Frei Neylor J. ToninEsta decisão é fundamental em seu itinerário espiritual e é preciso refletir um pouco sobre ela. Ele resolveu "não desviar sua face de nenhum pobre". E acrescenta bem Celano: "Desde então!" Antes, ele o fazia. Era o seu pecado, assim como, "desde então" esta será a forma de resposta, a vida de santidade que ele quererá levar para ser fiel à graça de Deus. Deus o toca por dentro e Francisco passa a tocar os pobres, em resposta. Deus o cobre de graça e ele passa a ser graça para os desgraçados. Deus não o esquece e ele começa a se lembrar dos esquecidos. Este detalhe parece-nos de suma importância, primeiro, para seus seguidores que não podem ser franciscanos "desviando a face" de nenhum pobre, e, depois, para se entender o grau de fraternidade universal a que chegou, amando a todos os seres, o sol, o verme, a própria morte.
Esta fraternidade universal é fruto de um doloroso exercício ascético, carregado de fel, de feridas a serem limpas e de companhias que nem sempre são desejáveis. O amor a Deus e suas graças são testados na dura cruz que tem o rosto suplicante e macerado do irmão. Quanto mais servido este for, mais Deus é autenticamente amado. A misericórdia de Deus postula a misericórdia de seus filhos para com os crucificados de nossos caminhos humanos. Se eles não forem cobertos com a ternura de nossas mãos, as mãos de Deus não mais pousarão sobre nossas cabeças e nem sua consolação estará presente em nossos corações.
Frei Neylor J. Tonin
Esta série de artigos está sendo impressa no "Boletim do Pró-Vocações"
Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/vidacrista/artigos/pvf_parte3.php acesso em 15 fev. 2009.
Ilustração: Baburen, Dirck van. São Francisco. ca. 1618.
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