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1. Amados irmãos e amadas irmãs, Deus, nosso Pai celestial, se nos dá a conhecer por sua Palavra escrita, e pelo Seu Santo Espírito aos seus filhos escolhidos, nossos pastores, tendo à sua frente o Santo Padre e os bispos que formam o colégio episcopal.
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2. Ele também nos fala pessoalmente em nossas orações, e por meio do Seu Filho Jesus Cristo presente realmente na Eucaristia, como Ele mesmo disse: "Este é o meu Filho amado, escutai o que ele diz." (Mc 9,7b).
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3. Com efeito, escutar o Senhor Jesus na liturgia de hoje é entrar em confronto direto com as forças do inimigo de nossas almas, que age por meio dos que trazem no coração o ódio e a violência e os expressam por meio de perseguições, tentando, com isso, destruir a nossa comunhão com o Senhor e entre nós.
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4. Ora, o amor aos inimigos, aos perseguidores e aos que nos maltratam, como o Senhor Jesus nos ensina, significa, ao mesmo tempo, a nossa permanência em Deus que é amor e também nossa vitória sobre o mal que nos ataca por meio daqueles que o seguem.
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5. De fato, os homens podem causar muitos danos uns aos outros, mas, isso somente quando permitem o pecado em suas atitudes e ações, isto porque, "O pecado
desperta no coração dos homens um ressentimento surdo contra Deus, a
ponto de que, se dependesse deles, desejaria que Deus não existisse."
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6. Por isso, não leve consigo nenhum pecado em sua alma, nem seu nem dos outros, porque isso equivale a perder a paz interior e a comunhão com Deus e entre nós, pois a obra do inimigo consiste em dividir os filhos e filhas de Deus.
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7. Portanto, caríssimos, nós cristãos não nos baseamos em opiniões superficiais ou em falsos conselhos, mas sim nas Palavras eternas de nosso Senhor Jesus Cristo, pois em tudo o que Ele nos diz já está o poder para se cumprir o que nos foi dito. Desse modo, é a nossa obediência à Sua Divina Palavra que nos faz ser "santos como o nosso Pai celeste é Santo." (Mt 5,48).
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8. Meditemos com atenção estas palavras de São Leão Magno: "Quem deseja saber se em si habita Deus, perscrute por um exame sincero o fundo do seu coração e busque atentamente com que humildade é capaz de resistir ao orgulho, com que benevolência consegue combater a inveja, até que ponto não se deixa levar por palavras lisonjeiras e se se alegra com o bem dos outros.
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9. Veja se não deseja pagar o mal com o mal e se prefere deixar sem retribuição as injúrias, em vez de perder a imagem e semelhança do seu Criador, que chama todos os homens a conhecê-lo pelos benefícios que prodigaliza a todos, fazendo «nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos». (Mt 5,45).
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10. Se achar esse coração inteiramente inclinado para o amor de Deus e do próximo, a ponto de querer que os seus inimigos também recebam os bens que deseja para si mesmo, se assim for, aquele que se encontra nestas disposições não pode duvidar de que Deus o conduz e nele permanece."
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(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja - Sermão para a Epifania).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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