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sexta-feira, 27 de março de 2009

Qual é o alento que dá impulso às nossas vidas?

Deu no CCFMC-Boletín Março de 2009:

Mensagem do quinto seminário franciscano internacional de solidariedade

Janeiro de 2009 – Belém do Pará, Amazônia Brasileira

Qual é o alento que dá impulso às nossas vidas?

Nós, participantes do quinto Seminário Internacional Franciscano de Solidariedade, vindos de quatro continentes e 15 países, reunimo-nos do dia 17 de Janeiro a 01 de Fevereiro em Belém do Pará, na Amazônia Brasileira, sede do nono Fórum Social Mundial. Informamos mutuamente sobre a realidade de cada um dos nossos países refletindo juntos sobre as nossas vidas como franciscanas e franciscanos. Partindo desta experiência, dirigimo-nos a vocês todos com as seguintes palavras.

Qual é o alento que dá impulso às nossas vidas frente aos gigantescos problemas que experimentamos no atual contexto global e local? Comprovamos que a articulação que possibilitou para nós este seminário é um instrumento decisivo e eficaz para não ficarmos isolados a paralisadas, mas para levantar-nos, para refletirmos como pessoas autodeterminadas e responsáveis e agirmos em prol de uma mudança profunda que nos é exigida pelo grito da terra e dos pobres.

O sistema capitalista na sua forma neo-liberal avança cada vez mais na direção duma crise estrutural profunda. Testemunhamos uma crise de civilização que se expressa nas crises econômico-financeira, ambiental, alimentar e energética ameaçando a sobrevivência da espécie humana.

Sentimo-nos fortalecidos pelos novos paradigmas que se experimentam no mundo, sobretudo na América Latina. São para nós sinais de esperança encorajando-nos a engajar-nos ao lado dos pobres, na defesa da vida em prol da paz e da justiça ambiental.

Na crise surgem também oportunidades:

· novos governos, apoiados pelo povo, são instaurados em vários países da América Latina;

· são construídos novos processos de integração econômica marcados por solidariedade e equidade;

· Os povos ancestrais indígenas e afro-descendentes organizam-se e, com a sua cosmovisão oferecem-nos alternativas civilizatórias e de compreensão do mundo quando nos lembram que nós não somos o centro do universo, mas parte dele;

· emerge com um maior elã o movimento global que nos conclama para outro mundo possível.

Essas chances confirmam a nossa certeza de que existem realmente alternativas sustentáveis e viáveis nas quais participam, muitas vezes, também franciscanas e franciscanos.

Revivemos a memória da convocação do Concílio Vaticano II, feita por João XXIII há 50 anos, com a sua idéia duma Igreja dos pobres. Celebramos esta memória no contexto dos 800 anos do movimento “francisclariano” que nos encoraja ao projeto duma vida solidária. Nós nos comprometemos a relançar, com maior força e convicção, este espírito de transformação e renovação.

Estamos profundamente convencidos de que hoje, mais do que nunca, o carisma “francisclariano” vivido duma maneira profética, é um dom essencial de Deus para o nosso tempo. Comprovamos que esta mística vem somando-se a outras forças de vida em muitos lugares do mundo, como um claro sinal de que algo novo está nascendo. Este sinal do tempo reclama que nos unamos de maneira mais forte, mais criativa, mais atual e mais perseverante, o que se traduz em expressões concretas de encontro e de ação comum determinadas pelas necessidades e desafios locais, regionais, nacionais e globais. Sem messianismo e reclamação de chefia queremos promover alianças como movimentos sociais, organizações, outras igrejas e religiões para colocar as nossas forças na construção do Reino de Deus que já está entre nós (Lc 11,20).

“Eis que vou fazer uma obra nova: ela está a começar agora, e vós não a vedes?” (Is 43,19)

“Que todos se levantem. Que ninguém fique atrás” (Popol Vuh, livro sagrado do povo Maya)

Paz e bem!


Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2009/2009_03_News.shtml acesso em 25 dez. 2009.

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