Primeiramente, passou simplesmente por eles. Mas, pouco a pouco, a má consciência apodera-se dele. Algum tempo vira a cara – para o lado oposto da rua ou, simplesmente, em frente, para não fitar nos olhos deles. A má consciência persegue-o. Não o deixa descansar, até que ele se atreve a dar uma olhada nele. E, neste mesmo momento, está tudo claro: o coração fala, a esquerda não sabe o que faz. Sempre que chega a casa, a sua bolsa está vazia; muitas vezes também deram o cinto, que seguravam os seus vestidos. Teve de esvaziar o que tinha para as mãos vazias.
Não ouve nem sequer toma conhecimento da razão, que lhe diz que assim não se ajuda ao mendigo. Só quer ouvir a voz do coração.
Perguntas:
- O que diz a você o mendigo na rua? Como você reagir? Quais as conseqüências para você?
- O que diz ao facto de haver cada vez mais mendigos? O que tem isso a ver com a sua vida espiritual?
- O que diz à provocação subseqüente?
“Ao sair da igreja, um homem velho propôs-me entrar para a irmandade do Santíssimo Sacramento aconselhando-me visitar o superior desta irmandade, a quem, zeloso de pôr em relevo a influência e a dignidade do homem, chama “chefe”.... “Ah sim, então que ele é chefe, o vosso superior” – digo-lhe. “Se é assim, então a história acabou para mim. Fála-me outra vez da sua irmandade naquele dia em que um mendigo estiver à frente da mesma.”
Léon Bloy, Der undankbare Bettler (O Mendigo Ingrato), Tagebuch (Diário) de 1892-95, Nürnberg 1949.
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 09 fev. 2009.
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