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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Isabel conheceu e amou Cristo nos pobres

Da Carta escrita por Conrado de Marburgo, diretor espiritual de Santa Isabel
(Ad pontificem anno 1232: A. Wys, Hesisches Urkunden-
buch I, Leipzig 1879,31-35)
(Séc.XIII)

Muito cedo começou Isabel a possuir grandes virtudes.
Do mesmo modo como a vida inteira
foi a consoladora dos pobres,
era também desde então a providência dos famintos.
Determinou aconstrução de um hospital,
perto de um castelo de sua propriedade,
onde recolheu muitos enfermos e enfraquecidos.
A todos que ali iam pedir esmola,
distribuiu liberalmente suas dádivas;
e não só ali, mas em todo o território
sob a jurisdição de seu marido.
Destinou para isto
a renda de quatro dos principados do esposo,
e foi ao ponto de mandar vender
seus adornos e vestes preciosas
em benefício dos pobres.

Tinha o costume de,
duas vezes ao dia,
pela manhã e à tarde,
visitar pessoalmente seus doentes,
e chegava mesmo
a tratar com as próprias mãos
os mais repelentes.
A alguns deles alimentava,
a outros preparava o leito,
a outros até carregava nos ombros.
Assim realizava muitas obras de bondade.
Em tudo isto seu marido,
de feliz memória,
não se mostrava contrariado.
Contudo,
após a morte deste,
tendendo para a máxima perfeição,
rogou-me com lágrimas
que lhepermitisse ir mendigar
de porta em porta.

Numa Sexta-feira Santa,
desnudados todos os altares,
em uma capela de seu castelo
onde acolhera os frades franciscanos,
colocou as mãos sobre o altar e,
na presença de umas poucas pessoas,
renunciou à própria vontade
e a todas as pompas mundanas
e a tudo quanto o Salvador
no evangelho aconselhara abandonar.
Feito isto, vendo que
poderia deixar-se absorver
pelo tumulto do século
e glória mundana,
naquela terra onde vivera
com esplendor em vida do esposo,
seguiu-me contra minha vontade a Marburgo.
Nesta cidade construiu um hospital
para doentes e necessitados,
chamando à sua mesa
os mais miseráveis e desprezados.
Além desta atuação operosa,
digo-o diante de Deus,
raramente vi mulher mais contemplativa.
Algumas pessoas e mesmo religiosos,
na hora de sua oração particular,
viram muitas vezes
seu rosto brilhar maravilhosamente
e como que raios de sol
jorrarem de seus olhos.

Antes da morte
ouvi-a em confissão.
Indagando-lhe, então,
qual o seu desejo em relação
ao que possuía e a seus móveis,
respondeu que tudo quanto parecia possuir
já pertencia aos pobres e
pediu-me distribuir-lhes tudo,
reservando apenas a túnica vulgar que vestia
e com a qual queria ser sepultada.
Depois, recebeu o corpo do Senhor e,
em seguida,
até à hora de Vésperas falou bastante
sobre as ótimas coisas que ouvira no sermão.
Finalmente,
com toda devoção,
recomendando a Deus todos os presentes,
expirou como se adormecesse suavemente.

Ilustração: Liezen-Mayer Sándor: Erzsébet szentté avatása 1235-ben (vázlat). Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Liezen_Erzs%C3%A9bet_szentt%C3%A9_avat%C3%A1sa.jpg acesso em 17 nov. 2010.

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