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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Francisco convida ao seguimento de Cristo

“Depois de, durante dois anos desde a impressão dos estigmas – isto é, vinte anos após sua conversão, ter sido emoldurado pelos golpes da provação de angustiantes enfermidades, como pedra a ser colocada no edifício da Jerusalém celeste, e de ter sido levado à perfeição pelo martelo de múltiplas tribulações, pediu que o conduzissem a Santa Maria dos Anjos ou da Porciúncula, a fim de receber o espírito da vida onde recebera o espírito da graça.

Tendo chegado ali, querendo mostrar pelo exemplo da Verdade que nada tinha em comum com o mundo, naquela enfermidade grave que pôs fim a toda enfermidade, prostrou-se, no fervor do espírito totalmente nu sobra a terra nua, para, naquela hora extrema em que o inimigo ainda poderia irar-se, ele pudesse lutar nu contra um adversário nu.

Deitando-se, assim, na terra, despojado da veste de saco, elevou o rosto ao céu, como de costume, e, todo atento àquela glória, cobriu com a mão esquerda a chaga do lado direito para que não fosse vista. E disse aos irmãos: ‘Cumpri minha missão: que Cristo vos ensine a cumprir a vossa!’” (LegM XIV,3 e 2Cel 214)

CCFMC Lição 0, Texto das Fontes

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Francisco foi um homen de Jesus. Dedicou a sua vida a ELE, à sua causa. O anúncio do Reino de Deus, foi sua missão. Quem o encarregou desta tarefa foi Deus mesmo. Estava tão seguro desta misssão que a deixou como herança sagrada aos seus irmãos: “Niguém me mostrou o que deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo forma do Santo Evangelho”. (Test 14)

O que parece tão fácil torna-se, a seguir, algo mais difícil. Se quisermos perceber a vontade de Deus, temos de ler dois livros, como diz Agostinho: o livro da vida (os sinais dos tempos) e a Bíblia, isto é, temos de adaptar o primeiro livro (livro da vida) aos critérios da Bíblia.

O mesmo vale para a herança dos nossos fundadores. Não é suficiente conhecer o que São Francisco e Santa Clara escreveram. Precisamos descobrir encontrar o ponto de unidade entre os escritos e os sinais dos tempos, temos que traduzi-los para nossos dias. Mesmo com possibilidade de errar, é este o caminho para a vivência do projeto franciscano em nosso tempo e em nosso lugar.

A vocação

“Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver os leprosos. E o próprio Senhor me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles.

E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo, converteu-se para mim em doçura de alma e de corpo; e, depois, demorei só um pouco e abandonei o mundo.” (Test 1-3)

O tempo de Francisco

O que aconteceu nesta reviravolta? A lepra era uma doença generalizada. Os leprosos andavam desfigurados, eram banidos da sociedade e viviam isolados. Também Francisco teve os seus problemas neste contexto. “O que me parecia amargo, converteu-se em douçura de alma e de corpo.” Dolcezza – significa ternura, empatia, compaixão, solidariedade.

Para Francisco surge um novo mundo: o mundo do amor ao próximo. Seu mundo desmorona; este mundo de camadas sociais: a de cima e e de baixo, de senhores e servos. Francisco reconhece que este mundo não pode ser o verdadeiro, o mundo que Deus o quis. E descobre no Evangelho a alternativa. Um mundo reconciliado no qual o valor da pessoa não depende do trabalho e do ganho; um mundo no qual a riqueza que Deus colocou na Criação e no mundo, pode, ser usada com simplicidade

O tempo de hoje

Em que aspecto o mundo hoje, deve reviver o sonho de Francisco? Hoje, também, o mundo vive atormentado e crucificado: 842 milhões de pessoas são subnutridas, conforme o mais recente relatório da FAO. Catástrofes naturais, guerras, AIDS, são as razões mais importantes da fome e da pobreza no mundo. Cerca de 95 por cento dos 842 milhões de pessos que sofrem de fome vivem nos países em desenvolvimento. Todos os dias, cerca de 40 000 crianças morrem de fome (14,6 milhões por ano), 8000 pesoas de AIDS (2,9 milhões por ano), só na África são 2,5 milhões. Somam-se a isso, inúmeros mortos em guerras, atos de terrorismo, catástrofes naturais, doenças endêmicas. Morrem uma morte prematura, violenta; são os crucificados dos nossos dias.

Desafio

Como Francisco descobriu a sua vocação no encontro com o leproso, nós também precisamos acolher estes marginalizados e crucificados de nossos dias, relendo o Evangelho a partir de sua ótica. Isto é o que “Jesus Cristo nos ensina hoje”. Quer dizer: revitalizar a opção franciscana pelos pobres.

É neste sentido que lhes desejamos uma Festa de Francisco encorajadora e cheia da benção do Senhor

Vossa Equipe do CCFMC de Würzburg

Patricia, Veronica, Andreas, Wolfgang


Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2009/2009_10_News.shtml acesso em 02 out. 2009.
Imagem: San Francisco de Asís rezando / Procesa Sarmiento. Séc. XIX. Extraído de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oleo_de_Procesa_Sarmiento_1.jpg acesso em 02 out. 2009.

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