PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,1-13)(07/02/23)
Caríssimos, a criatividade divina é infinita; enquanto que a criatividade humana nasce da criatividade divina e requer permanente comunhão com o nosso Pai Criador, de modo que possamos dar-lhe glória por nossa existência e a graça de interagirmos com Ele por meio do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne, e pelo qual e para o qual Ele criou todas as coisas. (cf. Jo 1,3).
De fato, meditando com a primeira leitura desta liturgia percebemos que o poder criador de Deus se manifesta por Sua Palavra que tudo faz existir por seu Verbo Eterno; não se trata de algo imaginário, mas da Palavra que se realiza, desse modo, somos a Palavra de Deus realizada, assim como tudo quanto existe na liberdade de ser e estar no mundo.
Com efeito, como vimos ainda na primeira leitura: "Deus nos criou à sua imagem e semelhança." E isso é um grande privilégio, porquanto, não se trata de comparação, mas sim da nossa essência, pois Deus nos criou para habitarmos com Ele, como nos ensinou o Senhor Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada." (Jo 14,23). Ou seja, Deus é eterno e por sua misericórdia fez de nós a sua eterna morada.
No Evangelho de hoje o gesto dos discípulos contrário aos costumes farisaicos torna-se motivo de censura e repreensão por parte dos mestres da Lei, no entanto, o Senhor Jesus os exorta mostrando o quanto a prática aparente da lei é perigosa, por ser fonte de hipocrisia e falsidade, um poço profundo de contradição. De fato, quem faz da lei uma exigência para os outros e não para si mesmos, torna-se inimigo da lei e ferrenhos perseguidores.
Portanto, caríssimos, quem ler as Sagradas Escrituras para exigir dos outros o seu cumprimento e não para vive-la devidamente, comete o terrível pecado de hipocrisia. Com efeito, eis o que nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo4,16). Fora disso não existe comunhão com Deus nem entre nós, porque somente o amor nos une e nos liberta do falso julgamento e da falta de misericórdia.
Destarte, façamos atenção a esta exortação de São Pedro para não caírmos na tentação da falsa interpretação da Lei de Deus: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus." (1Pd 1,20-21). Desse modo, compreendemos que, quem faz a vontade de Deus, fala a vontade de Deus e seu exemplo de obediência torna-se regra de vida para todos.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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