O inimigo da humanidade fez todos os esforços por o deter das boas ações começadas, metendo-lhe medo e pânico. Vivia, em Assis, uma mulher muito feia com uma corcunda. O diabo lembrou ao homem de Deus esta mulher, ameaçando-o em aplicar-lhe a fealdade daquela mulher se não abdicasse do propósito que tinha tomado. Mas o muito bravo cavaleiro de Cristo deu pouca importância às ameaças do diabo e rezou com dedicação na gruta que Deus lhe indicasse o seu caminho. Mesmo assim, sofreu o maior vexame e grandes temores da alma e não foi capaz de encontrar sossego, até concluir, na obra, o que, no espírito, já tinha imaginado. Muitas idéias, cuja moléstia o perturbava duma maneira mais ameaçadora seguiram numa variada seqüência. (Leg3C 12)
Do inimigo da humanidade, do diabo, não nos atrevemos hoje falar tão depressa. Não queremos dar as culpas de antemão a um ser superior das coisas que são da nossa responsabilidade. Impedimo-nos demasiado a nós mesmos.
O mesmo é válido para Francisco de Assis. Embora tenha dado enormes passos: venceu-se, deixou-se tocar pela necessidade, abraçou o leproso e está decidido a praticar uma solidariedade conseqüente. Mas: está ainda caracterizado pelos ideais da infância; as idéias da sua juventude e do seu ambiente estão demasiadamente cunhadas na estrutura da sua alma.
A estes ideais pertence também a idéia dos antigos gregos do homem que tem de unir ações éticas com a forma estética: uma boa pessoa tem de ser também uma pessoa bela: com bom porte como a Vênus de Milo ou o Mensageiro divino Hermes. Assim, Francisco lembra-se de repente da mulher deforme a qual – porque é feia – deve ser também uma mulher má. Não, assim não quer ser. Antes bom e bonito.
Francisco tem de aprender que este ideal grego, finalmente, não é cristão. Feio é o Crucificado e, desde a perspectiva do mundo, um homem fracassado. Durante o encontro com o leproso, ele já tinha percebido isso. Mas os mundos interiores não podem ser persuadidos tão depressa. O que valia até agora, fica – como poluição interna.
Ser-se uma boa pessoa é uma coisa, ser-se uma pessoa bela, é outra. Ambas as coisas não precisam reunir-se forçosamente.
Perguntas:
- Quais as experiências da minha vida que se possam comparar com as fantasias interiores de Francisco de Assis?
- O que digo em relação ao termo “poluição interna”?
- De que forma trato a resistência interna contra as minhas decisões?
Extraído de:
Carisma 2008/2009 : intercâmbio de idéias e impulsos / Anton Rotzetter. Disponível em http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/bibliothek/charisma/2007_Charisma_Impulse.shtml?navid=104 acesso em 11 fev. 2009.
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