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segunda-feira, 11 de maio de 2009

João de la Rochelle

João de la Rochelle (1200-1245), discípulo de Alexandre de Hales, passou a seu regente auxiliar por volta de 1235, sucedendo-o pelos anos de 1238 ou 1239. Faleceu relativamente jovem em 1245, no mesmo ano que seu mestre.

Deixou uma obra expressiva, Summa de anima (editada por Dominichele, Prato, 1882), e ainda De vitiis, De virtutibus, De praeceptis, De articulis fidei.

 

Prosseguiu, João de la Rochelle, como Alexandre de Hales, na tarefa de conciliação do iluminismo agostiniano e da abstração peculiar do aristotelismo.

Deus e os primeiros princípios são alcançados por uma iluminação, de que Deus seria o inteleto agente.

O inteleto agente é admitido para a abstração das formas dos corpos, e é individual em cada alma. O aristotelismo de João de la Rochelle é, pelo que se vê, muito mais adiantado que o do secular Guilherme d’Auvergne, seu contemporâneo (vd 76), e que fora um dos primeiros a condescender com o mestre do Liceu. 
  

Na descrição dos detalhes João de la Rochelle revelou adiantado espirito filosófico.

Descreveu a elaboração dos sensíveis comuns, como a grandeza, o movimento, o repouso, o número. Reúne o sentido comum os dados particulares dos sentidos externos, os conserva e com eles forma os sensíveis comuns.

abstração consiste numa apreciação (aestimatio) dos aspectos inteligíveis sem os sensíveis, que não é senão a ação do inteleto agente dos aristotélicos; a seguir procede-se a predicação à muitos, em que consiste a intelecção exercida pelo inteleto possível.

"A faculdade intelectiva apreende a forma corporal e a despoja do movimento, de todas as circunstâncias da matéria e da mesma singularidade, e a apreende em si mesma, nua, simples e universal.

Com efeito, se não for despojada assim pela consideração do inteleto, ela não poderia ser conhecida como uma forma comum predicável de todos os indivíduos. Deve-se, pois, distinguir estes degraus na ordem da abstração dos corpos: primeiramente, nos sentidos; em segundo, na imaginação; em terceiro na apreciação (aestimatio); em quarto, no inteleto" (citado por É. Gilson).

Abandonou ainda a teoria da matéria espiritual, que seu mestre Alexandre de Hales houvera ainda conservado do agostinianismo. Percebe-se também que estabelecia uma distinção, entre essência e existência, no que verificamos um aproveitamento de Avicena. 


  

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