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quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Ordem Franciscana Secular e seus Assistentes

Refletindo e provocando

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

1. Fala-se de uma assistência espiritual e pastoral a ser prestada pelos assistentes aos irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular. O termo adotado é assistente e não conselheiro, nem diretor, sem comissário. Há um respeito pelo caráter secular da OFS. O que não quer dizer que o assistente se coloque numa posição de inferioridade.

2. Dito isto parece fundamental que todas as Fraternidades tenham assistentes. Não se trata de uma figura decorativa, útil apenas para celebrar a missa, dar absolvição aos penitentes e dizer algumas palavras na reunião geral ou mensal. O franciscano assistente da I Ordem ou da TOR visa garantir a fidelidade da OFS ao carisma franciscano, a comunhão com a Igreja e a união com a Família franciscana.

3. A pedido das Fraternidades, os Provinciais são obrigados a nomear assistentes em nível de sua jurisdição. Documento da Conferência dos Ministros Gerais fala de pessoas idôneas para este serviço. Por isso, a nomeação e escolha será feita com discernimento. Frades exemplares e cheios de fervor franciscano serão os assistentes. O assistente acompanha um grupo durante um tempo. É membro do Conselho e tem palavra importante e indispensável a dizer.

4. Os que são nomeados não podem ser entregues à própria sorte. Precisam ser acompanhados em sua missão. Já no tempo da formação inicial, os Provinciais urgirão que os jovens frades conheçam e estimem a Ordem Franciscana Secular e coloquem como possibilidade de suas vidas se dedicarem a eles. Encontros regulares de acompanhamento dos assistentes deverão ser programados nos regionais da OFS. Pergunto: também com os assistentes de uma determinada Provincia?

5. Os assistentes serão capazes de acompanhar os franciscanos seculares na formação inicial e permanente. Mais do que isso: acompanharão as etapas da vida dos irmãos na busca da santidade, no desejo de serem pessoas engajadas na vida da Igreja, no crescimento em todos os sentidos. Toda sua atividade será feita em estreita comunhão com os leigos do Conselho.

6. Ouve-se dizer que a Igreja do século XXI será dos leigos. Até agora não vimos efetivamente a concretização do fato. Muitos frades não se sentem animados a serem assistentes da Fraternidades da OFS constituídas de pessoas envelhecidas, marcadas por um certo devocionalismo e, segundo alguns, pela preocupação de conservar o adquirido. Ora, parece fundamental que os frades estimem essa família de leigos, dotada de uma Regra atualizada, pautada nos documentos do Vaticano II. A presença competente de um assistente poderá ser ajuda no sentido de que leigos franciscanos, os que já professaram e os que poderão ainda ingressar nas fileiras da Ordem, venham a constituir um laicato maduro. Não se trata apenas de preparar os leigos para serem auxiliares da pastoral litúrgica ou responsáveis pela pastoral do batismo ou dos outros sacramentos. Os franciscanos seculares, auxiliados por entusiasmados assistentes, precisam ser iniciados no método do ver, julgar e agir.

7. Os frades assistentes saberão, eles que vivem, dia a dia, a fraternidade passar para os terceiros o gosto pela vida fraterna, pela oração em comum, pela partilha de vida. O Conselho saberá organizar reuniões cheias de vida, com a presença de todos, com a participação de todos.

8. Evidentemente que as fraternidades seculares deverão também colaborar. Não adianta chamar um assistente que será envolvido nas teias da mesmice e da repetição de ritos que não levam ao amanhã do mundo e de uma vida franciscana sem o frescor do Evangelho. Pode ser que, em certas circunstâncias, fraternidades seculares desmotivem seus assistentes.

9. Na apresentação do seu Relatório no Capítulo dos Frades Menores de 2009, o Ministro Geral José Rodriguez Carballo, referia-se ao fato de que os frades, no contexto atual, trabalharão em colaboração com os leigos. Transcrevemos algumas de suas recomendações:

• Falar mais com os leigos do que falar dos leigos.

• Formarmo-nos para uma colaboração na reciprocidade, segundo a qual os leigos não sejam meros clientes, mas verdadeiros protagonistas, que não sejam um carbono de nossa vida religiosa e que a partir de sua própria identidade assumam suas especificas responsabilidades.

• Formar os leigos no carisma franciscano se desejamos que eles entrem plenamente na missão eclesial de nossa Ordem e se desejamos que o nosso carisma continue tendo expressão na Igreja e no mundo.

• Estar aberto para reler nosso carisma, situando-o de uma maneira nova, nestes tempos delicados e difíceis, adaptando-o a formas que sejam necessárias aos novos tempos, às novas situações e às diversas urgências com plena docilidade às inspirações divinas e ao discernimento eclesial (Vita Consecrata 37). Uma estreita colaboração com os leigos nos levará sem dúvida alguma a uma nova compreensão de nossa identidade dom Irmãos Menores.

10. Algumas sugestões e solicitações:

• O Assistente precisa gostar dos leigos da Ordem Franciscana Secular. Não pensamos num gosto sentimental. Eles são nossos irmãos, irmãos leigos que o Senhor nos dá.

• O Assistente participará de todas as reuniões da Fraternidade do Conselho, na medida do possível ( e quase do impossível...).

• Sempre terá em mente que lhe cabe acompanhar um grupo. Insistimos no verbo acompanhar. O pastoral sempre comporta o acompanhamento e não visitas esporádicas.

• Procurará ele sempre estar perto dos que fazem a formação inicial. E dará seu parecer sincero e abalizado na hora da profissão. Nas reuniões formará leigos no carisma franciscano.

• Despertará nos seculares o gosto pela Eucaristia, se possível diária. Da mesma forma levará os irmãos a viverem a Liturgia das Horas no seu dia-a-dia.

• No intuito de formar um laicato maduro na Igreja procurará o Assistente exercitar os irmãos no método do ver-julgar-agir.

• Os Conselhos deverão ser despertos para o estudo e para a formação de lideranças leigas que abram caminhos novos para o franciscanismo.

• Junto com os leigos os frades assistentes precisam descobrir meios e modos para mostrar que o carisma franciscano é significativo para nossos tempos, apesar da diminuição do numero dos franciscanos e do envelhecimento de muitas fraternidades.

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

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