E pediu esmolas em francês. Pois tinha uma predileção por falar francês, embora não o soubesse falar bem. (Leg3C 10)
Exprimir-se noutra língua. Não utilizar sempre a linguagem do dia-a-dia, não usar sempre as mesmas palavras ocas, os vocábulos e termos vácuos, banais, insignificantes.
Falar uma vez como os anjos, pois só esta linguagem corresponde, ao fim e ao cabo, à deidade de Deus. Ser uma vez uma pessoa completamente diferente, ao contrário, não ser uma pessoa diferente, mas a pessoa que sou realmente! Mas os padrões habituais são demasiado ocos, os conceitos tradicionais tão insignificantes. Só palavras poéticas podem exprimir o que eu sou, ao fim e ao cabo, perante Deus. Só a linguagem do amor satisfaz aquilo que é importante em relação aos atos e à verdade.
Deverá ter sido aquilo que Francisco de Assis sentiu na sua ânsia juvenil. Nenhuma das maneiras com as quais se quis exprimir até então combinou com aquilo que sentiu no seu coração quando pediu esmolas. A extrema pobreza, a experiência de não poder viver por si, mas através do outro, do totalmente Outro, exigiu uma linguagem dos poetas e amantes.
E, na época de Francisco, esta linguagem foi a dos Menestreis, dos Trovadores – e a pátria deles foi a Provença, naquele país do qual o pai dele tirou o seu nome: Francisco – o francês.
Uma coincidência? Só a linguagem dos poetas e dos amantes é familiar para ele. É nesta linguagem que se quer salvar no futuro. Quer aprender cada vez mais desta linguagem. E há de chegar o dia em que será totalmente o santo seráfico, o santo ardente de amor.
Perguntas:
- Como me experimento a mim mesmo/a na linguagem do dia-a-dia?
- Como se me demonstra a necessidade duma linguagem nova?
- Quais as experiências das que quero contar?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 10 fev. 2009.
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