Um tribunal estatal não é competente para julgar o caminho da vocação de Francisco de Assis. É evidente. Desde sempre que existe a competência espiritual da “divergência dos espíritos”, como é o termo técnico. Não se trata de julgar os atos externos, mas os motivos, as vias tortuosas da alma com as suas emoções, os seus sentimentos e sonhos, o inconsciente e o subconsciente, como diríamos hoje. Para tal é preciso um especial carisma, diz Paulo e com ele toda a tradição espiritual.
Os cônsules não quiseram fazer mal a Francisco e disseram portanto ao pai: “Desde que se pôs ao serviço de Deus, deixou de pertencer à nossa jurisdição.” Quando o pai portanto viu que não alcançava nada junto dos cônsules, pôs a mesma queixa ao bispo da cidade. Este, no entanto, foi um homem inteligente e sábio, mandou vir Francisco como era correto,, para se apresentar perante ele e poder responder à queixa do pai. E Francisco respondeu ao mensageiro: “quero aparecer ante o Sr. Bispo, pois ele é pai e senhor das almas.” (Leg3C 19)
Não se trata, portanto, só de herança e posses, mas sim duma nova maneira de estar ligado com Deus e com os homens. Os cônsules reconhecem isto. E Francisco mesmo está contente com a perspectiva de ser julgado por um tribunal eclesiástico. O bispo é para ele “pai e senhor das almas”. Hoje não diríamos tal. Francisco refere assim a mencionada competência espiritual que é capaz de reconhecer o caminho de Francisco, de modo cuidadoso e compreensivo e dotado com uma qualidade verdadeira de liderança.
Perguntas
- Qual é a posição do estado e da Igreja frente ao indivíduo procurando o caminho correto?
- Em que medida é justificada a confiança de Francisco na instância da Igreja?
- Que outras instâncias existem para apreciar um caminho espiritual? Quais as tuas experiências neste sentido?
- Quais as tuas experiências que podes juntar a esta história?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.
Qual é a posição do estado e da Igreja frente ao indivíduo procurando o caminho correto?
ResponderExcluirInfelizmente a resposta à essa pergunta, por experiencia própria em relação à Igreja é que, a posição da Igreja às vezes deixa muito a desejar.
Sorte que eu sou alguém de bases fortes, pois senão teria abandonado tudo...
Paz e Bem!
Axé!
Abraço