Caríssimos, a liturgia de hoje nos remete ao primeiro pecado que deu início à todas as tragédias que se sucederam e continua se sucedendo até o fim dos tempos. Como vimos na primeira leitura, o Senhor deu aos nossos primeiros pais a graça permanente da comunhão com Ele, por meio da obediência à sua Palavra, para não cairem nas ciladas do malígno. Infelizmente, desobedeceram e com isso se esconderam do Senhor, perdendo as graças que lhes havia concedido para evitarem o pecado e as suas terríveis consequências dentre elas a morte.
Com efeito, chamo a atenção para um detalhe de suma importância nesse episódio, que nos mantém em permanente comunhão com o Senhor; trata-se de nunca escutar a voz do maligno que fala por meio dos maus pensamentos que chegam à nossa mente; por isso, é fundamental nunca dialogar com eles nem lhes dar permissão, pois, é a mesma voz que enganou nossos primeiros pais e os induziu ao pecado.
Com efeito, o livre arbítrio é o poder que Deus nos deu para dizer sempre sim a Ele; e dizer sempre não ao maligno. Decerto, felizes são aqueles que mantém o diálogo com o Senhor e lhe obedece em tudo, como Ele nos ensinou: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação, pois embora o espírito esteja preparado a carne é fraca." (Mt 26,41). Ou seja, a carne são os desejos desordenados que o maligno usa para nos enganar.
O Evangelho de hoje trata dos sinais evidentes pelos quais o Senhor Jesus se nos revela e nos tira do isolamento que o pecado nos impõe, pois a cura do surdo mudo nada mais é do que a certeza de que o Senhor nos ama e jamais nos abandona mesmo quando caímos em tentações, bem como meditamos no Salmo 106: "Louvai o Senhor, porque ele é bom. Porque eterna é a sua misericórdia. Assim o dizem aqueles que o Senhor resgatou, aqueles que ele livrou das mãos do opressor."
Portanto, caríssimos, muitas vezes as circunstâncias e as situações adversas tenta nos tirar a capacidade de comunicação e comunhão com o Senhor e entre nós, mas isso somente quando cedemos às tentações que nos levam ao pecado, à perca da liberdade e da paz.
Todavia, quando recorremos à misericórdia do Senhor mediante o arrependimento e a confissão sacramental, Ele nos perdoa e nos concede novamente as graças que havíamos perdido com a nossa queda, pois Ele conhece muito bem a nossa fragilidade e sabe que sem a sua graça nada podemos por nós mesmos.
Oremos: "Senhor, Deus de bondade e misericórdia, que para perdoar aos homens e purificar os seus pecados sacrificastes o vosso Filho que não conheceu o pecado, vede o nosso coração humilhado e contrito, e pela vossa bondade purificai-nos de todos os pecados e renovai-nos na alegria e na força do Espírito Santo, para cantarmos a vossa justiça e anunciarmos os vossos louvores. Por Cristo, nosso Senhor." (Liturgia das Horas).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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