O seu pai andava por aí como um espião zeloso para saber o que tinha acontecido com o seu filho. Quando ouviu da sua transformação e da sua estada em São Damião sentiu uma dor no meio do seu coração. Perturbado pela virada súbita das coisas, convocou todos os seus amigos e vizinhos e correu rapidamente para ele. Mas, quando Francisco, que era novo como cavaleiro de Cristo, ouvia as ameaças dos perseguidores e notava a sua chegada, esquivou-se da ira do pai e foi para uma gruta escondida e preparada para este efeito. Ali ficou escondido durante um mês. Esta gruta só a conhecia uma pessoa da casa do seu pai. Aí comeu a comida que lhe foi dada de vez em quando. Rezou sempre às escondidas, banhado em lágrimas, que o Senhor o libertasse da perseguição dura e satisfizesse os seus desejos piedosos com a Sua afeição benévola. (Leg3 C, 16)
Desde que Abraão esteve disposto a sacrificar o seu filho (Gen 22) sempre existe, duma maneira ou outra, um conflito entre pais e filhos. Há sempre pais (e mães) que não podem compreender que os seus filhos queiram andar por caminhos próprios. Não percebem que ser-se pai (ou mãe) consista também em deixar andar o filho (ou a filha).
Assim vemo-los, também no caso de Francisco, perante um conflito semelhante. Pouco a pouco apercebe-se de que também ele é uma pessoa individual tendo uma tarefa única. Pressente cada vez mais que os caminhos do seu pai não são os caminhos dele. O pai, no entanto, não é capaz de conformar-se com esta situação. Cheio de ódio, Bernardone junta os seus homens para trazer o filho rebelde à força para casa. Em São Damião, o pai é representado com um cacete na mão. Francisco recua ante a ira do pai e esconde-se. Mesmo assim, tem ainda uma base na casa do pai. Há uma pessoa que sabe do seu paradeiro e que lhe leva comida de vez em quando. A ruptura ainda não é total. Vemo-los no meio dum processo de libertação. Ainda deve demorar algum tempo.
Francisco está consciente disso. Reza pela solução do conflito. Fá-lo numa gruta esperando pelo seu segundo nascimento.
Perguntas
- Como consegui eu o processo de libertação do pai e da mãe? Como vivo o conflito entre as gerações?
- O que me diz o conflito entre pai e filho, como ocorre entre Bernardone e Francisco?
- Quais são os reconhecimentos básicos?
- Como poderia ser resolvido o conflito duma outra maneira?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.
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