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domingo, 6 de novembro de 2011

Reflexão 2

Reflexão 2

Do humilde sentir de si mesmo


1. Todo homem tem desejo natural de saber; mas que aproveitará a ciência, sem o temor de Deus? Melhor é, por certo, o humilde camponês que serve a Deus, do que o filósofo soberbo que observa o curso dos astros, mas se descuida de si mesmo. Aquele que se conhece bem se despreza e não se compraz em humanos louvores. Se nós soubéssemos quanto há no mundo, porém nos faltasse a caridade, de que nos serviria isso perante Deus, que nos há de julgar segundo nossas obras?

2. Devemos renunciar ao desordenado desejo de saber, porque nele há muita distração e ilusão. Os letrados gostam de ser vistos e tidos por sábios. Muitas coisas há cujo conhecimento pouco ou nada aproveita à alma. E mui insensato é quem de outras coisas se ocupa e não das que tocam à sua salvação. As muitas palavras não satisfazem à alma, mas uma palavra boa refrigera o espírito e uma consciência pura inspira grande confiança em Deus.

3. Quanto mais e melhor nós souber-nos, tanto mais rigorosamente seremos julgado, se com isso não viver mais santamente. Não nos desvaneçamos, pois, com qualquer arte ou conhecimento que recebermos. Se nos parece que sabemos e entendemos bem muitas coisas, devemos nos lembrar que é muito mais o que ignoramos. "Não te presumas de alta sabedoria (Rom 11,20); antes, confessa a tua ignorância". Como podemos querer ter sempre a preferencia, quando se acham muitos mais doutos do que nós e mais versados na lei? Se queremos saber e aprender coisa útil, devemos desejar ser desconhecido e tido por nada.

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