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terça-feira, 17 de março de 2009

Oração como diálogo em São Francisco

Psicologia & Religião
Oração como diálogo em São Francisco

Frei Hipólito Martendal 1. Já ouvi muitas vezes falar em Oração como Encontro. Anselm Grün tem um livro como este título nas Vozes que recomendo sempre. Mas receber de nossa Ministra Regional da Ordem Franciscana Secular um pedido para escrever sobre Oração como Diálogo me encantou.
Realmente, qualquer oração razoável deveria ser fruto de um autêntico encontro entre o orante e Deus. Acontece que encontro para ser algo decente precisa ser livre e conscientemente desejado pelas duas partes. Melhor é quando foi previamente combinado pelos dois. Oração com hora marcada pode ser preparada: procure local apropriado; interrompa toda atividade; elimine tudo que puder interromper ou distrair (sem telefones, tevê, som, jornais, revistas); ponha-se em clima de oração, invoque o Divino Espírito.
2. PESSOAS FALAM E SÃO OUVIDAS no encontro. O modelo mais simples e feliz da Oração como Encontro é assim descrito. Depois dos preâmbulos acima enumerados, como Deus é a outra Pessoa infinitamente mais importante, preciso dispor-me a ouvi-lo. Por isso leio, ou ouço a palavra Divina. A seguir medito sobre ela. Só depois rezo. De preferência faço orações espontâneas que texto e meditação me inspiram. É, claro que em muitas meditações minha realidade pessoal, aspectos de minha vida, vivências, sentimentos, afetos, emoções positivas ou negativas afloram à consciência. Coloque tudo diante de Deus. Ele é seu confidente único, incomparável. Tudo é natural para sua oração. Até nossos pecados são ótimos motivos de oração.
3. É ORAÇÃO-DIÁLOGO? Ou seria DIÁLOGO-ORAÇÃO? Em primeiro lugar preciso dizer que Diálogo tem tudo a ver com ENCONTRO de qualidade. Os melhores encontros entre duas pessoas são os de amor. E duas pessoas não conseguem amar-se de verdade sem dialogar. Por quê?
Vamos ver quais são as coisas mais imprescindíveis para quem deseja o dialogar. Em primeiro lugar é necessário saber que o Diálogo tem um único objetivo fundamental: compreender a outra e por ela ser compreendido. Sem compreender, o amor não se aprofunda e não se fortalece. A compreensão é o oxigênio do amor.
Em segundo lugar o Diálogo depende da capacidade de cada um saber fazer silêncio no seu interior e ouvir com atenção total o outro. Este silêncio interior é facilitado pelo desapego, desapego também de si próprio, de suas coisas, cortadas e desejos pessoais. Isso faz parte da pobreza e do ser menor de São Francisco.
4. FRANCISCO É MESTRE COMPLETO NA ORAÇÃO-DIÁLOGO. Como ninguém ele sabia procurar e ouvir a voz de Deus. Em alguns de seus escritos as citações e referências a textos da Bíblia são tão abundantes que chegam a ocupar metade do espaço. Acreditava de toda a alma que Deus falava diretamente com ele através de sonhos-visões, leituras e explicações do Evangelho. Foi assim que durante o tempo de sua conversão, tendo na missa ouvido a narração dos discípulos enviados a pregar, Francisco procurou depois o padre e quis saber mais. Diante do exemplo da total pobreza e precariedade dos enviados exclamou extasiado: “ É isso que eu quero, é isso que procuro, é isso que eu desejo de todo o coração”. Este pode ser considerado o momento do nascimento da Ordem de São Francisco.
Suas orações são o fruto imediato de longas meditações, contemplações arrebatadoras e êxtases. Esquecido de si, Francisco estava totalmente encantado e arrebatado pelo Deus-Paixão. “ Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo...”.
Ilustração: Francisco abraçando Cristo na cruz / Murillo. ca. 1668.
Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/vidacrista/artigos/oracao_201006.php acesso em 15 fev. 2009.

2 comentários:

  1. Paz e bem!

    Alzira:

    Nem Jesus
    gostou da cruz.
    Tanto que,
    no Monte das Oliveiras,
    pediu:
    "Pai,
    afasta de mim
    este cálice."

    Mas sem cruz,
    não haveria a morte;
    sem a morte
    não haveria a ressurreição.

    Nossa cultura,
    como todas as culturas,
    tem medo da morte;
    mas mais do que medo,
    nossa cultura nega a morte,
    escondendo-a de todos
    e de si mesma.

    Um de nossos papéis
    como admiradores
    de São Francisco
    é contrariar
    esta tendência de negação;
    não para adorar a morte,
    mas afirmando-a
    como fato da vida,
    assim como é fato da vida
    o amor, a tristeza, a alegria etc.

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