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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Desafios para o cristianismo no alvorecer do novo milênio

Frei Eduardo F. Melo, OFMcap*
Acabo de ler a obra primordial do sociólogo brasileiro Ricardo Mariano: Sociologia do Novo pentecostalismo no Brasil. Com a leitura deste livro do renomado pesquisador do fenômeno religioso no país, percebo o intenso desespero que muitos ministros do Evangelho vêm sofrendo por conta dos rumos obscuros e inóspitos da religiosidade pós-moderna. Pude abrir meu campo de reflexão e de análise sobre a fé cristã a partir de alguns referenciais que a leitura deste livro trouxe para mim. Por isso, hoje quero compartilhar com você o fruto desta reflexão....

Vivi parte de minha adolescência nas décadas de oitenta e noventa. Naqueles anos, o rock nacional e as bandas do famoso movimento grunge de Seattle estouravam nas rádios e na MTV. Acompanhei por quase 10 anos a evolução de diversos gêneros musicais dentro do universo do Rock em geral. Fui a shows de diversas bandas consideradas por alguns como as mais sinistras possíveis. Lembro-me de uma vez que fui a um festival de bandas de "noise-core", um estilo musical altamente agressivo e beligerante no município onde morava. Os headbangers, exaltados com a gritaria e com a rapidez tremenda das guitarras, pulavam monstruosamente dos palcos e se digladiavam como loucos numa jaula onde a violência e a histeria soavam como diversão. Um lugar onde a droga e a prostituição eram marcas obrigatórias de um público que se rebelava contra a vida e contra Deus.

O universo intelectual, as academias e as rodas literárias daquele tempo discutiam o existencialismo de Sartre e a filosofia social da escola de Frankfurt. As mulheres se libertavam lendo Simone de Beauvoir. Che Guevara inspirava os ideais revolucionários dos latino-americanos. Os valores defendidos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) ainda eram o motor e a alavanca dos sonhos utópicos de libertação nacional.

Neste tempo (década de 80), as drogas se tornaram uma obsessão mundial. O haxixe e a maconha deixaram de ser consumidas no submundo da marginalidade e dominaram as universidades das Américas. Tomavam-se doses mínimas de LSD para viajar por horas no mundo alucinógeno. Os picos de heroína nas veias abreviavam a vida de milhares de pessoas. Pink Floyd era a banda do momento...

Hoje, um pouco mais velho percebo que os tempos mudaram. A rebeldia dos jovens aquietou-se, os heróis comunistas ruíram; o consumismo substituiu as antigas aspirações revolucionárias e a techno music substituiu o rock nas festas Rave espalhadas pelo país. Aquelas drogas que entorpeciam e deixavam seus usuários num estado zen, foram suplantadas por outras que ativam, energizam e potencializam o ser humano. Hoje, a busca do prazer compulsivo e a pornografia implícita reinam num mundo virtual que não revela nem identidades nem endereços. Pessoas se desgastam numa busca desenfreada de poder e de consumo. Vemos uma geração que perde sua alma sem perceber. E isso é terrível...

Hoje, substituíram-se os tóxicos que causavam torpor alucinógeno por outros que oferecem uma sensação de poder e de autonomia. Assim, vivemos um período em que quase não se fala mais em heroína ou em LSD. As drogas da moda são a cocaína e sua versão mais barata, o crack. E absurdamente cresce a busca pelas drogas sintéticas, como o ecstasy, que prometem um melhor desempenho para o viciado, inclusive sexual.

Percebo que a religião também mudou muito. Naqueles anos, predominava entre os jovens o conceito de que a religião servia aos interesses das elites, pacificando os oprimidos. Era década de oitenta, e eu pequeno, via as revoltas estudantis e as marchas de protesto pela tela da TV e me assustava com aquele espírito hard e underground que pairava na face dos estudantes. Os debates reforçavam o pensamento de Karl Marx que em 1844 afirmou:

"O sofrimento religioso é, a um único e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento do povo".

Marx acreditava que a religião é o único suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. Seus contemporâneos repetiram sua conclusão: "A religião é o ópio do povo". Confesso que desde que ouvi esta frase pela primeira vez no colégio, sempre fiquei intrigado com ela. Confesso também que minha experiência religiosa na adolescência não foi das mais perfeitas. Mas os tempos mudaram. Hoje olho para meu passado remoto e reconheço como tudo foi importante ter acontecido daquela forma. Mas voltemos ao assunto...

Marx afirmava que a religião não é um narcótico qualquer. Ele a identificava com um entorpecente poderosíssimo de seus dias: o ópio. As condições sociais perversas da Europa no século XIX condenavam os trabalhadores a pouco mais que escravos. Homens e mulheres enfrentavam uma situação de sobre-vida em seus trabalhos, sufocados pelo calor e pela má conservação das fábricas, chegando a trabalhar 18 horas por dia.

Marx entendia que as mesmas condições também produziram uma religião que prometia um mundo melhor só para a próxima vida. Depois que li essas teorias, disse pra mim mesmo que precisava rever meus estudos filosóficos e políticos, tamanha era a pertinência dessas assertivas. Hoje tento escrever sobre isso, procurando identificar as possíveis coerências internas do pensamento marxista. Mas continuemos...

Assim, tanto ele como seus seguidores difundiram que a religião não é apenas uma ilusão, mas que ela cumpre uma função social importante e essencial: distrair os oprimidos e apaziguar as consciências diante da possível tragicidade do momento presente (tal como já havia afirmado Freud na sua crítica à religião).

Exatamente por isso, Marx afirmava que a religião é um narcótico que não apenas alivia a dor do trabalhador, como lhe embriaga, roubando-lhe o poder de transformar sua realidade. Para ele, a esperança religiosa era um ópio que prometia felicidade no porvir, adiando o furor revolucionário. O pior é que de alguma forma, ele tinha razão em suas análises. A igreja cristã de seus dias realmente estava decadente e, aliada à aristocracia, desempenhava exatamente esse papel anestesiante. Mas continuemos nossa reflexão.

Porém, com a pós-modernidade, a religião já não cumpre essa tarefa entorpecente do ópio. No ocidente cristão (americanizado), a proposta religiosa vem crescentemente se tornando mais parecida com uma outra droga: a cocaína. O neoliberalismo, pai deste materialismo consumista tão bem representado no fascínio pelos shoppings centers e pelas grifes, já entorpece como o ópio. Por outro lado, a religião de hoje procura excitar e produzir sensações de poder parecidas com a da cocaína. Interessante...

Venho pesquisando o universo religioso evangélico há alguns anos. Reconheço que minhas conclusões ainda são preliminares, e seguindo a linha dos bons sociólogos desta geração, constato certas tendências no protestantismo brasileiro (cópia barata do modelo americano), em especial, que algumas igrejas neopentecostais - como a polêmica Igreja Universal do Reino de Deus - objeto de meu estudo, se multiplicam alicerçadas em três paradigmas centrais para a vida do "crente":

- Promete que ele nunca mais vai ter doenças;
- Promete que o crente vai pisar a cabeça do diabo e nunca mais sofrer;
- Promete que ele vai ficar rico porque é filho de Deus e não merece o sofrimento;

Essas Igrejas repetem exaustivamente que ninguém precisa transferir para a eternidade o que pode ser reivindicado já nesta vida. E isso é alarmante para o evangelho verdadeiro! Essa é a tese de um dos grandes evangelistas americanos, sr. Kennet Haggin, fundador da teologia da prosperidade iniciada nos idos da década de 40 nos EUA, e que veio aportar aqui no Brasil através das famosas igrejas pentecostais Assembléia de Deus (Gunnar Vingren), Igreja Deus é Amor (pr. David Miranda) e Igreja Universal do Reino de Deus (bispo Macedo).

Algumas Igrejas insistem na promessa feita a Israel de que o fiel é "cabeça e não cauda". Assim o crente que freqüenta os cultos da prosperidade, por exemplo, recebe semanalmente uma injeção de cocaína espiritual no sangue, fazendo com que se sinta o dono do mundo e o detentor dos poderes que podem lhe garantir a felicidade plena, em todas as áreas de sua vida (econômica, afetiva, física e espiritual). Mas isso é uma mentira....

POSSO AFIRMAR COM TODA CERTEZA QUE ESSA MENSAGEM É TÃO PERIGOSA E SORRATEIRA QUE DARIA ATÉ PRA ENTRAR COM UM PROCESSO NO PROCON CONTRA A PROPAGANDA ENGANOSA QUE VEM SENDO FEITA EM NOME DE DEUS POR CERTOS PASTORES EVANGÉLICOS EM ALGUMAS IGREJAS HOJE!!

Nem que seja por apenas alguns minutos de culto, essa espécie de "CRENTE" sonha ingenuamente com tudo o que os seus olhos gulosos viram as empresas de marketing oferecerem na televisão. E isso é tenebroso!!! Tenebroso porque estão colocando o patrimônio da Fé cristã numa tremenda enrascada, barateando a mensagem do Evangelho de Cristo com uma promessa mentirosa e tacanha.

Hoje posso afirmar com certa propriedade: algumas igrejas cristãs nesse início de milênio se transformaram em verdadeiras ilhas da fantasia capitalista. Simplesmente porque, nas pesquisas de campo que venho realizando nestes últimos anos já vi ministros sagrados enganando fiéis, extorquindo dinheiro e cativando pessoas pobres e despreparadas emocionalmente (que na maioria das vezes vão até lá bem-intencionadas, porém não menos gananciosas), prometendo-lhes sucesso e bem estar, mas isso é um absurdo.

Prometer em nome de Deus uma coisa que não se pode dar é crime. Crime contra a pessoa do crente e um assinte à pessoa de Deus!

De certo modo, podemos afirmar que essas igrejas estão entrando num processo perigoso e sutil, tornando-se mesmo um ópio para grande parte da população brasileira, que empobrecida e desanimada com todo o caos social reinante no país, busca nesses templos um refúgio e um alívio pra lidar com as mazelas que tocam o coração e a alma humana. As últimas pesquisas realizadas pelo censo do IBGE de 2000 (presente no Atlas da Filiação Religiosa Brasileira- ed. PUC rio), já afirma que o número de evangélicos chega aos 30 milhões de pessoas no país.

Empresários falidos, artistas em fim de carreira, jogadores de futebol mal-sucedidos, empregados sem qualificação, correm para as infindáveis campanhas religiosas promovidas por essas igrejas buscando reverter a pretensa "maldição" que paira sobre suas vidas. E, depois de espoliados e extorquidos, são devolvidos à dura realidade da vida, obrigados a encarar a triste chegada da segunda-feira.

Dependurados nos trens suburbanos ou parados nas enormes filas pelas calçadas atrás de um emprego, eles sofrem tristes e deprimidos como os foliões do carnaval que voltam para seu destino na madrugada da quarta-feira de cinza. Sozinhos, enfrentam a dura realidade de que não são reis ou rainhas, mas apenas sub-empregados, obrigados a viverem com um salário mínimo miserável, num mundo que os exclui sem dó nem piedade...

Infelizmente chego à conclusão de que hoje, a própria definição do que seja a FÉ vem sofrendo enormes mudanças. Antigamente entendia-se fé como uma adesão a um conceito teológico ou mesmo como uma habilidade sensitiva de perceber o mundo espiritual. Pessoas de fé discerniam as ações de Deus e do mundo espiritual com maior acuidade e prudência. Eram pessoas que confiavam no caráter de Deus, mesmo sem evidências que comprovassem sua palavra. Tenho pessoas na minha família que revelam e muito essa experiência com Deus...

Hoje se entende FÉ como uma mera capacidade de instrumentalizar os poderes de Deus egoisticamente. Por isso vemos cristãos intrépidos e ao mesmo tempo, vorazes em defender sua religião, que fazem de tudo para demonstrar sua diferença estética em relação aos outros, mas com pouco conteúdo doutrinário e pouca demonstração de verdade e de transparência de caráter.

Nesse aspecto temos de concordar com Marx que "fé" e cocaína possuem enormes semelhanças. Simplesmente porque dão uma falsa sensação de poder e geram pessoas artificialmente soberbas. Mas eu não tenho dúvida de que tanto a ressaca da cocaína como a ressaca da fé pós-moderna será terrível, porque vem sempre acompanhada de depressão e desengano. Talvez seja por isso que os cultos de determinadas igrejas evangélicas brasileiras estão sempre cheios. Igrejas abarrotadas de gente que não se satisfez totalmente com o efeito amortizador de promessas falsas e inóspitas.

Por isso, creio que hoje precisamos mais do que nunca, na Igreja cristã deste novo milênio, resgatar o cerne do Cristianismo verdadeiro:

A MENSAGEM DE QUE DEUS NOS AMA E NOS QUER BEM, SEM ESPERAR NADA EM TROCA. APESAR DE TODA APARÊNCIA DE PERVERSIDADE QUE HÁ NO MUNDO E NO CORAÇÃO HUMANO, PRECISAMOS VOLTAR A AFIRMAR QUE DEUS AINDA ACREDITA EM NÓS, E VEM APOSTANDO TUDO PARA QUE DE FATO SEJAMOS PARTE DE SUA FAMÍLIA, A FIM DE QUE CONSTRUAMOS UMA VIDA MAIS BONITA E PLENA DE SENTIDO.

Assim, o tóxico religioso de hoje é sempre mais estimulante. E é nesta perspectiva que os novos mercadejadores da fé precisaram redefinir, inclusive, a imagem de Deus.

Porque para alguns pastores evangélicos de hoje, a divindade pós-moderna só existe para servir aos caprichos das pessoas. Os cultos se transformaram em centros de aperfeiçoamento e aprimoramento humano. As igrejas deixaram de ser espaços para se cultuar a pessoa de Deus, seu caráter e sua ação na história, para se tornarem centros de especialização sobre como ensinar as pessoas a manipularem a Deus.

As liturgias espiritualizam as técnicas mais populares de como "liberar o poder de Deus", "afastar encostos", "tomar posse dos direitos", "conquistar gigantes". As pessoas se aproximam de Deus cheias de direitos, vontades e desejos, acreditando que são o centro do universo e que tudo e todos lhes devem obrigações. Perde-se o estado de "maravilhamento", de reverência e de submissão ao Eterno.

O que podemos afirmar, avaliando alguns segmentos protestantes no atual mercado religioso deste início de milênio, é que o propósito de toda atividade religiosa se tornou homocêntrica e nunca teocêntrica. Deus está a serviço dos caprichos humanos, e o indivíduo não percebe a necessidade de colocar sua vida à disposição dos princípios do Criador, porque só Ele pode lhe garantir a possibilidade de construção de uma vida autêntica e verdadeira.

De certa forma, algumas igrejas evangélicas atualmente acabaram se transformando em balcões de serviços religiosos e a relação do ministro com o fiel acabou se tornando a mesma do empresário para com o cliente. Redobram-se os esforços de oferecer uma maior gama de atividades que agradem os fiéis, que a esta altura e sem perceberem, tornaram-se ferozes consumidores religiosos com um nível de exigência tremenda.

Meu amigo e minha amiga, se você chegou até aqui acompanhando meu raciocínio e minhas constatações a respeito da crítica à religiosidade cristã contemporânea, eu quero lhe apresentar alguns argumentos a respeito da ética cristã vivida por Jesus, pertinente a esta temática:

Fim de análise de um angustiado...

1- NA LÓGICA DE JESUS, ÉTICA E RELIGIÃO NUNCA PODEM SE CONTRAPOR!

Acredito que a genuína mensagem do evangelho não pode ser comparada ao ópio (como fez Marx) e nem à cocaína (como fazem os pregadores evangélicos da religiosidade pós-moderna). Afirmo isso, simplesmente porque Jesus Cristo não prometeu um celeste porvir que acabaria com todo sofrimento existente na terra e que anestesiaria as consciências das pessoas, aliviando sua lutas. NÃO!

"Eu vos falei estas coisas para que tenhas de fato, a paz em Mim. Porque no mundo tereis muitas aflições. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!"
( João 16, 33 )

Seus discípulos foram convocados a serem o sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-16), a fim de enfrentarem os reis poderosos e transformarem a realidade no aqui e agora da História. Antes que se levante o sol da justiça e que o Senhor volte trazendo salvação sob suas asas, Ele comissionou sua igreja a enfrentar as estruturas humanas que produzem a morte e declarar guerra ao próprio inferno (Mt 28, 16-20). Assim, não posso temer que o meu amanhã seja obscuro e tenebroso.

Do mesmo jeito que Jesus teve de enfrentar seus opositores para conquistar os louros da vitória, embora isso tenha lhe custado a vida, assim eu quero enfrentar os terremotos e avalanches que vierem sobre mim. Precisamos voltar a meditar na riqueza da presença de Jesus em nossas vidas, que como um amigo e companheiro de jornada, está orando ao pai continuamente por nós e pela nossa felicidade, sem com isso, anular a nossa liberdade e o nosso querer.

2- PARA JESUS, FÉ GENUÍNA E VERDADEIRA NÃO TEM NADA A VER COM FUGA DO SOFRIMENTO NA VIDA.

Em seu caminhar sobre a terra, tampouco Jesus prometeu que nos tornaríamos os donos do mundo, ricos e prósperos, e nunca mais padeceríamos das doenças e dos traumas humanos que afligem grande parte da população neste planeta. Fomos chamados a encarnar o mesmo sentimento e a mesma disposição que tinha o coração de Cristo, que sendo de forma divina não teve por usurpação ser igual a Deus, mas tomou a forma de servo, humilhando-se até a morte e morte de cruz, padecendo as mesmas dores e temores que todos nós padecemos todos os dias (Filipenses 2, 5-8), e sofrendo na pele as angústias que rondam a mente humana todos os dias.

Diferentemente de todas as outras religiões construídas na história da humanidade, o cristianismo se ancora na premissa de que Deus andou entre nós fazendo o bem, de que Deus teve os mesmos sentimentos e dores que cada um de nós sente no próprio coração, e que precisou por isso, como humano que era, passar pelos mesmos processos pedagógicos de aperfeiçoamento que cada um de nós passamos nesta vida:

"Embora sendo o filho de Deus, Jesus aprendeu a obediência pelo sofrimento, e levado à perfeição, tornou-se para todos os que lhe conhecem o princípio de salvação eterna". ( Hebreus 5, 8-9 )

3- PARA JESUS, A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA AUTÊNTICA É FORMAR O CARÁTER DAS PESSOAS PARA A RETIDÃO E PARA PRÁTICA A JUSTIÇA, E NÃO PARA ALIENAÇÃO RELIGIOSA.

"Buscai em primeiro ligar, o Reino e Deus e a sua JUSTIÇA, e tudo mais vos será acrescentado. Não vos perturbeis, portanto, com o dia de amanhã, pois a cada dia basta sua preocupação".
( Mateus 6, 33-34 )

Apoiado numa série de testemunhos de homens e mulheres que vem dando sua vida pela causa do Reino, hoje, estou convencido de que: O verdadeiro culto cristão não pode ser encarado como uma forma de aperfeiçoamento humano ou se transformar num centro de auto-ajuda onde os fiéis precisam aprender as técnicas sobre como obter o favor de Deus para se tornarem felizes e ricos de um dia para o outro.

PRECISAMOS SIM, APRENDER A CELEBRAR O SEU GRANDE AMOR DE PAI QUE NOS QUER BEM, APESAR DE NOSSA PRÓPRIA PEQUENEZ E REBELDIA.

Hoje, acredito que Marx estava certo quando denunciou o que acontecia com a igreja que se colocava a serviço das aristocracias do seu tempo. Aquela religião adoecida e morta realmente merecia a pecha de ópio do povo. Os líderes religiosos que comiam nas mesas dos poderosos e que desdenhavam da sorte dos miseráveis realmente buscavam entorpecer os mais pobres. Uma igreja que se contenta em simplesmente legitimar a opressão e a política corrupta de um sistema capitalista precisava sofrer a afronta deste economista e filósofo do pensamento moderno.
Já Maquiavel afirmava que :

"Quem come na mão do príncipe, não pode denunciá-lo".

Assim, o que se oferece de muitos púlpitos pós-modernos hoje, não é o Evangelho de Jesus Cristo, mas mera cocaína religiosa. E se algum outro filósofo ateu afirmar que aquela religião aristocrática que se espalhou no ocidente medieval e moderno combinava com o narcótico da moda, também seremos obrigados a concordar. E aqui nós os cristãos ocidentais temos de lamentar e chorar por conta de nossa fraca experiência religiosa. Experiência que se contenta hoje com um mínimo de ação e um mínimo de tempo investido na companhia e no conhecimento do Caráter de Deus. Talvez esse seja o segredo da vida cristã para este início de novo milênio.

Repito:

PRECISAMOS RE-VER A PESSOA DE DEUS COMO UM PARCEIRO, QUE NA LONGA JORNADA DA VIDA, QUER NOS AJUDAR A DESCOBRIRMOS OS RUMOS PARA DELINEARMOS UMA NOVA HISTÓRIA.

COMO UM AMIGO FIEL, ELE QUER NOS AJUDAR A DESVENDAR OS MISTÉRIOS ESCONDIDOS NO FUNDO DE NOSSO CORAÇÃO. COMO UM PARCEIRO CERTO E COMPANHEIRO DE LUTAS, ELE PODE NOS INSPIRAR ATRAVÉS DO EXEMPLO DE HUMANIDADE E DE SENSO ÉTICO DE SEU FILHO JESUS, A FIM DE QUE SEJAMOS HOMENS E MULHERES DE UMA VIDA AUTÊNTICA, BONITA E PLENAMENTE REALIZADA.

Dessa forma, a nossa religião não será talvez um ópio alienante para as consciências das pessoas, mas a possibilidade de uma experiência cada vez mais transformante e humanizadora para todos nós.

E que assim se cumpra em nossa vida!!!

Um desabafo.
Uma constatação.
Uma pesquisa.
Uma angústia.
Um grito de minh'alma.
Uma felicidade em escrever.
Um mundo a desvendar.

"O Melhor ainda está por vir..."

"Tu tens, Senhor Jesus, a última palavra. E nós apostamos em Ti".
Reanima nossa Esperança, confirma nossa Fé!"

* Frei Eduardo F. Melo concluiu o curso de Teologia pelo ITF em 2006

Extraído de http://www.franciscanos.org.br/itf/artigos/2009/007.php acesso em 31 ago. 2009.

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