PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,43b-45)(27/09/25)
1. Caríssimos, esta liturgia de hoje parece entrar em contradição, pois, enquanto a primeira leitura e o Salmo responsorial falam da alegria da Jerusalém redimida; o Evangelho relata a profecia do sofrimento de Cristo que será entregue nas mãos dos homens para padecer, ser crucificado e morrer.
2. Ora, como entender que o inocente Filho de Deus passe por tudo isso sem reação alguma? Com efeito, racionalmente não dá pra entender Deus enviar o Seu Filho ao mundo para sofrer como se fosse um pecador; de fato, somente o amor e o dom da fé nos leva a entender isso.
3. Desse modo, compreendemos que Deus não age segundo os nossos critérios para realizar o seu plano de amor e salvação, por isso, na sua Onipotência eterna quis padecer as piores humilhações e sofrimentos para manter o nosso livre arbítrio desejando que o amemos como Ele nos ama.
4. Discorrendo a esse respeito escreveu são João Crisóstomo, (Sec. V): "Escutai o que o Senhor vos pede: «Se ignorais a minha divindade, reconhecei ao menos a minha humanidade. Vede em Mim o vosso corpo, os vossos membros, as vossas entranhas, os vossos ossos, o vosso sangue. Pois se o que pertence a Deus vos inspira temor, não vos agradará o que vos pertence a vós?
5. Mas talvez a enormidade da minha Paixão, da qual sois a causa, vos cubra de vergonha. Não temais. Esta cruz não foi mortal para Mim, mas para a morte. Estes pregos não Me penetram de dores, mas de um amor ainda mais profundo por vós. Estas feridas não provocam gemidos, mas fazem-vos entrar ainda mais no meu coração.
6. O esquartejar do meu corpo abre-vos os meus braços como um refúgio, não aumenta o meu suplício. O meu sangue não foi perdido por Mim, foi guardado para vosso resgate (cf Mc 10,45).
Vinde, pois, voltai para Mim e reconhecei o vosso Pai, vendo que Ele vos paga o mal com o bem, os insultos com o amor, e tão grandes feridas com uma grande caridade».
7. "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando." (Jo 10,17-18; 15,13-14).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.

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