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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

5. Alguns princípios básicos a ter em conta na leitura da Bíblia

Já acima elencávamos alguns princípios fundamentais de leitura da Bíblia, em forma negativa. Vejamos, rapidamente, mais alguns princípios que devem orientar a nossa leitura da Bíblia, em particular ou em grupo, estes, porém, em forma positiva:

:: Deus quis revelar-Se a todos os povos num povo, numa história e numa cultura (DV 1). Também se quer revelar, hoje ainda, a mim e na minha / nossa história.

:: Deus quer a salvação e a felicidade de todos os povos e de cada homem. Ele revela-Se na Palavra para me salvar. Toda a temática teológica da Bíblia significa isso: Aliança, Libertação, Redenção do homem...

:: O amor a Deus é inseparável do amor aos irmãos. A Palavra que me revela o amor de Deus torna-se uma Palavra que me compromete também no sentido horizontal, isto é, em relação com o mundo de hoje.

:: Jesus Cristo é o Verbo, a Palavra de Deus presente no meio do Seu Povo. É na Sua Palavra que Ele tem uma das suas principais manifestações no mundo.

:: A Bíblia nasceu dum povo e tem que ser lida num povo, na Igreja, para adquirir todo o seu sentido profundo. A leitura da Bíblia em grupo manifesta visivelmente esta característica fundamental da Bíblia. Mas, mesmo lida individualmente, em união com a Igreja, a Bíblia deve ser sempre lida na fé da Igreja.

:: Procurar na leitura da Bíblia, antes de mais, o testemunho de fé do povo que viveu e escreveu, para mim, estes textos. A Bíblia, mais do que um texto de doutrina, é um livro onde estão exarados os factos de vida, o testemunho de inúmeros crentes. Este é um dos aspectos históricos mais interessantes da Bíblia. A Bíblia, mais que uma teoria é um rosário de testemunhos, que devem alimentar, não a minha curiosidade cultural, mas a minha fé.

:: Unidade da Sagrada Escritura: Este princípio é uma outra formulação do princípio do contexto acima enunciado. Cada página da Bíblia é como que um tijolo dum grande muro, uma pequena parte dum enorme mosaico em que o Senhor nos apresenta o Seu projecto. Cada página mantém, por isso, uma ligação umbilical com o resto da Bíblia; há uma "alma" que faz de tantos livros um só Livro. E, assim como um único tijolo não faz um muro, uma pincelada de tinta não faz um mural, assim também uma só página, um só livro não faz a Sagrada Escritura.

:: A Bíblia manifesta a humanidade existencial de todos os homens. Há livros na Bíblia que manifestam mais as acções de Deus em relação com a Humanidade, outros manifestam mais os sentimentos do homem em relação com Deus. Todos os sentimentos humanos se encontram na Bíblia, sejam eles bons ou maus. Mas a Bíblia apresenta os maus para os reprovar. Quando leio a Bíblia, sinto-me lá dentro, representado em muitos daqueles personagens.

:: A Palavra bíblica manifesta uma dinâmica permanente de superação de valores: o homem está sempre a caminho. Certas situações negativas do homem e da sua cultura fazem apelo a uma superação contínua, que chega à plenitude no Novo Testamento, em Jesus Cristo. A Palavra supera as palavras da história e da cultura do Povo de Deus. É esta superação de valores que me faz ver em livros, por vezes, menos "interessantes", como Levítico ou Números, autênticas profecias do Novo Testamento.

:: A Escritura é presença real de Jesus, que incarnou, como diz o Concílio Vaticano II. Ele é o Verbo de Deus, chamado também a encarnar na vida de cada crente que lê e reza a Sua Palavra, que O recebe nos sacramentos. Cristo ressuscitado está presente na Escritura e, lendo-a, escutando-a, podemos experimentá-lO. Ele é a chave da nossa leitura da Bíblia (Lc 24, 13-49; SC 7).
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Extraído de http://www.capuchinhos.org/porciuncula/ler_biblia/5_principios_ter_conta_leitura_biblia.htm acesso em 18 ago. 2008.

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