Cheio de alegria, Francisco montou-se no cavalo, pegou em tecidos das mais diversas cores e chegou à cidade que se chama Foligno. Aí vendeu o seu cavalo e tudo o que levava consigo e voltou à Igreja de São Damião.Aí encontrou aquele mísero sacerdote, beijou-lhe as mãos com grande fé e dedicação, ofereceu-lhe o dinheiro que levava consigo e contou os seus propósitos um por um. O sacerdote ficou surpreendido admirando-se duma conversão tão repentina e recusando-se a acreditá-lo. E como opinava que ele fazia troça dele não quis ficar com o dinheiro. Francisco insistiu e esforçou-se por o outro acreditar nas suas palavras; pediu ainda mais intensivamente que o sacerdote o deixasse viver com ele. Finalmente, o sacerdote concordou que ele ficasse na sua casa. O dinheiro, no entanto, não o aceitou por medo dos pais. Por isso, o desprezador do dinheiro atirou com ele num vão da janela desdenhando-o como pó. (Leg3C 16)
Primeiro houve a chamada do Crucificado o que desenvolve em Francisco uma imensa força e dinâmica.
Francisco tira do negócio do seu pai tecidos e faz dinheiro com elas no mercado de Foligno, também vende tudo o que leva consigo, mesmo aquilo que faz dele um homem grande: o cavalo. Agora quer privar-se de tudo: o seu próprio ser ligando-se para sempre à Igreja de São Damião e convertendo-se num oblato vivo. O fato de se querer ver livre do dinheiro é conseqüência lógica disto. Francisco já não quer compreender-se como proprietário e ávido, mas sim como pessoa que se entrega e derrama incondicionalmente. Isto é o decisivo, e deveríamos refletir todos os dias sobre este fato.
Neste contexto deve mencionar-se mais um termo, sobre o qual se deveria refletir também tão cuidadosamente: o “depreciador do dinheiro”. Francisco tinha, pois, a possibilidade de viver sem o seu dinheiro. Nós, no entanto, encontramo-nos inevitavelmente perante a necessidade, de utilizar dinheiro. Vivemos num ambiente dum “capitalismo” conseqüente: sem dinheiro não funciona nada.
Mas, devemos considerar que o dinheiro não tem um valor intrínseco. Só tem importância pelo valor que se lhe dá: tanto ouro, tantos dólares, tanto petróleo, o que corresponde ao valor material; tanta dedicação, tanto amor, tanta ajuda, justiça, o que corresponde ao valor espiritual ou ético. Em todo o caso: o dinheiro por si não tem significado nenhum. Devemos considerar este fato.
E se esta consideração é feita ainda dentro da identidade franciscana, considerando que nós, quando seguimos Francisco, somos oblatos, dados, então também para nós as conseqüências deveriam ser inevitáveis.
Perguntas
- Como se mostra em mim que sou um oblato, dado?
- O que me perturbe ou o que me agrada neste termo?
- Quais as minhas experiências com o dinheiro?
- O que digo ao termo “desprezador de dinheiro”?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.
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