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segunda-feira, 16 de março de 2009

O “ato da fundação” da Família Franciscana


Após a oração, o beato Francisco pegou no livro fechado e abriu-o, estando ajoelhado diante do altar. Quando o abriu pela primeira vez deu com o conselho do Senhor: “Se quiseres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu”! Quando o beato Francisco soube isso, alegrou-se muito e agradeceu a Deus. Mas, como era um verdadeiro venerador da Santíssima Trindade, quis experimentar uma confirmação tripla e abriu o livro uma segunda e uma terceira vez. Na segunda vez encontrou a palavra conhecida: “Não leveis nada no caminho...” Na terceira vez, no entanto, a palavra famosa: “Se alguém quer seguir-me renuncie si mesmo...” O beato Francisco agradeceu cada vez ao abrir o livro a Deus a confirmação do seu modo de viver e do seu desejo de há muito tempo, confirmação essa que lhe tinha sido dada pela terceira vez pela vontade de Deus. A seguir disse aos homens já mencionados, Bernardo e Pedro: “Irmãos, esta é a vida e a regra para nós e para todos que queiram unir-se à nossa comunidade. Portanto, ide e cumpri o que ouvistes.” Assim foi o Sr. Bernardo, que era muito rico, vendeu tudo o que possuía. E quando tinha a grande quantia de dinheiro junto distribuiu-o aos pobres da cidade. Também Pedro cumpriu a vontade de Deus conforme as suas capacidades. Após terem dado tudo, os dois tomaram o hábito do mesmo modo, que o próp rio santo, pouco tempo antes, tinha tomado, quando despiu as vestes de eremita. A partir daquela hora viviam juntos com ele segundo o Santo Evangelho como os Senhor lhes tinha ensinado. Por isso, o beato Francisco disse no seu testamento: “O Senhor mesmo desvendou-me que eu devia viver segundo a prescrição do Santo Evangelho.” (Leg3C)


Durante muitos anos, Francisco de Assis estava só na sua procura de Deus e de sentido. Mas, depois, a faísca caiu sobre outros. Vieram Bernardo de Quintavalle e Pedro Catanii, o primeiro um rico perito em direito, o outro um sacerdote rico. Ambos quiseram compartilhar a vida com Francisco.

Agora vivemos a hora do nascimento da Família Franciscana. Aconteceu numa igreja no encontro comum com a Palavra Divina. À primeira vista, trata-se duma espécie de bibliomancia por meio da Bíblia: abrir a Bíblia ao acaso e depois a frase que salta à vista. A Igreja proibiu este método de saber a vontade de Deus. Se os três irmãos o sabiam e se atuavam conscientemente contra esta proibição ou se simplesmente seguem a piedade popular, não fica claro. Fazem aquilo três vezes porque veneram a Santíssima Trindade, diz a fonte. Mas, possivelmente, esta já é uma interpretação posterior. Provavelmente, este abrir da Sagrada Escritura três vezes pertence ao ritual mágico da fé popular. Outras fontes dizem simplesmente que Francisco não era versado na Bíblia e não sabia exatamente onde se podiam encontrar certas diretrizes. De fato, Francisco só procura a confirmação do seu caminho andado até agora, que, a partir de agora, deve ser o caminho comum.

À segunda vista é demonstrado, no entanto, que Francisco não entende a descoberta da vontade Divina magicamente para a nova comunidade. O abrir da Bíblia está incluído na oração pessoal, na ânsia e na dedicação. As citações encontradas apontam todas para a pobreza radical e para a anunciação do Reino de Deus. Consequentemente, estes dois primeiros irmãos vendem tudo o que têm para seguir o caminho de Jesus.

Pois Jesus é o Próprio Deus que, na Sua encarnação “deixa para trás” a sua Deidade e se liberta para o nada do mundo para estar totalmente em baixo, em miséria e morte, e assim a esperança do mundo.

Perguntas
  1. O que diz você em relação à bibliomancia abrindo a Bíblia ao acaso, e a outras formas de saber a vontade de Deus? Quais formas pratica você?
  2. De que modo reconhece você a si mesmo/a no “ato da fundação” da Família Franciscana?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.

Ilustração: PORTINARI, C. São Francisco de Assis. 1943.

Nota do Brasil Franciscano:
Esta publicação encerra
a série de reflexões de Anton Rotzetter.

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