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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...



EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...

Diante de certos acontecimentos circunstanciais, como por exemplo a tragédia na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, ficamos como que estupefatos, chocados e também sentindo a dor e o sofrimento daquelas famílias. Porém, em meio a tudo isso, precisamos refletir bastante sobre como nossa vida é efêmera e de quanto precisamos valoriza-la enquanto aqui estivermos. Quem sabe, talvez nenhum daqueles jovens pensou que a morte estivesse tão próxima. De fato, eles foram ali em busca de diversão, encontrar os amigos, curtir mais uma balada, ouvir música, dançar, tomar uns drinks, festejar, namorar, etc., como é costume entre os nossos jovens. E no entanto, encontraram uma morte tão trágica e desproporcional.

Culpados pela tragédia? Quem? Os donos da boate? Os músicos? O local? As autoridades? Os jovens? No momento a dor é tanta que ficamos atordoados, quem sabe, procurando uma explicação ou um entendimento para esse acontecimento tão trágico e inesperado. De fato, existem culpados, mas mesmo que se punam todos os culpados por essa tragédia, nada trará de volta a vida dos jovens que foram ceifados tão dolorosamente em seus sonhos e projetos existenciais. Porém, precisamos aprender, tirar uma lição em meio a tudo isso. E que lição tiraremos desse triste episódio? Creio que muitas lições, uma delas diz respeito a própria vida, pois ela nos é dada, mas naturalmente podemos perdê-la a qualquer momento, isto porque, estamos aqui, mas não somos daqui. Por isso, não podemos viver como se fôssemos somente daqui sem pensar no devir, ou seja, não podemos viver como se não tivéssemos uma eternidade à nossa frente.

Uma outra lição que tiraremos dessa tragédia: não podemos confiar em quem faz do lucro monetário o alicerce de sua vida e por isso pouco se importa com a segurança e a vida dos demais; nem tão pouco confiar nas autoridades que usam os cargos públicos para enriquecimento ou apenas para galgar status social de destaque. Estes visam apenas se perpetuar no poder, como diz o ditado popular, “não querem largar o osso, enquanto houver um mínimo de carne nele”, pouco importando se estão dando cabo das responsabilidades que lhes confiamos com nossa escolha democrática. Todavia, ai daqueles que apenas usufruem das benesses do poder, como regalias pessoais e outras facilidades de tais cargos públicos, deixando que os menos abastados morram à míngua, ou se acabem em tragédias como essa. Ai das autoridades que assim procedem, pois naquele dia ouvirão do Senhor: “Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!”. (Mt 7,23b).

Por outro lado, podemos tirar ainda uma lição que nos fará enfrentar tais dificuldades com profunda determinação e sem perdermos a ternura ou o ânimo pela vida. Pois, quantos jovens ali não se tornaram heróis dando a vida para salvar outros jovens que estavam precisando de sua ajuda? Quanta solidariedade, orações, súplicas, devoções pelas vidas que se foram e pelas famílias enlutadas? De fato, nessas horas, revelamos a fé em Deus que nos sustenta, o amor que nos faz solidários e a consolação que nos faz dar o ombro amigo à quem dele necessita ou ainda chorar com os amigos, os entes queridos que se foram. Só sabe a dor da cruz que é crucificado nela, mesmo sendo inocente; porém, nunca podemos esquecer que o Filho de Deus nos ensinou carrega-la rumo à ressurreição, ao Reino dos céus...

A nossa fé em Cristo Jesus nos ensina, a vida é um dom de Deus e devemos vive-la para a sua maior glória em todos os sentidos. Viver para este mundo é morrer a cada segundo; viver para a eternidade é viver em Deus, com Deus e para Deus todo tempo que temos aqui, ou seja, é fazer acontecer o devir a cada passo dado em direção à vida eterna. Que seja este o nosso consolo e a nossa resposta para toda dor e sofrimento que aqui suportamos, mesmo quando não entendemos.

Com efeito, escreveu São Paulo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos”. (Rom 8,18-25).

Por fim, me solidarizo e rezo por todas as famílias que estão sofrendo a dor dessa tragédia, pois a sinto como se fosse minha própria família; suplico ao Senhor que em seu infinito amor nos console e nos dê a graça da perseverança em Cristo Jesus. Pedimos ainda a intercessão da Virgem Santíssima, Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, por aqueles que partiram, e que já estão na eternidade, para que lhes seja dado o perdão dos pecados e ressurreição que Jesus nos conquistou por sua morte de cruz. À Ti, Senhor, seja a glória e a majestade aqui e por toda eternidade. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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