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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

POR UM FRANCISCO ECUMÊNICO

Ciao fratelli, ciao sorelle!!!

Há quanto tempo não vos escrevo! Desculpem-me...

Na verdade, desde a Jornada Ecumênica Sul, tenho o desejo de vos falar sobre Francisco, o Francisco que conheci em Joinville-SC, nos dias 07 a 09 de novembro de 2008. Um Francisco ecumênico por excelência.

Não sei por que não percebi isso antes. É de se pensar o quanto o sentimento de posse nos fecha, a nós católicos, em nosso mundinho. Francisco é só dos católicos... Pior: só dos franciscanos. Gente... Francisco, se pertenceu a alguém, foi enamorado do mundo.

O estopim dessa “revelação” foi uma peça de teatro que assistimos na Jornada: A História de Francisco e Clara. Era uma peça extremamente católica (em determinado momento, o prefeito beijou o anel do bispo), uma falta de sintonia muito grande com o evento... Mas quero ressaltar o início da apresentação, o momento da minha “intuição”.

O show começa com o episódio da conversão de Francisco. Ele encontra um leproso, todo esfarrapado, à margem da estrada. Os amigos caçoam do “poverello”, mas Francisco sente algo diferente. Cria uma identidade com o mendigo. Chega ao ponto de se despir completamente para viver as mesmas condições de tantos miseráveis que ele finalmente consegue enxergar pelo caminho.

Pessoas... Querem algo mais ecumênico do que isso??? Francisco não perguntou pela religião do leproso. Francisco não esperava que o leproso se convertesse para poder ajudá-lo. Diante da Cruz de São Damião, não sente vontade de ajudar na Liturgia, ou na Pastoral disso ou daquilo, ou no Ministério “x” ou “y”... Ele sente é vontade de sair correndo, anunciando aos quatro ventos o Amor de Cristo, um amor que arde sem se consumir e que nos impulsiona a amar o próximo, de maneira especial os menos amados, os escanteados e escanteadas da sociedade.

Grande Francisco!!! Entendeste a oykoúmene muito melhor do que todos nós. Querem uma casa mais comum do que a Irmã Terra? Nela predadores (entendidos como poderosos políticos, latifundiários, grandes empresários, ou como leões mesmo, serpentes, lobos etc.) não perguntam pela fé de suas vítimas. Por outro lado, felizmente, o sol também não faz acepção de pessoas (Gl 2,6), nem de coisas, brilhando sobre tudo com a mesma intensidade.

Pai Francisco, que adotaste até mesmo a Morte por Irmã! Ensina quem tem mais a partilhar com os poverelli! Ensina quem tem menos a denunciar os sistemas que, como teu próprio pai, só aceitam quem se enquadra em sua vã filosofia! Ensina a este pobre escritor, longe de tua humildade e de tua pequenez (que te fez um dos maiores no Reinado do Abba, Pai!), o teu amor incondicional, o perdão que transforma, o desprendimento que liberta...

Ensina, por fim, que a Ecologia não é suficiente para desfazer nossa ruptura com o cosmo. Mais do que isso, precisamos urgente de uma ECOFILIA (amor à casa, à grande casa que é a Mãe Terra). Tu, ecófilo por excelência, faça ressoar em todos os cantos do Universo teu Hino ao Amor. Amém!!!

José Luiz Possato Jr.
São Leopoldo-RS

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