ele criou muito mais espaço para a aplicação pastoral flexível da doutrina – isto é, traduzindo aquele ensino oficial em prática no nível de varejo, nas paróquias e assim por diante. A outra coisa que ele fez foi empurrar a Igreja, chutando e gritando, na direção da verdadeira mudança estrutural em questões como transparência, responsabilização e aquilo que se pode chamar de bom governo.

Ele acabou de criar uma estrutura de finanças inteiramente nova no Vaticano, nomeou um cardeal duro como pedra para geri-la, alguém que tem a mente de um teólogo e os instintos de um zagueiro. Esse homem é basicamente um Brian Urlacher [jogador de futebol americano] de batina, certo? E ele vai pressionar por mudanças significativas. E tudo isso pode não ter o sex appeal de convidar três sem-teto para o café da manhã, mas, vou lhe dizer, não há nenhuma forma para quebrar o domínio da velha guarda no Vaticano de forma mais profunda do que tirando o seu poder e, com efeito, foi isso que Francisco fez. Então, se a sua definição de substância é mudar o ensino da Igreja, então não, não houve mudança substantiva. Se você entende que há um caminhão de formas para engendrar mudanças estruturais na Igreja Católica sem mudar o ensino, então sim. Esse é um agente de mudança estrutural historicamente significativo.

domingo, 23 de março de 2014

O HÁBITO FRANCISCANO, UMA CURIOSA HISTÓRIA DA VESTE MEDIEVAL

O HÁBITO FRANCISCANO, UMA CURIOSA HISTÓRIA DA VESTE MEDIEVAL



A primeira coisa que chama a atenção de quem se aproxima dos franciscanos é o hábito. Porque suscita curiosidade e perplexidade, dado que a forma e a cor variam segundo as diversas famílias franciscanas, seja masculina ou feminina. Por isso, uma das perguntas mais frequentes dos peregrinos e turistas que vão à Basílica de São Francisco, onde é fácil confrontar-se, é esta: porquê negro ou cinza? Mas o hábito franciscano não é castanho?

Neste artigo daremos uma resposta ao argumento do ponto de vista da forma e da cor, sem mencionar o significado teológico-espiritual do hábito franciscano, que merece ser estudado à parte.

Hoje nenhuma das ordens ou congregações franciscanas, nem pela forma, nem pela cor, veste o hábito de São Francisco, que era em forma de cruz e de cor acinzentada ou de terra, resultado da mistura, em partes iguais, de fios de lã branca e negra ou castanha escuro. Existe quem afirme que o Santo de Assis e os seus companheiros não se vestiam de forma diferente dos pobres e camponeses do seu tempo, mas nos seus escritos e biografias diz-se alguma coisa diferente.

O certo é que o modo de vestir dos frades menores (túnica longa, capuz, corda e calças) era muito mais pobre do que o dos outros religiosos de então, e isto permitia-lhes estar mais próximos dos indigentes e mendicantes, mas não se pode negar que foi um verdadeiro distintivo religioso, que os distinguia dos seculares.

As duas regras de São Francisco e as biografias referem-se em particular mais à humildade do hábito dos frades menores que da cor ou da forma da túnica e do capuz. Não negligenciando o aspecto externo, a coisa mais importante nos inícios foi a modéstia e a pobreza no vestir. Mas, quando a Regra bulada impõe aos frades de não julgar, nem desprezar "aqueles que vestem roupas suaves e coloridas", diz-se, na prática, que a cor do seu hábito deveria ser natural.


 
As biografias e as relíquias do Santo permitem-nos assegurar que as túnicas tinham a forma de cruz ou de "tau", de modo a recordar que, o irmão menor deve exprimir em si mesmo os sofrimentos do mundo. O capuz que encontramos nas primeiras representações dos frades e de São Francisco é, de costume, pontudo e alongado, similar aos dos Capuchinhos. Aquele conservado nas relíquias da Basílica tem exatamente o aspecto de uma manga (de roupa), de modo que muitos não concordam que se trate de um capuz, que foi posto no lugar da manga esquerda que está faltando.

Existem outros capuzes daquele período, mais curtos e com a extremidade arredondada, pelo qual não se pode falar de um único modelo de capuz para toda a ordem. Uma outra característica é que o capuz primitivo era costurado ao colo, mas bem cedo foi substituído por um capuz separado da túnica, que passava pela cabeça e se apoiava amplamente sobre o ombro e ao redor do pescoço, em modo de prega. Esta prega foi-se alargando ao longo dos séculos, até obter a forma do capuz atual dos Menores, Conventuais e Terceiros Regulares. Então, desta forma, fala-se da cor.

No Espelho de Perfeição fala-se que, entre todos os outros pássaros, Francisco amava com predileção as cotovias, chamadas "de capuz" porque "têm o capuz como os religiosos e é um humilde pássaro... a vestimenta da cotovia, a sua pena, isto é, tem a cor da terra: assim oferece aos religiosos o exemplo de não ter vestes elegantes e de belas tinturas, mas de modesto valor e cor semelhante à terra, que é o mais humilde dos elementos" ( FF. 113).
A terra todavia, como todos sabem, tem uma infinidade diversa de tonalidades. Tomás de Celano, no Tratado dos Milagres, fala de um "pano cinzento" como aquele dos cistercienses de Oltremare, que Francisco moribundo pede a Jacoba de Settesoli para o seu funeral.

A referencia mais direta à cor do hábito minorítico é aquele da Crônica de Roger de Wendover (falecido em 1236) e de Mateus de Paris, onde se diz que "os frades chamados Menores... caminham descalços, com corda na cintura, túnicas cinza longas até aos tornozelos e remendadas, com um capuz vil e áspero.

Num documento de 1223, o rei da Inglaterra ordenava ao vice conde de Londres a aquisição de certa quantidade de panos, metade de "blaunchet" ou branco para os Pregadores ou Dominicanos, e outra metade "russet" para os frades menores de Reading. O "russet" era o "rusetus pannus" o pano avermelhado, resultado da mistura natural de lã branca e castanha. As Constituições de Narbona de 1260 estabeleciam que " as túnicas externas não sejam nem de tudo negras, nem de tudo brancas", deixando então uma ampla margem às tonalidades de cinza.

Nos frescos de Giotto da Basílica Superior de Assis é comum encontrar, numa mesma imagem, hábitos cinza e avermelhados, sempre, porém em tonalidades claras. As Constituições Farinerie de 1354 prescrevem, no entanto, que os superiores não permitam o uso dos panos com "tinturas de diversas cores, nem muito próximo ao branco, nem ao negro".

A variedade de cores dos hábitos primitivos deu-se principalmente pela variedade das cores naturais da lã negra, que por vezes tendia ao castanho, e também pelo facto de que o pano para as túnicas não era ainda confeccionado expressamente para os frades. Estes, no mais eram adquiridos no mercado pelos benfeitores dos frades. Eram estes selecionados pela cor e pela qualidade, também se o pano presenteado superava o controle dos superiores, segundo os Decretos de João XXII (1317) e de Bento XII (1336).

Uma maior rigidez quanto à cor, observa-se a partir da divisão da Ordem entre Observantes e Conventuais, acontecida em 1517, sobretudo pelo valor simbólico do cinza, que recorda as cinzas da penitencia e o pó do qual fomos criados. O cinza foi à cor oficial de todas as famílias franciscanas até à metade do século XVIII. Tanto é verdade que, devido à dificuldade para ter um pano tal em quantidade suficiente, sucedeu que as Constituições dos Observantes e Capuchinhos dispuseram que cada província fabricasse os próprios panos para obter a máxima uniformidade.

Assim, por exemplo, o Capítulo Geral de 1694 da Regular Observância ordenava que fabricassem "panos de tudo similar na cor e na qualidade, no entrançado e na espessura, tecidos com lã branca e negra mesclada numa proporção tal que, em juízo dos peritos, resulte um pano cinza como vemos nos hábitos e mantos de N. P. S. Francisco, S. Bernardino de Sena e S. João de Capistrano, os quais, por conservando-se em diversas províncias e países, são de uma mesma cor cinza, mais ou menos claro".

Nos Menores Conventuais observa-se já na segunda metade de 1700, certa tendência pelo negro, não obstante as Constituições Urbanas de 1803 que obrigava ainda o uso do hábito cinza. A prescrição veio a desaparecer na edição de 1823, em parte porque a supressão napoleônica extinguiu as corporações religiosas, os seus membros viram-se obrigados a usar o hábito talar negro do clero secular. Restaurada a Ordem, os frades preferiram continuar com o hábito negro. Hoje, porém, o cinza tradicional esta retornando, de modo que já o vestem quase todos os frades conventuais da Ásia, África, Austrália e América, e algumas províncias da Europa.

Os Frades da Observância mudaram do cinza para o castanho pouco mais de um século atrás. Iniciaram na França e foi imposto para toda a Ordem no capítulo de Assis em 1895, quando o papa Leão XIII reunificou numa só as diversas famílias da Observância: Observantes, Alcantarinos, Recoletos e Reformados ("a cor sintética das vestes externas assemelha-se à cor da lã natural escura com tendência ao vermelho, cor que em italiano se chama marrone e em francês marron").

Os Menores Capuchinhos seguiram da mesma forma a evolução dos Observantes, também para evitar qualquer diferença local. Em 1912 estabeleceu-se que a cor do hábito devia ser castanho, como aquele dos observantes, ainda que um pouco mais amarelado ("a cor deve ser castaneum, em italiano castagno, em francês marron, em inglês chestnut, em alemão kastanienbraun, e espanhol castaño"). O hábito que mais se assemelha ao de São Francisco e dos primeiros frades menores, é o dos Capuchinhos, sobretudo pelo capuz alongado e costurado na gola da túnica.

O hábito dos Observantes ou Menores caracteriza-se por ser mais ajustado e pelo capuz ser destacado da túnica que cai sobre o ombro em forma de manta, cortada dos lados, mais longa e pontuda atrás, até a cintura. O hábito dos Conventuais é similar ao dos Observantes, difere somente no capuz que é mais redondo e o manto mais longo, sem igualar as curvas. O hábito dos Terceiros Regulares ou frades da TOR, pouco tempo faz era semelhante ao dos Conventuais pela forma e pela cor, mas recentemente retornaram ao cinza tradicional, com manto longo e pontudo nas costas.

Nos últimos tempos estão surgindo outras congregações franciscanas com hábitos diversos, mais ou menos semelhantes àqueles já citados, com túnica e capuz cinza ou castanho.

Existem algumas também com tendência ao azul celeste, como o dos Frades da Imaculada e outros de cor acastanhada clara ou creme, e mesmo verde.
Além dessas diferenças de forma e cor, o que distingue os franciscanos e franciscanas dos membros de outras Ordens ou Congregações religiosas da Igreja, é o uso exclusivo do cordão de lã branca, que Francisco escolhe para substituir o cinto de couro em cumprimento do mandamento evangélico de Cristo aos seus apóstolos: "não levem nada pelo caminho...nem cinto..." (cf. Mt 10). Ao início não existia um número estabelecido de nós que tivesse a função prática de encurtar a corda, de modo que, não tocasse a terra. Com o passar do tempo, impôs-se a tradição dos três nós, como se para recordar os três votos da profissão religiosa: obediência, castidade e pobreza.

Enfim, quanto ao calçado, o Pobrezinho caminhou sempre descalço, conforme o mandamento de Jesus: "não usem sandálias..." Somente nos dois últimos anos da sua vida, para esconder as faixas ensanguentadas dos estigmas dos pés, teve de usar calçado de pele ou de pano, como se veem ainda nas relíquias da Basílica em Assis.

A Regra não impõe nem de andar descalço, nem de utilizar sandálias. Descreve, no entanto, que os frades possam utilizar calçado em caso de necessidade.

As sandálias, de qualquer modo, bem depressa se impuseram na ordem, como se pode ver nos frescos de Giotto, onde as trazem todos os frades e também São Francisco. Mais tarde, por volta de 1400, os frades das reformas que moravam nos eremitérios usavam uma espécie de sandálias com as solas altas de madeira chamadas "zoccoli", e eis porque, na Itália, os Observantes foram popularmente conhecidos com o nome de "zoccolanti".

Mais recentemente, as diversas Constituições deixaram de impor as sandálias aos Menores e aos Capuchinhos, e os sapatos aos Conventuais, mas tais disposições só foram tiradas depois do Concílio, sendo que não é estranho encontrar Conventuais com sandálias e barba, Menores com sapatos, e Capuchinhos sem barba.

Enfim, passada a rigidez dos últimos séculos, fazemos votos, então, de não perdermos o espírito dos inícios, quando, daquela época, pela forma e pela cor, se insistia no aspecto da pobreza e da aspereza dos tecidos e nas cores naturais do cinza e da terra, sinal de humildade e penitência.

Mesmo que a este propósito, São Francisco tenha escrito na Regra que os ministros poderiam proceder "diversamente segundo Deus" (RB 2).

Por Frei Tomás Gálvez, OFMConv. (in memoriam)
Revista San Francesco - giugno 2004, p. 40-43.
Trad. Frei Marcelo Veronez, OFMConv.

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